Desativação das unidades do projeto Farmácia Popular preocupa usuários de Volta Redonda

by Diário do Vale

Volta Redonda – O Ministério da Saúde anunciou no dia 10 de abril uma alteração profunda no sistema de funcionamento do Programa Farmácia Popular do Brasil. A começar pela desativação, a partir de maio, das 393 unidades do Programa Farmácia Popular do Brasil. Esse é o ponto que mais preocupa os usuários do programa federal, mas segundo o ministério as mudanças serão para melhor. Até lá, então, o cidadão ainda aguardará para saber o que realmente irá acontecer.

De acordo com informações do próprio ministério, agora os produtos que pertencem ao programa serão distribuídos unicamente pela rede de farmácias particulares conveniadas. As unidades que até então eram bancadas pelo governo é que serão fechadas.

O funcionário público Alexandre Silva, que depende da Farmácia Popular para adquirir medicamentos para inflamação de coluna e para o estômago, considerou um retrocesso o fechamento das unidades federais.

– Esta notícia é pior do que a notícia sobre o encerramento do restaurante popular. No caso das pessoas que dependem de medicamentos para dormir, por exemplo, elas ficarão desesperadas, pois não terão condições de arcar com os custos e vão depender unicamente do SUS (Sistema Único de Saúde). Muitos pacientes que dependem desses medicamentos não vão ter onde recorrer agora – lamenta.

O aposentado por invalidez, Luiz Carlos de Freitas também lamentou a notícia sobre o encerramento em maio da farmácia popular.

– No meu caso, eu dependo da farmácia para adquirir remédios para diabetes e pressão alta, já a minha esposa utiliza medicamentos para tratar a depressão. Na falta de alguma medicação, algumas vezes eu utilizo as farmácias conveniadas ou o próprio SUS. Penso que este tipo de serviço da farmácia popular não deveria fechar nunca. Eu ainda tenho condições de comprar numa farmácia comum e no caso das pessoas mais pobres, como irão fazer? – questiona Luiz Carlos.

A notícia pegou de surpresa a dona de casa Hercileni Maria da Silva, moradora do Santo Agostinho e que sempre utiliza a farmácia popular para adquirir medicamentos para rinite, sinusite e bronquiolite e até resfriado.

– Ainda não tinha informações sobre o encerramento em maio desta farmácia, e lamento muito que isso venha a acontecer. Acredito que o fechamento da farmácia popular vai prejudicar muito as pessoas de baixa renda que dependem desse serviço. Às vezes chego a utilizar as farmácias conveniadas, mas prefiro a farmácia popular – comenta.

Versão do governo

O Ministério da Saúde garantiu que a readequação do projeto irá, na verdade, ampliar em R$ 100 milhões os recursos destinados para estados e municípios na compra dos medicamentos do Componente Básico da Assistência Farmacêutica. Estes fármacos, segundo nota do governo federal, são destinados às doenças mais prevalentes e prioritárias da Atenção Básica do Sistema Único de Saúde (SUS) e são adquiridos com contrapartida financeira estadual e municipal. Com o incremento de recursos, o valor enviado mensalmente para a compra passará de R$ 5,10 por habitante para R$ 5,58.

Os recursos para tal acréscimo virá após definição da Comissão Intergestores Tripartite (CIT), que reúne representantes de estados, municípios e governo federal, sobre o fim do financiamento do Ministério da Saúde para as 393 unidades próprias do programa Farmácia Popular a partir da competência de maio de 2017.

“O custo administrativo para a manutenção das farmácias da rede própria chegava a 80% do orçamento do programa, que é de quase R$ 100 milhões por ano, e apenas cerca de R$ 18 milhões, de fato, estavam sendo utilizados na compra e distribuição de medicamentos. E este valor também será enviado para as prefeituras dos municípios nos quais as farmácias funcionavam”, diz a nota.

O governo federal, no entanto, avisa: “Os estados e municípios possuem autonomia para dar continuidade às farmácias, provendo o financiamento completo ou com parte dos valores transferidos, caso julguem adequado. O importante é que a população não ficará desassistida, uma vez que os pacientes continuarão a receber os medicamentos necessários pela atenção básica dos municípios”.

Outra versão

Segundo o Ministério Público Federal, o fechamento das unidades próprias do “Farmácia Popular” produzirá alguns efeitos danosos aos usuários. O primeiro deles é que, na prática, serão 100 medicamentos a menos. “Nas unidades que estão sendo desativadas, o Programa Farmácia Popular oferece 125 medicamentos diferentes. Já na rede conveniada, que envolve 34,5 mil farmácias, são disponibilizados apenas 25 produtos. Desses, 14 são gratuitos e o restante é vendido com descontos que podem chegar a 90%”, diz texto emitido pelo MPF.

Só de pessoas cadastradas no projeto são atendidos em média de 20 a 30 clientes por dia (foto: Julio Amaral)

Só de pessoas cadastradas no projeto são atendidos em média de 20 a 30 clientes por dia (foto: Julio Amaral)

Procura é grande na unidade federal e nas particulares

Na opinião do gerente adjunto de uma farmácia conveniada em Volta Redonda, Deivison Fonseca, só de pessoas cadastradas no projeto são atendidos em média de 20 a 30 clientes por dia.

– Apesar do nosso número de medicamentos do programa Farmácia Popular ser bem restrito, acredito que teremos uma demanda maior de atendimento nos medicamentos mais procurados, como o Losartana para pressão e o Glifage XR de 500 mg para glicemia. Além dos medicamentos para asma, que também saem muito, e com certeza sairão mais caso se confirme o fechamento das unidades da Farmácia Popular. Os anticoncepcionais, mesmo sendo pagos, ainda são vantajosos para os clientes da Farmácia Popular, pois saem com até 80% de desconto – opina.

De acordo com uma funcionária da Farmácia Popular do Brasil em Volta Redonda, localizada no Bairro Nossa Senhora das Graças, os pedidos de novos medicamentos estão suspensos, mas os atendimentos estão sendo realizados normalmente.

– Por enquanto ainda não tivemos nenhuma confirmação oficial sobre o encerramento desta unidade do programa Farmácia Popular do Brasil. O que sei são informações vindas pela mídia. Mas caso se confirme realmente este encerramento, quem vai sofrer é a população. Hoje o programa oferece o acesso a uma lista de 125 medicamentos classificados como essenciais. Ou seja, medicamentos que satisfazem as necessidades de saúde prioritárias da população, além de preservativo masculino. No nosso caso, alguns medicamentos estão em falta devido a problemas na central de distribuição, mas apesar disso estamos em falta com apenas cinco medicamentos – explicou.

Segundo ela, dos 125 itens que o programa Farmácia Popular disponibiliza, cerca de 18 medicamentos são gratuitos.

– A grande vantagem deste programa é que possibilita descontos aos pacientes a preço de custo, por isso que fica vantajoso para os usuários de baixa renda, um frasco de dipirona, por exemplo, sai a R$ 0,70, como também uma cartela de Loratadina, antialérgico e com 12 comprimidos sai por R$ 0,70. Atualmente atendemos por mês algo em torno de mil pessoas, incluindo muita gente idosa que depende desse serviço e que será com certeza o público mais prejudicado nesta história. E com o encerramento deste programa será 100 medicamentos a menos disponibilizados a população – lamenta.

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6 comments

Trabalhador 2 de maio de 2017, 05:14h - 05:14

O povo é culpado de colocar esses governo ladrão nas próximas eleições vamos dar um basta nisso.

Ancião 1 de maio de 2017, 19:03h - 19:03

Governo Temer é ruim , Dilma e Lula também…
Estamos a espera do fim do mandato para novas eleições…

zé fuleragem 2 de maio de 2017, 08:58h - 08:58

E que não vai mudar nada pois as peças no tabuleiro são as mesmas e não se esqueça quem manda neste pais , chama-se rede BOBO, FIESP, FENABAM, CNI e outras entidades se o próximo mandatário estiver afinado com eles vai até o fim, caso contrario arrumam uma maneira de tira-lo por menor que seja o motivo. Veja o exemplo atual uma saiu por pedaladas e o outro com vários processos na justiça continua e ainda é idolatrado por todas essas entidades acima citado.

ex operário 1 de maio de 2017, 18:37h - 18:37

Muitos destes que agora vão ficar sem remédios saíram as ruas, pra defender o golpe. Agora vão morrer por falta de medicamentos, sinto muito mais bem feito vê se da próxima vez pense antes de fazer merda.

agafjgjjkWantuil fortes Silvério 1 de maio de 2017, 15:34h - 15:34

Prá mim ! Teria que fazer greve geral todos meses , Até tirar esse golpista fora.Ele é um controle empresarial .

Macunaíma 1 de maio de 2017, 14:51h - 14:51

Aí, coxinhas das antigas e tias loucas paneleiras: estão curtindo o ‘governo’ Temer, né não?

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