Prefeitura interdita empresa de Barra Mansa que guardava pedaços de corpos

by Diário do Vale

 

Barra Mansa –  A prefeitura interditou na manhã desta segunda-feira (19) o acesso à empresa OPX Ambiental, na Vila Ursulino, que tinha licenciamento para esterilização de resíduos hospitalaes, mas mantinha em 15 tonéis pedaços de corpos, como crânios, braços, costela e tecidos humanos.   Os técnicos determinaram à direção da empresa que inicie, imediatamente, a limpeza do local, retirando materiais e resíduos hospitalares que possam estar no local irregularmente.  A OPX também teve a licença ambiental cassada.

Uma operação feita na semana passada pelo Inea e prefeitura, com apoio da Polícia Civil, encontrou dezenas de crânios e até braços e outras partes de corpos em tonéis. Algumas partes com traços mais antigos ou até muito mais recentes. Alguns dos crânios ainda tinham massa encefálica e olhos com córnea e pupila. Os membros de corpos foram encaminhados para o Instituto Médico Legal (IML) de Três Poços, em Volta Redonda.

A operação

A operação que culminou com a interdição da empresa foi feita por agentes da Fiscalização de Posturas e da Secretaria de Meio Ambiente, com apoio da Guarda Municipal e da Polícia Militar. Na operação, também foi emitida a suspensão da licença ambiental da empresa, que restringia a atividade ao armazenamento e tratamento de lixo hospitalar pelo sistema de autoclave (equipamento que desinfecta os resíduos através de vapor saturado em altas pressões e vácuo, tornando-os inertes).

Técnicos da prefeitura, com apoio da PM e Guarda Municipal, interditam empresa em Barra Mansa foto: Paulo Dimas)

Técnicos da prefeitura, com apoio da PM e Guarda Municipal, interditam empresa em Barra Mansa foto: Paulo Dimas)

O secretário de Meio Ambiente, Carlos Roberto de Carvalho, o Beleza, explicou que a interdição da empresa ocorreu por conta do cancelamento da certidão de zoneamento, já que não foi apresentado nenhum recurso por parte da empresa no prazo de dez dias. O secretário de Fazenda, Everton Rezende, disse que caso a empresa não apresente as condicionantes exigidas, poderá ter seu alvará de funcionamento cassado. O Inea informou que continua acompanhando as ações que estão sendo realizadas pela prefeitura.

O DIÁRIO DO VALE entrou em contato com uma funcionária da empresa, que informou que iria enviar uma nota para a Redação, mas nada foi encaminhado até o momento.  A advogada da OPX disse ao jornal “A Voz da Cidade”, durante a operação feita nesta manhã,  que a empresa está dentro da lei, respeita o trabalho das autoridades e iria recorrer da decisão. Disse ainda que a OPX tem todas as licenças e alvarás.

OPX tinha contêiner para órgãos humanos, segundo mostra dossiê

Entre as fotos que um grupo de moradores da OPX Ambiental fez para compor um dossiê a ser encaminhado ao Ministério Público, uma indica que a empresa poderia estar armazenando ou ter armazenado, além de pedaços de corpos, chamados peças anatômicas em linguagem técnica, resíduos ainda mais perigosos: os de classe A5, que, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), compreendem “órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e demais materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação com príons”. Prions são agentes infecciosos compostos por proteínas e que não possuem ácidos nucleicos (DNA e/ou RNA) ao contrário dos demais agentes infecciosos conhecidos (vírus, bactérias, fungos e parasitas).

A assessoria de Imprensa da Prefeitura de Barra Mansa informou que esse contêiner estava vazio no momento da fiscalização, realizada na sexta-feira (16).

O material da classe A5, de acordo com a Fiocruz, é ainda mais perigoso do que os resíduos classe A3 encontrados durante a fiscalização. Uma das fotos que estão no dossiê enviado ao Ministério Público mostra um contêiner refrigerado para resíduos das classes A2, A3 e A5. Os resíduos A2 são partes de corpos, mas de animais, enquanto os A3, encontrados durante a fiscalização, são partes de seres humanos, mas não órgãos ou fluidos orgânicos.

De acordo com as normas da Fiocruz ser acondicionados em saco vermelho, que devem ser substituídos após cada procedimento e identificados conforme descrito no mesmo documento. Devem ser utilizados dois sacos como barreira de proteção, com preenchimento somente até dois terços de sua capacidade, sendo proibido o seu esvaziamento ou reaproveitamento.

Além da foto desse contêiner, os vizinhos da empresa denunciaram também que a empresa transportava resíduos hospitalares em caminhão não identificado para o aterro sanitário do município de Barra Mansa operado pela empresa Haztec.

A Haztec informou que a empresa encaminhava resíduos de serviços de saúde, após o tratamento de autoclave realizado por eles, como luvas, aventais, bolsas usadas de soro e sangue, agulhas e outros materiais perfurocortantes. Informaram ainda que toda carga desse tipo de resíduo que chega à unidade é analisada previamente para verificar se trata-se exatamente dos mesmos itens descritos no relatório de tratamento do resíduo e que a avaliação se dá em dois momentos: na chegada do caminhão e durante a descarga e que nenhum momento houve irregularidade nas cargas enviadas por eles à CTR.

: Contêiner com classificação de materiais estava vazio no momento da fiscalização (foto: Reprodução de dossiê)

: Contêiner com classificação de materiais estava vazio no momento da fiscalização (foto: Reprodução de dossiê)

 

 

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8 comments

Verdade 20 de março de 2018, 08:49h - 08:49

Empresa bem mórbida com um gosto bem particular, será que a empresa é administrada por um gótico???

Azambuja 20 de março de 2018, 02:12h - 02:12

Todo tipo de dejeto tem um local específico a ser descartado. Pelo visto eles tinham até o local apropriado, mas devido redução de custo operacional preferiram manter fora de refrigeração. A conclusão é que a falta de ética levou a todo esse desartre. Perderam-se vários empregos nessa imprudencia. Santa perda. Muito dinheiro para de circular.

Smilodon Tacinus - O Emir Cicutiano 20 de março de 2018, 07:41h - 07:41

Tipo derrubar a árvore para acabar com as lagartas. Foi assim com a Petrobrás, Friboi e outras. Coisas que acontecem no Brasil e são inadmissíveis no mundo desenvolvido…

Muitas dessas grandes multinacionais que conhecemos hoje atravessaram os tempos financiando guerras internas e no exterior, utilizando mão de obra escrava, infringindo convenções internacionais, envolvidas em escândalos políticos, mas estão aí firmes e fortes, porque os gestores são afastados, mas as empresas, enquanto entes fomentadores de riqueza, sempre foram tratadas como de interesse estratégico e grande relevância para a economia e sociedade nacionais…

Skip 19 de março de 2018, 23:30h - 23:30

Cara tô achando q esses ossos foram usado pelos macumbeiros, e descartados em sacos comumente… e foram parar ai.
Isso ñ são ossos usados em universidade!!! Ossos usados em feitiços….
Tá bem óbvio!!

FORA PICARETAS 19 de março de 2018, 21:28h - 21:28

TEM UMA EMPRESA IGUAL A ESSA NA CALIFORNIA, TAMBEM EM BAIRRO RESIDENCIAL, PELO VISTO BARRA DO PIRAI ESTÁ NO MESMO CAMINHO, AREB O OLHO MPF E INEA

Caracol 19 de março de 2018, 21:19h - 21:19

Q história macabra . Se é uma empresa de rejeitos e expurgos hospitalares deveria ter autorização para manter pecas e corpos humanas. Mas pelo visto era uma empresa com atividade irregular… a polícia e o MP precisam investigar com seriedade …é o fim do mundo. Será q se nao fosse a mídia ter jogasse no ventilador os órgãos competentes teriam interditado? Sinistro e macabro.

Guilherme Alves 19 de março de 2018, 16:01h - 16:01

Como assim? Pedaços de corpos e uma empresa ainda em funcionamento.

fernando 19 de março de 2018, 13:27h - 13:27

Gostaria saber quem são os proprietarios, será que tambem são politicos????? Só interditou porque caiu na boca da imprensa ou estaria tudo dentro dos conformes.

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