Paratleta de Piraí sonha com Rio 2016

by Diário do Vale
Canoagem: Guilherme Conceição Cruz busca apoio para poder se preparar melhor para as competições (Foto: Divulgação)

Canoagem: Guilherme Conceição Cruz busca apoio para poder se preparar melhor para as competições (Foto: Divulgação)

Piraí – Dedicação e esperança. Duas palavras que podem definir o jovem paratleta de canoagem Guilherme Conceição Cruz, de 17 anos, morador do bairro Varjão, em Piraí. Após perder uma perna em um acidente de moto, Guilherme transformou o que poderia ser uma história triste em exemplo de superação e agora sonha em participar dos Jogos Paralimpícos do Rio, em 2016.
Guilherme contou que estava na garupa de um moto quando sofreu o acidente em agosto de 2012. Na época, com 15 anos, ele teve fratura exposta e foi levado para um hospital onde tudo começou a mudar em sua vida.
– O acidente foi no dia 4 de agosto de 2012. Na hora, a gente já imaginava que tinha sido sério e que eu poderia perder a perna. Eu estava acompanhado pela minha mãe, pelo médico, eles nunca me esconderam nada. Na verdade, eu já sabia. Quando eu parei de sentir dor, eu já perguntei: “Doutor, vai ter que cortar a minha perna, não vai?” Aí ele desconversou e eu falei: “Vamos acabar logo com isso, com esse sofrimento” – detalhou.
Questionado sobre como ficou seu lado psicológico, Guilherme disse que não se abalou, apesar da mudança física e comportamental que o acidente trouxe à sua vida.
– Eu jogava bola, fazia karatê, e antes do acidente eu pensava em até fazer Medicina. Mas a vida é muito curta para a gente parar e ficar se lamentando. O pessoal da minha família tinha medo que eu pudesse ficar depressivo mas nunca me senti assim. Obstáculos surgem e precisamos simplesmente ultrapassá-los – afirmou.
E foi justamente com esse pensamento que o jovem foi para o Rio de Janeiro, na Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR). No local, surgiu a oportunidade de conhecer um esporte com o qual nunca havia tido contato.
– Quatro meses depois do acidente, eu fui para a ABBR onde fazia minha reabilitação, inclusive com o uso de prótese. Foi lá que fui convidado para treinar canoagem, através do projeto “Superar”, na Lagoa de Marapendi, na Barra da Tijuca. O treinador estava à procura de alguém para participar da equipe e se interessaram pelo meu tipo físico. Acabei sendo chamado e aceitei – comentou Guilherme.
No início, as dificuldades apareceram mas nada que pudesse desmotivar o determinado jovem. Em seis meses de treino, ele já é destaque, conquistando inclusive medalha em competição estadual.
– Eu não sabia nem pegar no remo, mas logo disseram que eu tinha jeito. Aí comecei no caiaque, depois passei para a canoa havaiana, que é composta por seis atletas. E foi nesta categoria que no último final de semana conquistei medalha de bronze no Campeonato Estadual. Agora, em novembro, tenho o Campeonato Sul-Americano, que será realizado em Curitiba (PR), e depois o meu maior sonho que é conseguir vaga para as Paralimpiadas do Rio e também participar do Mundial na Alemanha, que também será o ano que vem – falou o paratleta.

Maratona de treinos e a busca por apoio

Mas para poder conseguir se manter em um nível competitivo, Guilherme enfrenta uma verdadeira maratona das terças às sextas-feiras. Morando em Piraí, o jovem precisa sair de casa às 4h30 da manhã, pegar um ônibus e chegar em Volta Redonda, às 6h; depois tomar outra condução para o Rio, em direção à Barra da Tijuca, onde treina.
– O treino começa às 7h e normalmente são três ou três horas e meia de treinamento, mas eu só consigo chegar às 9h. Acabo perdendo um pouco, mas não tem jeito. Depois disso, eu volto para casa. Chego aqui normalmente às 16h, 16h30, e vou para escola às 18h15, onde estudo até às 22h. Infelizmente por causa disso, acabo não conseguindo treinar adequadamente e também o corpo acaba cansando. Têm vezes que não dá vontade nem de ir, mas é meu sonho e eu tenho que seguir – declarou.
Atualmente, mesmo tendo direito à gratuidade no uso do transporte coletivo, Guilherme disse que conta com o apoio da Viação Cidade do Aço para conseguir viajar entre Piraí e Rio, mas que o benefício termina em dezembro.
– Eu tenho um passe que precisa ser renovado, mas que em dezembro vai acabar. Apesar de eu ter direito do transporte interestadual, por ser deficiente, demora muito eu ter acesso ao benefício, cerca de nove meses, então não sei como vai ser depois dessa data. Além disso, eu queria uma ajuda para fazer musculação, algum apoio de uma academia, talvez, porque como eu não tenho muito tempo, acaba que eu não consigo fazer um trabalho específico para o corpo – disse Guilherme, que revelou que no Projeto Superar conta com acompanhamento psicológico, nutricional e de profissionais de educação física.
Quem tiver interesse em ajudar o paratleta pode entrar em contato através dos telefones: (24) 2431-4045 ou 9-92217201.

Por Arlindo Novais
[email protected]

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5 comments

Karina 29 de outubro de 2015, 14:48h - 14:48

Parabéns!!!!!!!!!!!!!!!!

Karina 29 de outubro de 2015, 14:48h - 14:48

Parabéns!!!!!!!!!!!!!!!!

Costa 28 de outubro de 2015, 22:55h - 22:55

Parabéns!!!!! Força!!!! Estamos torcendo por você!!!!! Até as olimpíadas!!!!!!!

PARABÉNS 28 de outubro de 2015, 22:09h - 22:09

Parabéns, Guilherme! Eu sonho contigo em ver um campeão de minha região. Com certeza estarei torcendo por Vc. E olhe, em toda a minha vida nunca vi alguém com pensamento parecido e nem próximo ao seu. Realmente que Vc merece muito mais.

“…a vida é muito curta para a gente parar e ficar se lamentando. O pessoal da minha família tinha medo que eu pudesse ficar depressivo mas nunca me senti assim. Obstáculos surgem e precisamos simplesmente ultrapassá-los.” Guilherme Conceição Cruz

Vc não merece ser taxado de ÊTA POVINHO

Vamos torcer para o DV se programar e acompanhar toda a sua trajetória e demais atletas de nossa região durante o Rio 2016.

Rebeca 28 de outubro de 2015, 19:42h - 19:42

Parabéns, Guilherme! Você é um exemplo! Esperamos que quem puder se sensibilize e te ajude nesta trajetória. Você é um vencedor!

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