A Coréia do Sul não é aqui!

by Diário do Vale

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A atual tempestade perfeita que assola Brasília fez com que este cronista pensasse em fatos recentes que aconteceram na Coréia do Sul. Aquele país asiático que virou uma potencia econômica depois daquela guerra nos anos 50. A Coréia do Sul tinha uma presidente famosa, a senhora Park Geun-hye, que foi apontada pela Revista Forbes como uma das 100 mulheres mais poderosas do mundo, e a mulher mais poderosa da Ásia. Ela governou a Coréia do Sul de fevereiro de 2013 até dezembro do ano passado, quando sofreu um processo de impeachment provocado por acusações de corrupção.
O escândalo envolveu a principal assessora e amiga da presidente, Choi Soon Si, que andou pedindo favores a grandes empresas. Mas qualquer semelhança com a atual crise brasileira termina aqui. Na Coréia do Sul o povo foi para a rua exigindo o impeachment da presidente. E a Corte Constitucional aprovou por 8 votos a zero o afastamento da senhora Geun-ye. Lá não teve juiz ignorando provas nem foro privilegiado. A presidente corrupta foi direto para a cadeia e está na prisão de Seoul até hoje. E olhe que a amiga dela nem foi filmada correndo com mala de dinheiro pelas ruas.
Decididamente a Coréia não é aqui. Aqui o povo é massa de manobra de políticos e lideres religiosos. E só sai em massa na rua quando é carnaval ou quando os evangélicos convocam aquelas “marchas pra Jesus”. Fora isso eles ficam em casa, anestesiados pelo futebol e a religião, esperando que os políticos resolvem os problemas para eles. E como os políticos só agem em causa própria o povo vai “entrando pelo cano” como no caso dessas reformas que o Temer sonha em implantar.
Outro dia fui abordado por um leitor desta coluna, num restaurante, que me falou do seu sentimento de desânimo diante do Brasil. Para ele nosso país “não tem solução” e vai viver no eterno atoleiro das crises para sempre. Realmente é difícil imaginar uma realidade diferente para esta terra de palmeiras e sabiás devido a falta de um projeto sério para o futuro do país. Na década de 1950 a Coréia do Sul era um país arrasado pela guerra enquanto o Brasil tinha passado incólume pela Segunda Guerra Mundial e tinha tudo a seu favor para se desenvolver.
Mas enquanto os coreanos investiam sério no seu futuro os brasileiros ficavam parados, desperdiçando dinheiro e repetindo os mesmos erros do passado.
Nos anos de 1960 o governo militar tinha um lema que dizia “exportar é o que importa”. Os salários baixos dos operários brasileiros eram vistos como um trunfo, para atrair os investidores estrangeiros. As fábricas americanas e asiáticas teriam vantagens econômicas em se instalar no Brasil porque os nossos operários trabalham por uma fração do que ganha um europeu ou norte-americano. E com isso não se criou um mercado interno e o Brasil continuou vivendo de exportar comodities, minério e alimentos de pouco valor agregado. Vivendo na eterna dependência da tecnologia vinda de fora. Enquanto a miséria só aumentava.
Nos anos 80 tive a oportunidade de conversar com um representante do governo da Coréia do Sul. Que me falou do alto investimento em educação feito por aquele país. Formando engenheiros e cientistas para se manter na vanguarda das inovações tecnológicas. Da tecnologia de ponta.
O povo educado gera riquezas e não se deixa enrolar pelos políticos. Vai pra rua e derruba a presidente corrupta. Aqui no Brasil a educação não é levada a sério. Em nossas escolas as professoras até apanham dos alunos. Quando não estão se escondendo dos tiroteios. E nada muda. Esse projeto de reforma trabalhista que anda por aí repete a velha ideia de “gerar empregos reduzindo salários e garantias”.
E aí a saída continua sendo o aeroporto. Para onde vão aqueles que sonham com um futuro melhor.

JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

Presidenta Dilma Rousseff, recebe a presidente da Coreia, Park Geun-hye, no Palácio do Planalto (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Futuros: Park e Dilma antes do impeachment
(Foto: Arquivo)

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13 comments

Anderson 30 de junho de 2017, 17:17h - 17:17

Coitado do petista, ficou maluco…

VOTONULO 30 de junho de 2017, 07:02h - 07:02

HAHAHAHAHA!!!!!!!!!!!! BELA FOTO DA DILMA!!!! SÓ ESQUECERAM DE DIZER QUE A DILMA NÃO É DENUNCIADA E NEM INVESTIGADA, AO CONTRÁRIO DOS PATRONOS DO GOLPE… SIM, GOLPE!!!!!!

VOTONULO 30 de junho de 2017, 07:00h - 07:00

LULA 2018!!!!!! SE SEGURA COXINHA!!!!! LAVA-JATO É LIXO!!!!!!!!

VOTONULO 30 de junho de 2017, 06:58h - 06:58

Poderíamos ter aqui no Brasil EMPRESÁRIOS COREANOs, em vez de EMPRESÁRIOS BRASILEIROS, aí tudo daria certo… O GRANDE PROBLEMA É TERMOS BRASILEIROS DEMAIS E COREANOS DE MENOS!!!!!!!!!!

VOTONULO 30 de junho de 2017, 06:54h - 06:54

Não amigo… quando a rede globo convoca os adoradores do GRANDE PATO AMARELO/PANELEIROS, eis que os teleguiados fazem protestos, fazendo até dancinhas ridículas!!!!!!!!!!!

Anderson 28 de junho de 2017, 00:21h - 00:21

As Coréias são um laboratório onde foi realizado um experimento social bem destrutivo. Temos o mesmo povo, com a mesma língua, mesma história, mesma cultura, mesmo clima e mesma geografia; que após serem divididos artificialmente em dois países, em uma metade se adotou o socialismo com economia planificada, e na outra, uma economia de mercado capitalista. Na Coréia do Norte socialista temos miséria, fome, escravidão e o regime totalitário mais detestável do mundo; na Coréia do Sul capitalista temos um país rico e próspero, com uma democracia vibrante e economia dinâmica com empresas de alta tecnologia que competem em pé de igualdade com suas concorrentes americanas, européias e japonesas. Prova de que o fracasso ou o sucesso de uma nação são definidos pelas instituições políticas e econômicas que ela adota, não do passado colonial, clima, cultura e outras desculpas que gostamos de dar aqui no Brasil.
Mas mesmo assim nossos intelectualóides de esquerda ainda acreditam que o socialismo é um sistema econômico viável – mesmo após 100 milhões de mortos -, que a culpa da miséria do mundo é do capitalismo e que o comunismo é o melhor caminho para o Brasil. Após décadas de hegemonia cultural desta turma, não corremos o menor risco de dar certo como nação, como ocorreu na Coréia do Sul.

الفتح - الوغد 28 de junho de 2017, 10:35h - 10:35

O capitalismo (a ideologia por trás dele) é inerente à natureza humana. Mesmo as criaturas irracionais são “capitalistas” e usam de previdência, com um indivíduo disputando alimentos e acumulando gordura para os períodos rudes, tentando se sobressair e sobreviver aos demais, mesmo quando em vida social. A competição garante a sobrevivência do mais apto, premiando o mérito… O socialismo é um regime forçado, antinatural, que tolhe a liberdade individual e nivela as pessoas por baixo. Não há evolução. Os países comunistas, vendo imagens deles, parecem ter parado em meados do século XX. A antiga URSS era mais uma potência política e militar que notadamente econômica, com pouca diversificação industrial…

O problema do Brasil, mesmo sendo capitalista, é a existência de forças sociais, culturais e econômicas que, sendo antagônicas e equivalentes, acabam refletindo negativamente na política… Um dia vão entender que o problema maior desse grande país é, paradoxalmente, sua tão decantada diversidade. Derrubem o regime do gordinho na Coréia do Norte e verão ali um país desenvolvido em, no máximo, 20 anos… O Brasil, pelas características de seu povo, precisa de um governo de pulso forte. Algo mais como D. Pedro II ou Getúlio Vargas e menos que o regime militar, porém nada do excesso de liberdade que se tem visto desde a Constituição de 1988…

Anderson 28 de junho de 2017, 12:50h - 12:50

Concordo totalmente. Existem capitalismos e capitalismos. O do Brasil sofre do que chamam lá fora de “crony capitalism”, o capitalismo de laços, ou capitalismo de compadrio, em que empresários inescrupulosos se aproveitam de um Estado grande e interventor em excesso para garantir mercados e instituir monopólios. As empresas deixam de competir no mercado e passam a competir pelos favores de políticos, e o grande prejudicado é o consumidor e pagador de impostos.

Fernando 27 de junho de 2017, 15:48h - 15:48

Estive na coreia do sul em 2014.Fiquei 3 meses em treinamento por uma uma empresa e constatei com esse pouco tempo la, que realmente é um país que respeita seus cidadãos.País sério.

Aiatolá na Sinagoga 27 de junho de 2017, 11:25h - 11:25

No fundo quem fala em sair do país, como o folclórico Trump do Brejo, no máximo fazem aquela excursão pra Orlando financiada em 486 vezes e voltam dizendo que “conhecem os EUA”. Falta preparo financeiro e intelectual para sair do país. Falta sobretudo coragem e fluência em idiomas.
Para os que padecem do eterno Complexo de Vira-latas, o brasileirissimo primo-irmão do Complexo de Dona Florinda (o do pobre de direita), sugiro: o aeroporto é logo ali.
Ou morrer por aqui mesmo, frustrado, monogamia e defecando no prato em que come.

Aiatolá na Sinagoga 27 de junho de 2017, 12:31h - 12:31

Errata: onde se lê “monogamia”, leia-se “monoglota”.

الفتح - الوغد 27 de junho de 2017, 10:34h - 10:34

No fundo, a diferença está no povo. Uma mesma cultura, uma origem comum, uma só identidade. Isso faz diferença… Mas os discípulos do politicamente correto e do vitimismo social vão espernear e buscar desculpas prontas…

Olhem ao redor do mundo e observem. Países com caldeirões étnicos, religiosos, raciais e tribais são mais complicados que aqueles de população homogênea…

Anderson 27 de junho de 2017, 10:33h - 10:33

Concordo parcialmente com o artigo, pois acho que nos últimos anos o Brasil tem melhorado substancialmente no combate a corrupção. Também tivemos milhões de pessoas nas ruas, nas maiores manifestações da história do Brasil (13/03/2016), para afastar uma presidente (não é presidenta, viu petistas?) corrupta, que acabou sendo afastada através de um processo constitucional de impeachment; temos um ex-presidente que já responde a 5 processos na justiça federal e está prestes a ser condenado em primeira instância; e, finalmente, o vice-presidente que assumiu o governo – que não poderia ser boa coisa sendo o vice de uma presidente do PT – sendo denunciado no STF por corrupção. Há motivos para ter esperança, mas faltam leis eficientes.
Em qualquer país sério do mundo nossos três ex-presidentes já estariam presos com 1% do que foi revelado até o momento pela Lava Jato, e o PT, PSDB, PMDB e PP, maiores partidos do país e principais beneficiados pelo petrolão até aqui, teriam os seus registros cancelados pelo dinheiro sujo que irrigou as campanhas de seus candidatos.
Infelizmente ainda existe uma minoria insignificante, embora barulhenta, que até hoje diz que o impeachment foi golpe, que o PT é o partido da honestidade e que Lula é o político mais honesto do Brasil. Esses aí são a influência negativa sobre a população e os formadores de opinião; o câncer que se infiltrou em nossas instituições, principalmente em nossas universidades; o peso morto que arrasta o país para o buraco com suas ideias econômicas desenvolvimentistas e ideologia socialista. Mas o esquerdista, não o Brasil, é que é um caso incurável!

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