A herança do Saddam Hussein

by Diário do Vale

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Maldição: Saddam Hussein deve estar rindo lá no inferno (Foto: Divulgação)

Maldição: Saddam Hussein deve estar rindo lá no inferno (Foto: Divulgação)

Semana passada os telejornais estavam cheios de imagens de refugiados do Oriente Médio invadindo a Europa. Isso foi antes da nota do Brasil ser rebaixada e a crise do atual governo se agravar. Mas vamos ficar com o problema do Oriente Médio, porque a batata da Dilma ainda está assando. Prometo comentar a crise brasileira na próxima sexta-feira. Hoje minhas reflexões ficam no Oriente Médio, já que a batata deles assou há muito tempo.
A atual crise dos refugiados é uma herança do Saddam Hussein, o falecido ditador iraquiano que sonhou em transformar o seu país na potência dominante da região. Em setembro de 1980 a República do Iraque atacou de surpresa a República Islâmica do Irã com um ataque simultâneo por terra e pelo ar. Saddam Hussein queria se aproveitar da confusão provocada pela revolução dos aiatolás. Mas se deu mal. O conflito Irã-Iraque se arrastou por uma década, com uso de mísseis e gases venenosos. Matou um milhão de pessoas entre soldados e civis dos dois lados. E deixou o Iraque endividado. Durante os doze anos de guerra, Hussein comprou armas até do Brasil. Terminada a guerra ele esperava que a dívida fosse perdoada. Afinal, ele lutara contra os iranianos, os grandes inimigos dos Estados Unidos. Mas não foi assim. Os credores exigiram pagamento e como era o estilo do Saddam, ele apelou para uma solução militar.
Em 1991 o Iraque invadiu o pequeno Kuwait. Com os poços de petróleo Kuwaitianos o governo iraquiano esperava pagar suas dívidas e se recuperar do prejuízo da guerra com o Irã. Foi outro erro de cálculo. O Kuwait não tinha nem exército, mas tinha um acordo de proteção com os Estados Unidos. E o presidente americano na época era o George Bush, que não levava desaforo para casa. Na história dos conflitos humanos um erro de avaliação desse tipo só se compara ao da invasão das ilhas Malvinas pela Argentina, durante o governo da “Dama de Ferro” Margaret Thatcher.
As duas guerras do Golfo mandaram Saddam Hussein para o quinto dos infernos e deixaram o Iraque arrasado. O antigo conflito entre muçulmanos sunitas e xiitas provocava atentados sangrentos constantes. E com a retirada dos soldados americanos, no governo do Obama, o norte do Iraque virou uma terra de ninguém. Disputada por curdos, milicianos xiitas, o exército iraquiano e os radicais sunitas do Estado Islâmico.

Lenha na fogueira

Para colocar ainda mais lenha na fogueira, começou uma guerra civil na Síria do Bashar al Assad. Foi o resultado da chamada “primavera árabe” que foi apoiada pelos governos europeus. Um movimento que levou a queda de outro ditador famoso. O Muammar Kadhafi da Líbia. Kadhafi foi derrubado com a ajuda das forças da Otan e sua Líbia virou outro caos, igual ao norte do Iraque. Aonde os radicais islâmicos se instalaram, matando a torto e a direito.
Antes de morrer Kadhafi já tinha advertido que a rebelião em seu país era dirigida pelos “terroristas barbudos”. Era um ditador cruel, como Saddam Hussein, mas sua derrubada não trouxe a democracia como sonhavam os governos ocidentais. Democracia é uma coisa que não funciona lá naquela região. O único país 100% democrático do Oriente Médio é Israel. Um país que foi criado por judeus vindos da Europa e dos Estados Unidos, e que trouxeram com eles as tradições democráticas ocidentais.
E com o caos na Líbia e no norte do Iraque e o conflito na Síria estava pronta a receita para a maior crise de refugiados dos tempos modernos. É a herança do Saddam. Sexta-feira que vem eu falarei da Dilma e do governo missão impossível. Aquele que vai se autodestruir em cinco segundos!

 

JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

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13 comments

Rafael reis 16 de setembro de 2015, 12:39h - 12:39

Os comentários aqui em sua maioria têm uma narrativa errada, sempre culpam os EUA ou a Europa pelas mazelas do mundo.
A verdade é que essa região sempre foi um barril de pólvora .Com vários povos dominando a região.
Esse mesmo pensamento errado diz que foram os colonizadores europeus os responsáveis pela escravidão. MENTIRA a escravidão sempre existiu e só acabou pela intervenção da cultura ocidental judaico cristã. NÃO é a toa que Israel é a única democracia no oriente médio com árabes assumindo até postos de gorvenancia no estado.
Assim como não foi a Inglaterra que criou o trabalho infantil e sim foi ela através do capitalismo que acabou com a prática no mundo devido a valores ocidentais.
O oriente só vai melhorar se assumir valores ocidentais e os Estados Unidos da América são o maior exemplo disso. God bless America

Al Fatah 16 de setembro de 2015, 18:55h - 18:55

Não, o maior exemplo de uma cultura estranha “abraçando” a ocidental é o Japão, primeira potência não ocidental. Os EUA nada mais são que cria da Europa, assim como a maioria dos países americanos… Por cultura ocidental, leia-se greco-romana, baseada nos preceitos cristãos…

No mais, concordo que sempre gostam de acusar as grandes potências como responsáveis pelo atraso nas regiões pobres do mundo, mas várias dessas mesmas regiões nunca estiveram sob controle europeu, ou quando estiveram foi por pouco tempo. Por outro lado, países onde eles predominaram política ou demograficamente, como Austrália, Nova Zelândia e África do Sul, se destacam em relação aos seus vizinhos…

ricardo 16 de setembro de 2015, 21:01h - 21:01

É que vc não entendeu o foco do debate. O colunista diz que a maior onda migratória do oriente desde a 2a. guerra é culpa do Saddam e o mundo todo sabe, até mesmo eles ( os americanos ) que a desestabilização da região com a invasão do Iraque, Libia e Síria foi 1 erro cometido no passado, prova disso que Obama retirou as tropas do Iraque, fechou Guantánamo e está de braços dados com Irã. Pode escrever o que lhe digo, não demora muito os EUA vão sentar na mesa pra conversar com Assad porque a Rússia já tomou a iniciativa, aí as coisas complica pra eles né. Só não entendí o trocadilho do colunista comparando Saddam com Dilma, afinal vivemos numa democracia o que difere e muito do regime de Saddam e nossas instituições melhoraram e muito e estão funcionando, não é mesmo ? Nunca no país houve um combate a corrupção de peito aberto como estamos vivenciando. E como já dito, somos a 7a. economia do mundo, os EUA jamais cometerão outro erro e estando nossa democracia já consolidada e forte golpe de estado é coisa de REPÚBLICA das BANANAS, é coisa do passado.

leitor 16 de setembro de 2015, 21:26h - 21:26

Concordo plenamente com o comentário do Al Fatah. Alem disso cidades do Brasil ex-colonias européias são destaque no país, compare Penedo com outros distritos da região. Veja também Holambra, Blumenau, etc

bons comentários 16 de setembro de 2015, 08:23h - 08:23

O colunista vai pensar duas vezes antes de posta sem conhecimento de novo,rsrsrrs
Herança do Saddan (kkkkkkkkkkkkk) , sabe de nada inocente!!!!

Rodolfo Dias 16 de setembro de 2015, 01:18h - 01:18

O texto já peca na primeira linha: refugiados não ‘invadem’, mas buscam refúgio. E o problema que se tenta abordar é herança não de Saddam, mas de conflitos criados e fomentados pelos próprios EUA e os vassalos europeus.
Aliás, se o autor não sabe, o próprio Saddam é herança dos EUA: mais um ditador que caiu em desgraça quando deixou de ser útil e dócil para com a Casa Branca.
É o complexo de vira-latas: rosnar para Caracas e mugir para Washington.
Por respeito aos leitores, procure aprofundar-se mais, pelo menos nos seus aspectos mais elementares, no tema sobre o qual pretende escrever, valeu?

Al Fatah 16 de setembro de 2015, 19:00h - 19:00

O termo “invadir” não invalida o “refugiar”. Um indivíduo, ao buscar refúgio, pode invadir uma casa ou um país, na medida em que o faz sem ser formalmente convidado… O texto do Calife é muito bom, vc deve saber que história é sempre parcial e tem diversas vertentes e interpretações. História é sempre feita de fatos e verdades incompletas, nunca absolutas…

Ton 15 de setembro de 2015, 22:32h - 22:32

Em função da crise, que a economia mundial está vendo só evoluir, os grandes endinheirados da Europa estão buscando investir em empresas sólidas. Tudo bem isso é normal e óbvio.
O interessante é que a PETROBRÁS, de repente passou a ser a mais desejada.
É apenas “mera coincidência” que a cotação do Brasil tenha sido rebaixada? NÃO!!!
O Brasil tem reservas cambiais de sobra não deve nada… mas o governo Brasileiro não privatiza a Petrobras. A saída já da pra perceber: Com a avaliação baixa gás ações da estatal vão valer menos e assim vamos “compra-la”…
ROUBO dissimulado como atitude normal.

ricardo 16 de setembro de 2015, 07:09h - 07:09

Não sei se sua análise tá correta mas que a privatização da Vale, das siderúrgicas, das teles e de tantas outras grandes empresas estatais foi um péssimo negócio para o povo brasileiro, isso foi, tenha como exemplo a CSN.

ricardo 15 de setembro de 2015, 19:48h - 19:48

Colunista de jornal tem que procurar informações fidedignas pra não dizer bobagem e desmerecer o veículo de comunicação. Até nas escolas primárias se ensina as criancinhas que EUA deflagrou o caos no oriente médio porque ele tinha que dar resposta ao mundo pelo fato de ter sido atacado em seu território, imagina, a grande potencia derepente se viu de 4 diante de meia dúzia de loucos fundamentalistas, Saddam Hussein não tem nada a ver com o ataque das torres gêmeas, assim como não tinha armas químicas, pretexto usado por Bush. A nova ordem mundial iniciada na época com a retirada de Saddam do poder, envolveria também Arafat, Assad, Irã e Afeganistão que dava abrigo ao grupo terrorista e é de onde teve início de tudo. Se não fosse pela derrubada das torres gêmeas, Saddam Hussein estaria vivo e soberano até hoje porque os EUA sempre incentivaram e lucrava com guerras naquela região e sabe que somente 1 ditador é capaz de apaziguar os ânimos daqueles grupos étinicos fundamentalistas. Se arrempenderam do que fizeram, o mundo todo vai pagar as consequências durante anos pela NOVA ORDEM MUNDIAL idealizada pelos EUA ( a Europa que o diga ). Os EUA vai pensar 1000 vezes antes de invadir uma nação e essa sua teoria um tanto fantasiosa chega a ser um pesadelo.

Antonio 15 de setembro de 2015, 19:44h - 19:44

A intervenção militar dos USA no Iraque foi um desastre sob todos os aspectos! Sob a égide dos chamado ditador havia pelo menos coesão e um mínimo de ordem social… Agora é o caos, brutalidade completa! E os americanos? Nem aí!

Al Fatah 15 de setembro de 2015, 19:35h - 19:35

O Brasil lutou na IIWW contra seus três maiores investidores históricos: Alemanha, Japão e Itália. Curiosamente, três dos países com mais imigrantes e descendentes no país… Os EUA jamais foram amigos do Brasil, no máximo parceiros. Nunca tivemos uma relação muito próxima. Eles são muito fechados sobre si próprios e sua maior influência aqui é cultural, por meio do cinema e da TV…

Sobre a Primavera Árabe, concordo. Parece que os governantes ocidentais não entendem a cultura daquele povo. Derrubar um ditador lá é o mesmo que matar um chefe do tráfico num morro qualquer do Brasil, o efeito é o mesmo. O pessoal mais velho vai se lembrar de Anwar Sadat, presidente egípcio que fez um acordo com Israel durante o conflito pela posse da região do Monte Sinai e por isso foi assassinado por fanáticos… Convém lembrar também que Kadhafi impedia com mão de ferro a profanação de suas fronteiras e a fuga de seus cidadãos, mais ou menos como fez Fidel em Cuba. Ele mesmo dizia que, se a Europa ainda não tinha “enegrecido”, isso devia-se a ele…

leitor 15 de setembro de 2015, 09:00h - 09:00

Como faz falta o saudoso Saddan Hussein! Hoje o Iraque está uma bagunça cheia de barbaridades, refugiados, estado islâmico, destruição de patrimônio, etc, no tempo do Saddan era ordeiro e próspero e excelente parceiro comercial do Brasil, comprava muito, contratava nossas empreiteiras e contratava e enriqueceu a nossa Petrobras.

O caso do Kuwait, descordo da coluna. O Iraque não precisava do pouco petróleo do Kuwait, pois o Iraque tem muito. O problema é que os EUA estavam explorando o petróleo do Iraque com poços horizontais a partir do Kuwait, e isso com razão irritou o Saddan. Na realidade como sempre faz e todos sabem, os EUA arrumaram pretexto para invadir o Iraque duas vezes. E agora perderam o controle o Iraque é uma anarquia caótica.

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