A história do luxo na aviação

by Diário do Vale

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Na semana passada, como bem se recordam, comentei aqui nesse espaço sobre o jato de luxo que o governador Luiz Fernando Pezão quer utilizar nas suas viagens. Infelizmente, viajar de avião com conforto hoje em dia é um privilegio dos nossos políticos e de empresários abastados. A maior parte das pessoas viaja em aeronaves comuns, com pouco espaço entre as poltronas e sem direito a uma refeição durante o voo. Só as celebridades é que podem desfrutar dos serviços de primeira classe, que são muito caros para a maioria dos mortais comuns.

Mas nem sempre foi assim. O auge do conforto na aviação aconteceu durante um período, do século passado, entre o final da década de 1930 e meados da década de 1960. Foi o período que testemunhou inovações como as cabines pressurizadas e os motores a jato. Quando viajar de avião era um luxo. E bota luxo nisso! Foi uma época em que o transporte aéreo se firmava e buscava compensar os passageiros da precariedade dos primeiros anos.

As primeiras linhas aéreas surgiram logo depois da Primeira Guerra Mundial. Quando voar era realmente uma aventura. Os primeiros aviões comerciais eram bombardeiros adaptados, que não tinham cabine pressurizada e os passageiros conviviam com a carga, sentados em cadeiras de vime. O teto de serviço era baixo, bem dentro da troposfera e os passageiros enfrentavam a turbulência e o barulho dos motores. Um avião desse tipo foi o Ford Trimotor que dominou o transporte aéreo até o início dos anos 30.

Foi quando os engenheiros começaram a sonhar com voos na subestratosfera, acima das nuvens, onde o ar é menos turbulento. O problema é que essa região fica a seis mil metros de altitude, onde o ar é muito rarefeito. O que significa que os aviões precisariam ter cabines pressurizadas. A empresa Boeing tinha acabado de projetar um bombardeiro de quatro motores, a fortaleza voadora B-17. Que voava a seis mil metros, mas não tinha cabine pressurizada, obrigando os tripulantes a usarem máscaras de oxigênio. Era necessária uma conversão.

Os engenheiros da Boeing criaram o novo avião usando os motores, as asas e a cauda da B-17. E acrescentaram uma fuselagem pressurizada, com três metros e meio de largura. Duas empresas americanas, a Pan American e a TWA, compraram o novo avião, batizado de Boeing 307 Stratoliner. Iniciando serviços para a América do Sul (incluindo o Rio de Janeiro) e através dos Estados Unidos. No YouTube tem um filme publicitário de 1939 que mostra a atriz de Hollywood Mary Martin embarcando no Stratoliner, que tinha até beliches com leitos para os passageiros dormirem nas viagens mais longas. E uma “sala de charme” exclusiva para as mulheres.

O bilionário e aviador Howard Hughes (aquele que foi interpretado pelo Leonardo DiCaprio no cinema) comprou um Stratoliner para dar a volta ao mundo com ele. Mas o projeto foi cancelado quando Hitler invadiu a Polônia iniciando a Segunda Guerra Mundial. Hughes transformou o avião em um escritório voador de luxo (Pezão morreria de inveja). Com a guerra os Stratoliners da PanAm e da TWA foram convertidos em transportes militares e o conforto acabou até que outro avião da Boeing, a Superfortaleza B-29, jogou duas bombas atômicas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki e acabou com a guerra.

E a Boeing se vingou. Usou as asas, os motores e a cauda do B-29 para criar um avião comercial ainda maior e mais luxuoso do que o Stratoliner. O Boeing Stratocruiser, que passou a voar pela Pan American e pela estatal inglesa BOAC. Como seu antecessor, o Stratocruiser tinha leitos, uma sala de estar no convés inferior e um serviço de bordo de primeira classe.

Em 1958 os Stratocruisers foram substituídos pelo primeiro grande jato comercial, o Boeing 707, e o luxo foi mantido até o início dos anos 70, quando começou a era do transporte aéreo de massa.

 

Chique: O Stratoliner voava dos EUA para o Rio de Janeiro

Chique: O Stratoliner voava dos EUA para o Rio de Janeiro

 

JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

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7 comments

El Kabong 1 de setembro de 2017, 13:26h - 13:26

Considerar o PT como único responsável pela crise no país é um belo exemplo de postagem de besteira.

Anderson 2 de setembro de 2017, 20:08h - 20:08

Sim, ele é o único responsável pela crise. Besteira é negar a realidade.

Melo Rego 31 de agosto de 2017, 07:08h - 07:08

Acho que o colunista é mais um que gostaria que a aristocracia continuasse com os benefícios somente pra eles, deixa o povão viajar sr Jorge

Anderson 29 de agosto de 2017, 14:06h - 14:06

Não há como fugir deste trade-off, ou você tem luxo ou preço. Não dá para ficar com os dois. Hoje o preço das passagens aéreas são uma fração do que custavam décadas atrás, quando só ricos viajavam de avião. Foi a evolução tecnológica e a diminuição do conforto que possibilitaram a queda dos preços nas passagens aéreas e que pessoas de menor renda pudessem viajar de avião, e não o governo do PT, como os fanáticos da seita petista gostam de alardear.

PTista Fanático hahaha 31 de agosto de 2017, 07:11h - 07:11

Realmente o PT não abaixou o preço das passagens, o que os “fanáticos” dizem é que aumentou minimamente a distribuição de renda fazendo com quem mais pessoas tivessem condição de gastar com lazer e saindo da linha da pobreza extrema.

Capitalista com celular de cartão 31 de agosto de 2017, 08:42h - 08:42

Antes do golpe, a classe B esperneava porque começou a ter que conviver com a classe C no aeroporto; agora convivem ambas na rodoviária. A NASA precisa estudar o pobre de direita.

Anderson 31 de agosto de 2017, 13:19h - 13:19

Os fanáticos da seita petista sempre aparecem para postar besteiras…

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