A mídia e a cabeça de cada um

by Paulo Moreira

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Cada um de nós tem suas opiniões sobre os mais diferentes assuntos: das chances da seleção canarinho na Copa da Rússia ao destino político do país, passando pelos direitos dos LGBT, liberação do aborto, criminalização ou liberação das drogas… a lista é imensa. E uma expressão que sempre aparece quando as pessoas dão suas opiniões, seja lá sobre o que for,  é “a mídia”.
Ora essa entidade é um monstro que defende posturas conservadoras, ora é um baluarte em defesa da “devassidão”, afirmando que os LGBT têm direito a expressar carinho em público.
E as pessoas seguem, nos bares, nas redes sociais, onde quer que tenham espaço para expressarem sua opinião, afirmando que “a mídia” faz isso ou aquilo.
Pois bem: a “mídia” não cria a opinião de ninguém. Opinião é uma coisa pessoal – personalíssima, para usar uma palavra querida dos advogados – e cada um forma a sua.
O que acontece é que as pessoas recebem informação de todos os lados – e de todos os tipos – processam essa quantidade enorme de dados e formam seu ponto de vista a respeito de determinado assunto.
E nem sempre é a história que está sendo contada que traz o estímulo mais importante, em termos de formação de opinião. Tomando como exemplo “SOS, mulheres ao mar”, comédia romântica de 2013, o que menos importa é se a escritora, a protagonista vivida por Giovanna Antonelli, vai se casar com o estilista, o protagonista vivido por Reynaldo Gianecchini.
O que está sendo vendido ali, além dos conceitos de mulher inteligente e independente e de homem forte e sensível, é que cruzeiros de navio são uma coisa divertida. Quase todo mundo que assiste ao filme sai com vontade de fazer um cruzeiro.
Na maioria das novelas de TV também acontece isso: produtos e serviços são vendidos de forma aberta ou dissimulada o tempo todo. É o chamado merchandising, que também acaba “vendendo” determinados conceitos.
Esse merchandising de posicionamentos é quem “faz” a cabeça das pessoas. E essas pessoas, quando se manifestam nas redes sociais, estão externando o resultado dos estímulos que receberam.
Evidentemente, as pessoas reagem de modo diferente ao mesmo estímulo. Isso porque têm traços de personalidade diferentes e, além disso, receberam uma série de estímulos anteriores que também são diferentes.

Consumo, a meta

Se a “mídia” tenta influenciar as pessoas em alguma coisa, é em seus hábitos de consumo. Através dos mais variados meios de propaganda, os meios de comunicação – incluindo as redes sociais – tentam fazer com que você prefira determinados tipos de roupas, de comidas, de carros, de motos… tudo aquilo que se pode trocar por dinheiro vale a pena anunciar em jornais, sites, redes sociais, TV – ou fazer merchandising nos mesmos meios. A “mídia” recebe por isso. A “mídia” vive disso.

Diferença entre jornalismo e entretenimento

Algumas pessoas confundem jornalismo com mídia. Mídia é o conjunto de todos os meios que transmitem notícias e entretenimento. O DIÁRIO DO VALE é um veículo jornalístico, já que se dedica a divulgar notícias.
Já a novela das oito é entretenimento. Você sabe que as coisas que estão sendo mostradas ali não são fatos.
Entretenimento e jornalismo fazem parte da mídia. Mas o comportamento e a opinião das pessoas é muito mais influenciado pelo entretenimento – os valores que são transmitidos através da reação emocional a situações fictícias ou obras de arte – do que pelas notícias.
O que une o DIÁRIO DO VALE e a novela das nove? O fato de ambos terem como parcela importante de seu faturamento as receitas publicitárias. O que os difere? O jornal oferece principalmente informação, enquanto a novela oferece principalmente entretenimento.

Posições sociais e políticas

Jornais, revistas, sites noticiosos e programas jornalísticos de TV não têm como meta formar opiniões. Por definição, o jornalismo apresenta os fatos e cada um forma sua opinião. Claro que isso é uma situação ideal, a meta do jornalismo imparcial. Mas notícias são apuradas, redigidas, gravadas e apresentadas por pessoas. E pessoas têm opiniões.
O profissional de jornalismo – pelo menos aquele que segue os princípios éticos da profissão – procura, nas páginas de noticiário, ser isento.
A questão é que as pessoas, ao lerem uma notícia, mesmo redigida de forma imparcial, a processam com os conceitos que estão presentes nas suas mentes – e geralmente fazem isso de forma a reforçar a opinião que já têm.

Jornalismo de opinião

Há espaços nos veículos jornalísticos que servem para expressar opinião – é o caso desta coluna e de diversas outras que são publicadas no DIÁRIO DO VALE, assim como dos artigos que o jornal publica diariamente – exceto aos domingos – na página 2.

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7 comments

Maniac 16 de junho de 2017, 22:32h - 22:32

A mídia é o quarto poder !

LUIZ MOREIRA 16 de junho de 2017, 19:06h - 19:06

>>>>>>> E DISSE UM GRANDE MESTRE…… E TODO AQUELE QUAL NAO CONHECE O SISTEMA POLITICO DO SEU PAIS…. QUE NAO VOTE…. MAS ESQUECEU DE DIZER….. QUE O MUNDO ESTA TODO INTEGRADO

Arthur 13 de junho de 2017, 23:40h - 23:40

No Brasil quanto mais voce se informa atraves da mídia. Menos voce fica sabendo.

Macunaíma 13 de junho de 2017, 08:27h - 08:27

Ai de quem alicerça suas opiniões com base exclusiva no material entregue pela mídia e, de modo mais específico, pela grande imprensa e redes sociais. É o caso de uma vasta camada da população, que se “informa” basicamente pelo “Jornal” Nacional e por Facebook.
A “Falha” de S. Paulo e outros grandes órgãos da imprensa oligárquica têm por hábito estampar uma manchete mentirosa em destaque para, no dia seguinte, publicar o desmentido num pé de página sob o título “Erramos”. O correto seria “Mentimos”.
A pouca penetração das pessoas no campo do debate acadêmico e o pouco hábito de leitura conduzem a essas distorções.

Vinicius Ramos 12 de junho de 2017, 14:58h - 14:58

Diário tá mal mesmo pra dar espaço pra tanta asneira… Pior: asneira reincidente!

VOTONULO 12 de junho de 2017, 06:50h - 06:50

QUANTA BESTEIRA…

Aiatolá na Sinagoga 11 de junho de 2017, 17:57h - 17:57

Mídia é uma instância comandada por um restrito grupo de famílias riquíssimas, pagando pessoas ricas para convencer pobres e remediados de que a culpa pela pobreza e pela miséria é de pobres e miseráveis.

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