A muvuca da saúde em Pinheiral

by Diário do Vale

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Saúde em Pinheiral: Problema é a falta de médicos e de pessoal especializado para atender as pessoas

Como o nosso povo sofrido já percebeu existem dois países chamados Brasil. O Brasil da propaganda oficial, perfeito e maravilhoso e o Brasil real em que nós vivemos. Essa diferença gritante é visível não só na propaganda dos governos federal e estadual, mas também nos municípios. Quem chega a Pinheiral não deixa de ver os enormes cartazes que a prefeitura mandou colocar na entrada da cidade. Anunciando que a saúde em Pinheiral está “cada vez melhor” e que a prefeitura está construindo cinco novos postos de saúde.

A realidade é bem diferente e a saúde de Pinheiral nunca esteve tão doente. O principal problema lá nunca foi a falta de postos de saúde. Eles já existem em bom número. O problema é a falta de médicos e de pessoal especializado para atender as pessoas. Não adianta fazer novos postos de saúde enquanto as pessoas tiverem que esperar uma semana só para marcar uma consulta em um desses postos. E o resultado é que corre todo mundo para o Pronto Socorro da cidade. Que vive lotado e funcionando de modo confuso e precário.

Há 15 dias meu sobrinho fraturou a clavícula na aula de karatê. Foi parar no Pronto Socorro de Pinheiral onde, pra variar, não tinha ortopedista de plantão. Mandaram ele com o osso fraturado para o São João Batista de Volta Redonda. Chegou lá ouviu o seguinte do pessoal do atendimento: “Pinheiral tem ortopedista sim, volta pra lá que eles têm que se virar!”. E lá veio o meu sobrinho de volta para o Pronto Socorro onde finalmente teve o ombro enfaixado. Domingo, dia 15, eu estava lá no PS de Pinheiral e vi despacharem para Volta Redonda um senhor de idade que tinha fraturado a bacia. É assim que a saúde de Pinheiral está melhorando? Acho que não.

Pinheiral tem sorte de nunca ter enfrentado uma epidemia, como o surto de dengue que atinge São Paulo atualmente. Porque a cidade não está equipada nem para enfrentar uma virose moderada. Uma epidemia de dengue em Pinheiral seria uma catástrofe. A mudança de estação, do verão para o outono, deixou muita gente na minha cidade com dores no corpo e uma febre pequena. Nada que se compare a uma dengue ou uma febre chikungunya. Eu tive esses sintomas há uma semana e não me impediram de exercer minhas atividades normais.

Fui lá no PS de Pinheiral para ver o que os médicos achavam. Cismaram que eu estava com dengue. O médico recomendou que eu tomasse bastante líquido e fizesse um exame de sangue a cada dois dias.

Na quinta-feira dia 19 fui ao laboratório de manhã e fiz a coleta do sangue para o último exame de controle da dengue. O enfermeiro disse que o exame estaria pronto dentro de uma hora e seria enviado para o médico do PS. Esperei das nove da manhã as onze e o exame não ficou pronto. Fui para o trabalho, já que jornalista não pode passar o dia em um pronto socorro esperando o resultado de um exame de sangue. De noite passei por lá e fui informado pela atendente que meu exame “tinha sido arquivado”. Eu deveria voltar ao laboratório no dia seguinte para apanhar.

No dia seguinte a moça do laboratório alegou que o tal exame ia levar quatro dias para ficar pronto. Esse pessoal da saúde de Pinheiral não sabe nem mentir direito. Como é que um exame que ia ficar pronto em uma hora, que estava “arquivado” de repente ia levar quatro dias para ficar pronto? É óbvio que perderam o exame, como perderam uma radiografia que tirei em novembro passado, ali naquele mesmo Pronto Socorro. E olhe que a dengue é uma doença potencialmente mortal. Tratar com esse descaso um paciente com suspeita de dengue é de uma irresponsabilidade criminosa.

Vamos torcer para que Pinheiral nunca enfrente uma epidemia como a que está atingindo Sorocaba. Porque saúde melhor, em Pinheiral, só nas fantasias do prefeito e de seus assessores.

 

Por Jorge Luiz Calife

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1 comment

Al Fatah 30 de março de 2015, 14:43h - 14:43

O problema da saúde, assim como em outras áreas do serviço público e privado, é a falta de competência (déficit de conhecimento), má vontade e pouco comprometimento profissional. A pessoa trabalha pensando no pagamento e na hora da saída… O grande paradoxo é a grande quantidade de cursos de reciclagem e qualificação que temos hoje em dia, contrastando com o péssimo serviço prestado pelo aprendiz quando colocado no mercado… A sociedade está involuindo. Não temos mais o um por todos e o todos por um é desejo de egoístas e assistencialistas. Resta o cada um per si…

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