A obra prima da ficção científica em quadrinhos

by Diário do Vale

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Clássico: Encontros com extraterrestres eram comuns na série  (Fotos: Divulgação)

Clássico: Encontros com extraterrestres eram comuns na série
(Fotos: Divulgação)

As histórias em quadrinhos podem ser um entretenimento para adultos, além das crianças. Muito antes da atual febre dos super-heróis, ou das graphic novels pretensamente adultas, existiu uma série em quadrinhos que marcou época. “Jeff Hawke” que chegou a ser publicada no Brasil durante a década de 1960, saindo em jornais e revistas. Criada por dois artistas da Inglaterra, a série é considerada uma obra prima e a melhor obra de ficção científica dentro do gênero narrativa desenhada.

Sydney Jordan, o criador do herói espacial britânico, era um ex-piloto da força aérea britânica, a famosa RAF que salvou os ingleses da invasão nazista. Com um talento excepcional para desenho ele trocou os aviões de caça pela prancheta. Mas nunca renegou suas origens. Jordan começou a desenhar a tira em 1955 e no início tudo parecia uma versão europeia do Flash Gordon americano. O que mudou tudo foi o encontro de Jordan com o futuro roteirista da série, William Paterson. Paterson queria usar a história em quadrinhos para combater o militarismo da guerra fria e filosofar sobre o lugar da humanidade no universo.
Como seu criador, Hawke é um piloto de caça da Força Aérea Real. Um dia ele é chamado para interceptar um OVNI que sobrevoa a terra da rainha Elisabeth II sem pedir permissão. Capturado por alienígenas Hawke se torna uma espécie de embaixador da humanidade. Representando os seres humanos perante outras espécies inteligentes que habitam a galáxia da Via Láctea.
Ao contrário do Flash Gordon, ou dos personagens de Guerra nas Estrelas, o piloto britânico não se caracteriza pelo machismo ou a violência. Ele raramente usa armas e emprega seus talentos diplomáticos para acabar com guerras e evitar conflitos. Depois de seu primeiro contato com os “seres das estrelas”, Hawke se torna astronauta, e participa da construção da primeira estação espacial e da primeira viagem a Lua. E é aqui que Jordan e Paterson se mostraram proféticos. Em uma tira publicada em 1960 eles imaginam que o homem desceria na Lua em julho de 1969. Como acabou acontecendo na vida real.
Curiosamente, embora fosse escrita em inglês, “Jeff Hawke” nunca fez muito sucesso nos países de língua inglesa, como Estados Unidos e Inglaterra. Mas foi traduzida para dezenas de idiomas e virou “cult” na Itália, França, Espanha e Suécia. Traduzidas para o português as aventuras de Hawke chegaram a ser publicadas no extinto jornal “Última Hora” e na revista (também extinta) Eureka. A saga toda durou de 1955 a 1972 e foi toda republicada em livros de capa dura na Itália e na França. Este que vos escreve tem a edição italiana.

Na atualidade

Hoje, no século XXI, as aventuras do astronauta britânico continuam atuais. Semana passada comentei aqui, neste espaço, sobre a questão da busca pela vida fora da Terra. Se os extraterrestres existem, porque nunca desceram aqui? “Jeff Hawke” tinha uma explicação plausível. Somos um planeta ainda em um estado primitivo de desenvolvimento. E as civilizações galácticas evitam contatos com seres violentos e atrasados como os humanos.
Ocasionalmente eles podem descer aqui, e já estiveram na Terra, em um passado distante. Sydney Jordan foi o primeiro autor de ficção científica a imaginar contatos entre extraterrestres e civilizações da antiguidade, como os egípcios, os babilônios e os maias. Uma ideia que virou moda, nos anos de 1960, graças aos livros do alemão Erik von Däniken. Em uma aventura clássica Hawke descobre que a lâmpada de Aladim é um comunicador deixado no deserto da Arábia por um visitante espacial.
Uma olhada na internet revela várias páginas, dedicadas a este clássico dos quadrinhos. Que chama a atenção pelos desenhos em preto e branco de uma qualidade que só vemos nos grandes mestres. E com roteiros que não apelam para o sadismo e a brutalidade para captar a atenção dos leitores.

Jorge Luiz Calife  | [email protected]

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1 comment

GUEVARA 2 de junho de 2015, 08:40h - 08:40

De fato, as historietas em quadrinhos atuais, para se destacarem, são cada vez mais violentas e cheias de heróis “bombados”, frutos da imaginação tosca de seus criadores. É o ridículo em voga para influenciar maleficamente as crianças de hoje. Vamos divulgar leituras construtivas que possam embasar uma sociedade melhor do que a ora existente. Abaixo a vulgaridade!

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