Chega hoje aos cinemas mais um filme sobre contatos com seres extraterrestres. Em “A Chegada” Amy Adams faz o papel de uma linguista convocada pelo governo para se comunicar com alienígenas. Seres que parecem moluscos com sete tentáculos, os heptapodes. Na vida real os astrônomos estão procurando vida inteligente no espaço distante. E apostam que faremos contato com máquinas inteligentes, não com criaturas orgânicas como os alienígenas do cinema.
Essa é a opinião do cientista Seth Shostak, uma das maiores autoridades do projeto SETI, de busca por inteligências extraterrestres. Entrevistado pelo site Space.com ele disse que “se uma espécie extraterrestre se tornar suficientemente avançada para enviar sinais que possamos captar, provavelmente ela terá abandonado sua estrutura biológica e se transformado em uma forma de inteligência de máquina”.
Shostak apoia seu argumento no rápido desenvolvimento da tecnologia nos últimos cem anos. A espécie humana inventou o rádio em 1900 e o computador em 1945. Hoje, menos de um século depois, já temos computadores baratos com um poder de cálculo superior ao do cérebro humano. O próximo passo será a criação de uma inteligência artificial, a I.A., que especialistas como Ray Kurzeil acreditam que vai acontecer antes de 2045, ou seja, cem anos depois da criação do primeiro computador.
“Isso mostra, que qualquer sociedade que inventa o rádio, de modo que possamos captar seus sinais, terá criado seus sucessores”, diz Shostak. “E nossos sucessores serão máquinas”, concluiu o astrônomo. A ideia de que a vida orgânica é apenas um degrau intermediário na evolução para a vida mecânica já fazia parte da ficção científica no século passado. Em seu romance, baseado no roteiro do filme “2001: Uma odisseia no espaço” o escritor Arthur C. Clarke já imaginava a transformação de seres orgânicos em robôs inteligentes no ano de 1966.
Na série Jornada nas Estrelas a nave Enterprise fez contato com um super robô, o V’ger, que procurava por seu criador. Mas se as máquinas inteligentes vão substituir os seres humanos no futuro, o que vai acontecer com a humanidade?
Existem duas possibilidades. Ou os seres humanos vão se tornar extintos, como nos filmes do “Exterminador do Futuro”. Ou vão se transformar gradualmente em robôs, como no romance do Clarke. O primeiro passo desta evolução seria o ciborgue, o organismo cibernético metade homem e metade máquina, como os Borgs de “Jornada nas Estrelas”. Gradualmente os ciborgues iriam substituindo suas partes orgânicas, que envelhecem ou ficam doentes, por partes mecânicas. Até, finalmente, transferirem suas mentes dos frágeis cérebros orgânicos para os cérebros mecânicos. Como aconteceu com o personagem do Johnny Depp no filme “Singularidade”.
“A Inteligência Artificial terá uma interface com os corpos das pessoas, mas no final os humanos abandonarão sua forma orgânica e se tornarão totalmente digitais”, acredita Shostak. Uma vantagem dessa transformação é que as criaturas mecânicas do futuro serão imortais, podendo suportar longas viagens pelo espaço sideral. Como se acredita que os extraterrestres inteligentes sejam capazes de fazer. A hipótese tem implicações interessantes para a busca por inteligências extraterrestres.
Atualmente os astrônomos apontam suas antenas para planetas semelhantes a Terra. Mas se os extraterrestres já viraram robôs eles não precisam mais de água, comida ou ar. Eles podem viver no vácuo do espaço e viajar buscando fontes de energia radiante para reabastecer suas baterias. O centro das galáxias é muito mais rico em fontes de energia do que as regiões periféricas e lá podem estar as inteligências artificiais do espaço.
JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]
2 comments
Seria muito chato virar robô e deixar de nhanhar.
Típico caso de antropocentrismo.
Nós não conseguimos nem fazer um rim artificial eficiente e já mandamos sinais ao espaço há bastante tempo.
Porque as inteligências extraterrestres precisariam, para a mesma coisa, provavelmente ter abandonado sua estrutura biológica?
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