Astrônomos estudam Chariklo, o estranho asteroide com anéis

Por Diário do Vale

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Lembram-se da sonda New Horizons? Aquela que sobrevoou Plutão em julho de 2015? Ela está rumando para um novo destino, o asteroide 2014 MU69, que fica no cinturão de Kuiper. Um anel de pequenos mundos e asteroides que fica na fronteira do nosso sistema solar. Em janeiro de 2019 a New Horizons vai passar por este recife celestial, que fica a um bilhão e meio de quilômetros além de Plutão. Enquanto isso, aqui na Terra, astrônomos do Observatório Europeu Austral revelaram novos dados sobre Chariklo, um asteroide com anéis que fica além do planeta Saturno.

Como foi noticiado aqui nesta coluna, Chariklo foi descoberto em 2013 por uma equipe que incluiu o astrônomo brasileiro Felipe Braga-Ribas, do Observatório Nacional do Rio de Janeiro. Até então se acreditava que só os planetas podiam ter anéis, mas Chariklo revelou que os asteroides também podem, ainda que seja uma coisa muito rara. Os asteroides também têm luas, mas são muito pequenos para manter atmosferas. Ao contrário dos planetas eles não passam de enormes rochas que flutuam no espaço. São a versão sideral dos recifes existentes nos oceanos da Terra.

Mas a analogia termina aí. A Terra não passa de um pequeno grão de areia flutuando no meio da nossa galáxia e os nossos oceanos não passam de uma gota de água comparados com o oceano infinito das estrelas. Por isso é muito pouco provável que uma nave espacial venha a colidir com um asteroide no futuro, como acontece com os navios do oceano aquático. Os asteroides são interessantes por serem sobras da construção do sistema solar, que ajudam a entender como os planetas se formaram. Por que isso é importante? Porque moramos em um planeta.

Desde a invenção do telescópio que se acreditava que Saturno era o único mundo com anéis. Essa informação (ou desinformação) ainda aparece em livros de astronomia escritos nas décadas de 1950 e 1960. Então, em 1979, veio a surpresa. A sonda Voyager 1, aquela cuja viagem completou 40 anos, recentemente, descobriu que Júpiter também tem anéis. Não eram lindos anéis de gelo cintilante, como os de Saturno, eram escuros, feitos de um material que parecia poeira de rocha, mas eram anéis.

Ao longo da década de 1980 as Voyager descobriram outros anéis escuros em torno de Urano e Netuno. Ficamos sabendo que todos os planetas gigantes do sistema solar têm anéis, mas só os de Saturno são brilhantes e bonitos. A novidade seguinte veio em 2013 com a descoberta de anéis em torno do asteroide Chariklo, que fica além de Saturno. Chariklo pertence ao grupo dos Centauros, asteroides que orbitam o Sol entre as órbitas de Saturno e Netuno. Eles tem uma mistura de características de cometas e asteroides, mas Chariklo, com 240 quilômetros de largura parece ser, principalmente, rochoso (os cometas são feitos de gelo).

Um astronauta que pousasse em Chariklo na altura do equador deste minimundo não conseguiria ver os anéis, porque eles são tão finos que desaparecem quando olhados de perfil. Já dos polos eles seriam visíveis como um arco brilhante no céu, da largura de uma lua cheia. Os anéis de Chariklo formam quatro faixas com larguras que variam de um a cinco quilômetros. Eles podem ser fragmentos de uma pequena lua que se desintegrou. Essa foi outra surpresa da exploração espacial, as luas dos asteroides. A primeira foi descoberta quando a sonda Galileu fotografou o asteroide Gaspra na década de 1990, quando viajava para Júpiter.

Já o 2014 MU69, que será visitado pela New Horizons no dia 1º de janeiro de 2019, parece ser formado por dois corpos separados, com uma pequena lua. Mas é difícil ter certeza devido a grande distância e seu pequeno tamanho (32 quilômetros). Daqui um ano saberemos.

Chariklo: O anel é visível dos polos

Chariklo: O anel é visível dos polos

 

 

JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

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3 Comentários

MAURO SILVA 18 de janeiro de 2018, 08:28h - 08:28

O tema Astronomia é realmente algo que sempre nos surpreenderá com novas descobertas, o que a todo momento vem acontecendo. Imagino o que veremos após o lançamento do Telescópio James Web. Cada vez mais somos forçados a nos situar neste universo infinito como seres extremamente insignificantes.

Menandro 16 de janeiro de 2018, 00:06h - 00:06

MUITO BOM. SEMPRE ACOMPANHO

Anderson 12 de janeiro de 2018, 19:33h - 19:33

Muito interessante. A astronomia está sempre nos mostrando que o universo é cheio de surpresas. Nunca imaginei que asteróides pusessem manter um anel como os dos planetas, visto que possuem gravidade tão baixa. Por que os planetas rochosos não tem anéis também?

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