Semana passada fez sucesso na internet um vídeo gravado no fundo do mar por uma equipe da BBC. A emissora britânica adora produzir documentários sobre a natureza e o mundo animal. Acho que é a única rede de TV do mundo que pode se dar ao luxo de alugar um submarino de pesquisa e mandar seus repórteres para o mundo das profundezas. No filme o submarino da BBC é atacado por tubarões de seis metros de comprimento. Os bichos ficaram irritados porque a nave dos humanos entrou no meio deles quando se banqueteavam com a carne de uma baleia morta.
Foi a ficção virando realidade. E me lembrou aqueles antigos seriados de aventuras submarinas da televisão, como “Viagem ao fundo do mar” dos anos 60, e o “SeaQuest DSV” dos anos de 1990. Nesses filmes o submarino dos heróis vivia sendo atacado por todo o tipo de criaturas marinhas, de polvos gigantes a baleias superdesenvolvidas.
Na ficção era tudo muito fácil. O comandante eletrificava o casco do submarino, dava um choque nos bichos e eles iam embora. Na vida real é mais complicado. O submarino da BBC não era atômico e os tripulantes tiveram que aguentar os trancos e pancadas dos tubarões. Felizmente os submarinos são feitos de metal muito resistente e os seláquios logo desistiram do ataque e voltaram a comer a baleia morta.
O documentário da BBC é o Planeta Azul 2. Esses filmes mostram como o fundo dos mares é um meio tão perigoso quanto o Espaço Sideral. E igualmente bonito e fascinante. As criaturas marinhas são as coisas mais próximas de um organismo extraterrestre que podemos encontrar na vida real. Elas se desenvolveram em um meio fatal para seres humanos e vivem em um mundo onde a força da gravidade quase não existe. É por isso que os astronautas costumam treinar para seus passeios espaciais dentro de piscinas.
Nos filmes de ficção do cinema os extraterrestres costumam ser representados como criaturas humanoides, bem parecidas com os seres humanos. Todos eles costumam ter dois braços, duas pernas, e uma cabeça com a boca e os olhos. Isso acontece porque antes dos efeitos digitais o único meio de se representar um ET era vestindo um ator com uma fantasia. Daí o antropomorfismo dos ETs cinematográficos.
Na vida real vai ser muito difícil encontrar com exemplares da vida extraterrestre. Mas se isso acontecer o mais provável é que os ETs sejam criaturas aquáticas, vivendo nos oceanos que existem na lua Europa de Júpiter e Encelado de Saturno. E se existir mesmo vida por lá não vão ser homenzinhos verdes ou azuis como aparecem nos filmes. Vão ser criaturas de formas bizarras como as medusas e os vermes gigantes dos oceanos da Terra.
Seriados de ficção como “Viagem ao fundo do mar” e “SeaQuest” já tinham percebido isso, esta semelhança entre o mundo do Espaço Sideral e o mundo submarino. Todas essas séries envolvem encontros com extraterrestres no fundo dos oceanos. O que faz sentido, afinal, os mares cobrem 70% da superfície do nosso planeta, que devia se chamar Planeta Mar, e não Planeta Terra.
Se visitantes do espaço distante descerem aqui é mais provável que o façam nos oceanos. No “SeaQuest DSV” tem um episódio interessante, que pode ser visto no YouTube, onde os alienígenas tentam se comunicar falando a linguagem dos golfinhos. Eles acham que a forma de vida mais inteligente do planeta são os mamíferos marinhos. “Jornada nas Estrelas” também já teve um filme semelhante onde os extraterrestres falam a linguagem das baleias.
Esses filmes podem estar antecipando uma situação que nossa espécie vai enfrentar no futuro. E o modo como tratamos as outras espécies inteligentes do Planeta Terra será o fator crucial no êxito ou no fracasso deste contato.
JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]
3 Comentários
Texto de leitura muito agradável. Gostei particularmente da forma como foi abordada a possível aparência de seres extraterrestres… Muitos pensam em humanóides com inteligência e modo de vida semelhantes aos nossos, mas nada impede que sejam seres microscópicos como amebas, ou mesmo alguma outra forma animal irracional. Há inclusive algumas vertentes da ufologia que afirmam serem os golfinhos e as baleias seres de origem extraterrestre, assim como nós próprios…
Só não entendi a parte onde diz que a gravidade não existe debaixo d’água…
Muito boa matéria! O fundo do mar é realmente um ambiente fascinante e em boa parte desconhecido. Nossa geração, que não vai explorar os continentes e oceanos alienígenas de planetas e luas distantes como Europa e Titã, ainda tem os mares para pesquisar. Como fez o grande Arthur C. Clarke, que dedicou as últimas décadas de sua vida ao mergulho, se inspirando para imaginar a exploração espacial do futuro.
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