Coisas que caem do céu

by Diário do Vale

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Fim: A reentrada de um módulo francês Jules Verne

Fim: A reentrada de um módulo francês Jules Verne

Confirmando as probabilidades a estação espacial chinesa Tiangong 1 caiu no sul do oceano Pacífico na madrugada do último domingo. Foi o caso mais recente de uma longa lista de componentes do chamado lixo espacial que voltam para a Terra. Satélites, estágios vazios de foguetes e laboratórios espaciais abandonados. Desta vez não houve um pânico mundial como no caso da estação russa Mir em 2001 ou do laboratório americano Skylab em 1979. Talvez porque o Palácio Celestial chinês fosse bem modesto, apesar do nome. Pesava nove toneladas e era do tamanho de um ônibus escolar.
A Mir russa era bem maior, tinha 20 metros de comprimento e pesava 130 toneladas. Na semana de sua queda, em março de 2001, o costureiro espanhol Paco Rabanne entrou em pânico. Ele ficou convicto de que a estação espacial ia cair sobre a cidade de Paris, onde ficava seu atelier. O que confirmaria uma previsão do místico Nostradamus sobre o fim da capital francesa na passagem dos séculos 20 para o 21. Rabanne dispensou sua equipe, fechou o atelier e fugiu para bem longe.
Mas os russos controlaram a reentrada da Mir na atmosfera, fazendo com que ela caísse sobre uma região desabitada do oceano Pacífico. Como aconteceu com a Tiangong 1 no domingo passado. Curioso que Paco Rabanne ficou conhecido no mundo inteiro pelas roupas futuristas que desenhava. É dele o traje verde que Jane Fonda usa no filme sobre a heroína espacial Barbarella. O episódio da Mir mostrou que na verdade Rabanne não estava preparado para lidar com o futuro com que sonhava. Quando o futuro chegou ele fugiu correndo.
Aqui em nossa região já tivemos um caso de queda de lixo espacial. Foi em 2011, quando o terceiro estágio de um foguete russo Proton se desintegrou na atmosfera, nas primeiras horas da madrugada, produzindo um belo espetáculo pirotécnico para quem fica acordado até tarde. Outros fragmentos de lixo espacial vão continuar caindo já que muitos satélites e laboratórios orbitais ficam na órbita baixa, entre 400 e 500 quilômetros de altura onde ainda existem moléculas de ar para reduzir sua velocidade.
Na próxima década a Estação Espacial Internacional vai criar um problema interessante quando terminar sua vida útil. Ela tem o tamanho de um campo de futebol, e pesa mais de 500 toneladas. É o maior veículo espacial já colocado em órbita pelo homem. Atualmente ela gasta sete toneladas e meia de combustível por ano para compensar o decaimento de sua órbita. Uma solução para o problema seria reboca-la para uma órbita mais alta, a dois mil ou 3 mil quilômetros de altura onde ela levaria séculos para cair na Terra.
Outra opção seria controlar sua reentrada para ela cair no Pacífico. Como foi feito com a Mir. Os módulos franceses ATV, que levam suprimentos para a estação anualmente são descartados desse modo. Eles fazem uma reentrada controlada e se desintegram na atmosfera. No caso da estação inteira é bem provável que partes dos módulos maiores cheguem inteiras até a superfície do oceano.
Atualmente existem vários projetos para reduzir a quantidade de lixo espacial. Um deles envolve um satélite com uma enorme rede para pescar os objetos no espaço. Até hoje o maior acidente envolvendo lixo espacial foi a queda do satélite espião soviético Cosmos 954 que levava um reator nuclear. Em 1978 ele espalhou resíduos radioativos sobre uma região do norte do Canadá contaminando uma área de 124 mil quilômetros quadrados. A União Soviética teve que pagar a conta da limpeza.
Em 1997, no estado americano de Oklahoma, uma mulher ficou ferida no ombro ao ser atingida pelo pedaço de um foguete Delta, que tinha lançado um satélite da Força Aérea um ano antes. Mas a chance de algo semelhante voltar a acontecer é muito pequena.

JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

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2 comments

Anderson 9 de abril de 2018, 14:25h - 14:25

Muito interessante o artigo. O lixo espacial é realmente um problema. Este assunto foi tratado de forma muito interessante no mangá “Planetes”, imperdível para os amantes da ciência e da ficção científica, que acompanha astronautas privados responsáveis por limpar a órbita terrestre de detritos.

CHICO BENTO 6 de abril de 2018, 07:34h - 07:34

Ser humano… O homem é único e exclusivo causador dos transtornos climáticos e será o único responsável pela extinção da própria raça. Cada queda desses objetos no mar ou onde quer q seja, causa destruição à natureza e contaminação da água. Pagaremos muito caro por isso. ..

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