E o mundo ficou mais burro

by Diário do Vale

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A morte do físico Stephen Hawking deixou uma lacuna enorme não só na ciência como na área da divulgação científica. Hawking não só era um pensador que vivia ampliando o campo do conhecimento humano, como também ia para a televisão, aparecia em programas educativos despertando nas novas gerações o interesse pelo conhecimento científico. Como Carl Sagan, morto em 1996 e Arthur C. Clarke, falecido em 2008, Hawking acreditava que a conquista do espaço é fundamental para a sobrevivência da humanidade.
Hoje, dos grandes pensadores e físicos do século passado, restam Freeman Dyson e Kip Thorne. Dyson, aos 94 anos está praticamente aposentado, ainda que mantenha uma cátedra da universidade de Princeton. Além de importantes contribuições para o nosso conhecimento do universo, Dyson escreveu três ótimos livros de futurologia: “Infinito em todas as direções”, “Mundos imaginados” e “O sol, o genoma e a internet” – este último ainda inédito no Brasil.
Kip Thorne, que foi colega de Hawking em suas pesquisas sobre buracos negros, também já se aposentou como professor de física no Instituto de Tecnologia da Califórnia. Mesmo assim foi um dos laureados com o Nobel de Física de 2017 por sua contribuição para a construção do LIGO, o detector de ondas gravitacionais que confirmou uma das previsões da teoria de Einstein. Ao contrário de Sagan, Hawking e Dyson, Thorne não é muito chegado a escrever livros de divulgação científica. Mas abriu uma exceção em 2014 devido ao sucesso do filme “Interestelar”, cujo roteiro é de sua autoria. Devido ao filme, Thorne escreveu um ótimo livro sobre astrofísica e cosmologia a nível popular, “A ciência do Interestelar”, mostrando que deveria se dedicar mais ao assunto.

Queimada: A Biblioteca de Alexandria na série Cosmos

Queimada: A Biblioteca de Alexandria na série Cosmos

Herbert George Wells disse uma vez que o futuro da humanidade seria decidido pela luta entre o conhecimento e a ignorância. No mundo atual a ignorância vem avançando rapidamente. Vide a popularidade das igrejas fundamentalistas e a volta do nacionalismo. Que já levou o mundo a duas guerras mundiais que mataram milhões de pessoas. A humanidade pode não sobreviver a uma terceira guerra mundial. Daí a importância de acender uma luz na escuridão, de combater velhas crenças que só levam ao conformismo e a submissão. De lembrar que a humanidade é uma só e que só sobreviverá aos desafios do novo milênio se esquecer as antigas divisões de raça, credo e nacionalidade.
O que reforça a importância dos divulgadores científicos. Dos cientistas que escrevem livros e vão para a televisão mostrar que existe um universo maravilhoso além do nosso pequeno planeta. E de que não faz sentido a humanidade continuar morrendo e matando para disputar pedaços de um planeta insignificante ou para impor a crença em deuses ultrapassados.
Carl Sagan gostava de lembrar a história da Biblioteca de Alexandria. Quando Alexandre, O Grande, instalou a sede de seu império na cidade de Alexandria, no Egito, a cidade passou a abrigar uma biblioteca e instituto de pesquisa destinado a reunir todo o conhecimento humano. E durante séculos a biblioteca acumulou milhares de pergaminhos com o melhor da ciência e da arte da antiguidade. Infelizmente os líderes de Alexandria achavam que o conhecimento pertencia as elites e não devia ser compartilhado com a população. Um dia o povo, insuflado por líderes religiosos, queimou a biblioteca e todos os seus tesouros. E a raça humana nunca mais recuperou o conhecimento perdido com aqueles pergaminhos.
Daí a importância de livros e programas de TV mostrando para todos o trabalho e a importância da ciência moderna. Para evitar que a massa ignorante marche de novo contra os nossos templos do conhecimento. Hawking achava que a humanidade estará condenada a extinção se não colonizar o espaço. Um empreendimento que vai exigir um esforço conjunto de toda a humanidade e a formação de toda uma nova geração de pensadores e cientistas. Porque uma nova era das trevas será o ponto final da espécie humana.

 

 

 

JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

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13 comments

sincero 26 de março de 2018, 09:42h - 09:42

Esse Jorge Kalife tem cara de comeninguem.

Anderson 24 de março de 2018, 03:11h - 03:11

Eu citaria como grande divulgador científico da atualidade o Brian Cox, que também tem livros e documentários muito interessantes, além do Richard Dawkins, que faz muito na divulgação da biologia. Mas nenhum deles se iguala ao Carl Sagan, de longe o melhor.

Gomes 24 de março de 2018, 12:08h - 12:08

No Brasil eu citaria Pelé, Tiririca, Faustão, Ratinho, Xuxa, Neymar e seu par romântico……..
Mas nenhum deles se iguala a a Clodovil Hernandes.

Gomes 24 de março de 2018, 13:34h - 13:34

Ah, incluo tbm na citação: Anita, Valesca Popozuda e o macaco do Latino, q faleceu.

VAI VENDO 26 de março de 2018, 07:12h - 07:12

Não precisamos ir muito longe para encontrar pensadores. Em VR temos um dos grandes que conseguiu a proeza de fazer muitos acreditarem nele, mesmo ele não sendo o que parecia.

O Samuca, claro, sendo ele um contador por profissão e professor conseguiu mostrar a muitos que era um “gestor público”. Isto sim que é mudar a história e o destino de um povo.

Ainda bem que ele se intitulou “gestor público” (está no seu santinho) porque não presta contas públicas em audiência pública que é obrigado. Gestor Público (com as iniciais maiúsculas) não faz isso, pois sabe que fere o Art. 37 da CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL de 1988 e várias leis fiscais federais, além de ferir a Constituição do Estado do Rio de Janeiro e a LEI ORGÂNICA DE VOLTA REDONDA.

James Hatfield 23 de março de 2018, 15:44h - 15:44

O físico Stephen Hawking era um grande pensador, mas em termos práticos pouco fez para a melhoria de vida da humanidade. Stephen Hawking foi mais midiático do que realizador de coisas concretas.

Smilodon Tacinus - O Emir Cicutiano 23 de março de 2018, 17:28h - 17:28

Se for levar ao pé da letra eu te dou razão, mas quando vejo o que ele foi e sob que circunstâncias, discordo frontalmente… Hawking foi, acima de qualquer outro adjetivo, um exemplo de vida sobre a morte…

Gomes 24 de março de 2018, 13:40h - 13:40

Mas se for levar ao pé da letra. Eu também sou um grande pensador.
Penso como vou pagar as contas como vou dar um pé nas nádegas da minha mulher, penso como me livrar da minha sogra e dos cunhados, então por essas e outras me acho um grande pensador. Só não tenho é o apoio da mídia.

Fernando 26 de março de 2018, 10:34h - 10:34

Um estudioso em campos da física muito além da realidade do dia-a-dia terrestre. Mas foi um dos grandes embaixadores da ciência, um incentivador como o texto diz. Mas quem sabe, um dia, seus estudos produzam bases para a engenharia – esta sim, uma transformadora de conhecimentos científicos produzidos pela física, matemática, ou química avançados – em aplicações e inovações.

VOTONULO 23 de março de 2018, 10:45h - 10:45

O BRASIL JÁ É O MAIS BURRO HÁ MUITO TEMPO…

Pafunciio 23 de março de 2018, 13:38h - 13:38

Eu não axo. Agente temos de para de pensa q o brasilero é burro.

VAI VENDO 26 de março de 2018, 06:49h - 06:49

Não é o brasileiro que é burro, apesar de ser analfabeto funcional (só consegue lê manchetes de jornais) e analfabeto político por não saber que ao votar nulo deixará de votar contra, assim está a favor dos bandidos desde já.

Smilodon Tacinus - O Emir Cicutiano 23 de março de 2018, 07:17h - 07:17

Mais burro, e também mais cavalo…

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