Ecos de 2013

by Diário do Vale

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Era junho de 2013 e ninguém entendeu nada, como se um prenúncio da rebordosa
tivesse dado as caras antes mesmo da euforia do porre ter ido embora.
Éramos o rei da cocada preta, a mosca branca, a bola da vez, Lula era o cara, Dilma a faxineira, a Copa era nossa, o Brasil o queridinho do BRIC.
Aí de repente havia milhões de pessoas na rua protestando contra tudo e contra todos, incendiando bandeiras e às vezes alguns ônibus também. Gritamos que queríamos mais saúde, educação e menos impostos. Éramos contra o Estado e contra as privatizações também. Queríamos revogar a realização da Copa (cuja escolha festejamos alguns anos antes) para investir o dinheiro em hospitais. Queríamos um país mais justo e menos impune. Éramos infelizes e não sabíamos. Era tudo meio confuso, como se fosse um protesto contra “tudo isso que está aí”.
Agora estamos no meio de um turbilhão sem precedentes (econômico, jurídico, social, moral) e eu nem precisaria gastar meus dedos pra escrever isso, nem você perder seu tempo para ler.
O Brasil virou galinha preta (chuta que é macumba!), a bola fora, Lula pode ser preso, Dilma varrida, a Copa foi um trauma nacional e de BRIC passamos a BROKEN.
Está cada vez mais clara a conexão disso com aquilo. É muita miopia não juntar lé com cré. A marola de 2013 virou tsunami.
Vivemos uma crise de representação sem precedentes. Não é a toa que mesmo com o esfacelamento do PT, nenhum outro partido ou líder consegue ocupar esse vazio.
O espetáculo patético da votação do impeachment no Congresso, salvo raras exceções, é sintomático disso. Não pelo SIM ou pelo NÃO proferidos, mas pelo desfile de bizarrices, pela galhofa em meio ao caos, pelo autismo político, pela desconexão com a realidade.
Estamos num buraco político, moral e econômico e nenhuma pessoa na linha sucessória de Brasília parece reunir um mínimo de condições de reverter isso.
Não estranha que a nação não se sinta representada. Ao mesmo tempo, não é possível terceirizar tanto a culpa assim. Mazelas do sistema político a parte, todos eles foram eleitos por voto popular (muitos estão lá por vários mandatos consecutivos), e, goste-se ou não, são a legítima representação do eleitorado.
Talvez estejamos com vergonha do nosso próprio reflexo no espelho, o que pode ser triste, mas já é um saudável sinal de amadurecimento.
 

ALEXANDRE CORREA LIMA| [email protected]

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1 comment

lila 26 de abril de 2016, 08:04h - 08:04

Exatamente isso, a única coisa que não concordo é que não são todos que estão envergonhados, muitos ainda estão tentando tirar proveito no meio de toda essa bagunça. Parabéns Alexandre e obrigada.

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