Em busca de Oumuamua

by Diário do Vale

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Na semana passada o estranho objeto que cruzou nosso sistema solar recebeu um nome: Oumuamua, palavra do idioma havaiano que significa “o mensageiro que veio de longe e chegou primeiro”. Com 400 metros de comprimento e o formato de um comprido charuto, o objeto interestelar é o primeiro visitante das estrelas a ser detectado atravessando o nosso sistema de planetas. O formato do Oumuamua foi determinado pela equipe do observatório europeu no Chile com a ajuda do supertelescópio VLT (sigla em inglês de Telescópio Muito Grande).

As conclusões do estudo estão no último número da famosa revista científica Nature. O telescópio fez medidas espectroscópicas muito precisas da luz refletida pelo objeto. Elas mostram que o brilho do Oumuamua varia por um fator de dez. Ou seja, no ponto de maior brilho ele é dez vezes mais luminoso do que no ponto de menor brilho. Isso acontece porque o objeto está girando em torno de seu eixo a cada 7,3 horas.

Combinando esses dados com as imagens e observações feitas por outros telescópios, como o Pan-Starss no Havaí, foi possível determinar que o visitante das estrelas tem um comprimento dez vezes maior que sua largura e uma forma muito irregular. Para os astrônomos ele pode ser um estilhaço de rocha deixado por uma colisão entre dois planetas ou asteroides.

O interesse por esse objeto se deve ao fato de ele não pertencer ao nosso sistema solar. É o primeiro pedaço de matéria vindo das estrelas distantes que avistamos passando por aqui. Para saber mais sobre esse estranho objeto será necessário enviar uma sonda espacial, uma nave não tripulada para fazer contato com ele.

Isso é difícil, mas não impossível. Oumuamua está viajando pelo espaço com uma velocidade de 137.900 quilômetros horários. Com essa velocidade ele vai levar séculos para sair dos limites do nosso sistema solar. Que só acaba depois da nuvem de cometas que fica além de Plutão, o mais distante dos planetas. O que nos dá décadas de tempo para projetar uma nave muito rápida, capaz de perseguir Oumuamua e se encontrar com ele.

Já existem projetos de sondas de alta velocidade, como os veleiros laser do projeto Breakthrough Starshot. São naves pequenas, do tamanho de um selo postal, que ficam dentro de grandes velas refletoras de luz laser. E podem ser aceleradas pelos fótons de luz até velocidade de mais de um milhão de quilômetros horários. Uma sonda assim poderia passar perto do objeto, tirar fotos dele a curta distância e retransmiti-las para a Terra.

Segundo os astrônomos esses visitantes do espaço interestelar devem cruzar o nosso sistema solar regularmente, na média de um por ano. Até aqui eles passavam despercebidos porque os telescópios antigos não tinham potência para perceber sua presença. Foi a partir da inauguração de supertelescópios, como o VLT do Chile, que os intrusos das estrelas se tornaram visíveis.

“Agora que encontramos a primeira rocha interestelar estamos prontos para observar as próximas”, disse o astrônomo Olivier Haunaut da ESO. Além de ter a forma de um charuto, Oumuamua tem uma cor vermelha escura. O que é compatível com um objeto que sofreu o bombardeio de raios cósmicos durante séculos de viagem pelo espaço interestelar. Alguns dos asteroides e pequenos planetas, da periferia do nosso sistema solar também apresentam esta cor.

Estranho: Objeto parece um foguete feito de pedra

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Futuro: Veleiro laser pode perseguir o objeto

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JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

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1 comment

Anderson 1 de dezembro de 2017, 13:35h - 13:35

Deve ter sido a nave alienígena do “Encontro com Rama”, que fez uma visita rápida ao Sistema Solar. Como os ramanianos sempre fazem tudo em 3, teremos a visita de mais dois artefatos nos próximos anos. Viva o Arthur C. Clarke, um visionário!

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