Estrela anã branca surpreende astrônomos

by Diário do Vale

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Astrônomos ingleses descobriram o primeiro pulsar de anã branca. Até recentemente, acreditava-se que só as estrelas de nêutrons, mais compactas, podiam dar origem aos pulsares. Agora a teoria terá que ser revista, a AR Scorpii, uma estrela anã branca situada na constelação do Escorpião, a 380 anos-luz, emite feixes de energia como um pulsar. É o primeiro pulsar de anã branca.

A descoberta foi feita pelos astrônomos Boris Gansicke e Tom Marsh, da Universidade de Warwicke, e relatada em um artigo para a revista Nature Astronomy. Os primeiros pulsares foram descobertos no final da década de 1960. Quando os radiotelescópios da Terra começaram a receber pulsações precisas de rádio, repetidas em frações de segundo. Durante algumas semanas a descoberta foi mantida em segredo, porque os astrônomos pensavam que eram transmissões feitas por seres extraterrestres. Na época não se conhecia nenhum fenômeno natural capaz de produzir sinais de rádio daquele tipo.

Devido a suspeita o primeiro pulsar foi batizado com a sigla LGM, das iniciais em inglês de “pequenos homens verdes”. Observações posteriores, com telescópios, mostraram que os sinais de rádio eram criados pelo imenso campo eletromagnético das estrelas de nêutrons. Essas estrelas são o núcleo colapsado de estrelas gigantes, que explodiram como supernovas.

Uma típica estrela de nêutron tem o tamanho de uma cidade e é feita de neutrônio. Uma massa de nêutrons tão compacta que uma colher de sua substância pesa milhões de toneladas.

Hoje em dia os sinais precisos dos pulsares são usados como padrão de tempo, para acertar os relógios atômicos dos observatórios. Já as estrelas anãs brancas são o que restou de estrelas normais, como o nosso Sol, depois que seu combustível de hidrogênio se esgota. A estrela ejeta suas camadas externas e o que resta é um núcleo mais ou menos do tamanho do planeta Terra.

Observações recentes mostram que a AR Scorpii tem um campo magnético 10 mil vezes maior que o mais forte campo magnético que possa ser produzido em nossos laboratórios. Esse magneto cósmico produz um poderoso feixe de radiação que atinge uma estrela vermelha vizinha, companheira da anã branca. Os elétrons na atmosfera da estrela vermelha são acelerados até quase a velocidade da luz.

Essa corrente elétrica faz a luz da estrela pulsar com intervalos de dois minutos. A maioria das estrelas da nossa galáxia não existe sozinha, como o Sol da Terra. Elas formam duplas ou trios com outras estrelas. A AR Scorpii é uma estrela dupla, formada pela anã branca e por sua companheira, uma estrela vermelha normal.

Por enquanto o estudo dessas estrelas distantes tem que ser feito a distância. Através de telescópios como o Hubble e o Kepler. Mas os engenheiros espaciais já estão projetando sondas capazes de viajar até esses mundos distantes. No mês passado a equipe do projeto Breakthrough Starshot anunciou que pretende enviar uma nave, do tamanho de um selo postal, para fotografar o planeta Proxima b, que orbita a estrela mais próxima depois do Sol, a Proxima Centauri.

A sonda será acelerada por uma vela de luz, iluminada por um poderoso raio laser. Veleiros espaciais já foram testados aqui, em nosso sistema solar. Um deles é o Ikarus, do Japão, que viaja entre as órbitas da Terra e de Vênus. Para ir até Proxima b um veleiro desse tipo não pode contar só com a luz do Sol. Ele será acelerado pela luz artificial de laseres, podendo atingir uma velocidade da ordem de 50% ou 60% da velocidade da luz. Proxima b fica a 4,5 anos-luz da Terra (40 trilhões de quilômetros), bem mais perto do que a AR Scorpii

Dupla: A anã branca e sua companheira vermelha

Dupla: A anã branca e sua companheira vermelha

 

 

JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

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3 comments

Luiza 19 de fevereiro de 2017, 13:41h - 13:41

Parabéns pelo artigo. Bastante esclarecedor. Sempre procuro acompanhar sua produção redacional. Suas publicações são didáticas e bastante procedentes.
Sucesso!
Luiza.

Anderson 16 de fevereiro de 2017, 09:35h - 09:35

A mera possibilidade de viagens interestelares é um assunto instigante, mas infelizmente ficará para as próximas gerações. Mesmo assim, as descobertas feitas pelos telescópios aqui na Terra e no espaço são fantásticas. O universo é realmente cheio de surpresas.

Ladybug 16 de fevereiro de 2017, 08:09h - 08:09

A ciência vai mais além do que se possa imaginar. A cada dia surgem coisas novas e interessantes. Gosto do assunto. Parabéns pela matéria.

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