Estrela recém-nascida cria um sabre de luz duplo

by Diário do Vale

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O Universo continua a surpreender os astrônomos com sua beleza. No mês passado, enquanto o filme “Star Wars – O despertar da força” chegava aos cinemas, o telescópio espacial Hubble fotografou uma estrela com um sabre de luz duplo. Trata-se da estrela HH 24 situada a 1350 anos-luz da Terra. A HH 24 é uma protoestrela ou estrela recém-nascida, que acabou de se formar. Essas estrelas estão cercadas pelo disco de gás do qual se formaram. E emitem jatos de matéria pelos polos, que lembram as armas de alguns vilões de Guerra nas Estrelas.

Para entender o belo fenômeno é preciso entender como se formam as estrelas. Elas surgem do colapso gravitacional de gigantescas nuvens de gás hidrogênio frio. A gravidade faz com que parte do material forme um disco de matéria giratória em torno da estrela recém-nascida. Nesta fase os cientistas da Nasa comparam o apetite da estrela, pela matéria do disco, a gula do vilão Jabba The Hutt. A estrela vai crescendo à medida que engole matéria do disco giratório.

Parte do material superaquecido se derrama e é lançado para fora da estrela através dos polos, as únicas regiões desimpedidas. Ondas de choque se formam ao longo dos jatos e aquecem os gases da nebulosa ao redor até temperaturas de milhares de graus centígrados. Com o passar dos milênios o processo de formação da estrela termina e os jatos se apagam. Do material que restou no disco formam-se planetas como a Terra, Júpiter ou Saturno. A onda de choque dos jatos forma nebulosas emaranhadas conhecidas como objetos Herbig-Haro.

Embora as imagens do telescópio Hubble revelem detalhes nunca vistos dessas protoestrelas, elas serão o alvo do futuro telescópio espacial James Web. Que será ainda mais poderoso do que o Hubble.

Matéria

A HH 24 fica em uma região de formação de estrelas conhecida como nuvem molecular Orion B. Mas as protoestrelas não são os únicos corpos celestes a emitirem raios e jatos de matéria. Os buracos negros gigantes também exibem um comportamento semelhante. Eles também possuem discos giratórios de material ao seu redor. E parte dessa matéria escapa pelos polos. Um buraco negro desse tipo foi detectado pelo telescópio espacial Chandra, e fica em uma galáxia distante, a Pictor A, a 500 milhões de anos-luz da Terra. O efeito também lembra uma arma de Guerra nas Estrelas.

A Estrela da Morte do vilão Kylo Ren, que pode lançar imensos raios de energia através da galáxia.

O feixe lançado pelo buraco negro da Pictor A atravessa uma distância de 300 mil anos-luz. Só para comparação é bom lembrar que a nossa galáxia, a Via Láctea, é um redemoinho de estrelas com 100 mil anos-luz de diâmetro.

Dentro do jato viajam elétrons acelerados quase a velocidade da luz. Eles colidem com os fótons da radiação de fundo, deixada pelo Big Bang, a explosão que formou o Universo há mais de 13 bilhões de anos. O resultado é que a energia dos fótons é acelerada até a faixa dos raios X.

É por isso que o fenômeno foi detectado pelo telescópio Chandra, que é sensível aos raios X. Para formar a colorida imagem aí em cima os dados do Chandra foram combinados com uma imagem criada por um radiotelescópio australiano, que é sensível às ondas de rádio. As partes azuis da imagem correspondem as emissões de raios X e as vermelhas as emissões de rádio.

As duas imagens, da estrela recém-nascida e do buraco negro gigante, mostram que a natureza pode igualar as maiores fantasias do cinema de ficção. Na vida real não são necessários vilões malvados e armas apocalípticas para iluminar o universo com fantásticos jatos de energia e matéria. Eles são produzidos rotineiramente pelas estrelas, nas várias fases de suas vidas de bilhões de anos.

 

Hubblelightsaber

Estrela: O sabre de luz duplo da HH 24

pictora

Buraco negro: O raio da galáxia distante

 

JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

 

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