Estudando as auroras da lua Ganimedes

by Diário do Vale

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Brilhantes: As auroras brilham azuis sobre a lua de Júpiter (Foto: Divulgação)

Ganimedes, a maior lua do planeta Júpiter, pode ter mais água do que o planeta Terra. E a descoberta foi feita a partir do estudo das auroras que brilham sobre a grande Lua. Além de ser a maior lua de Júpiter, Ganimedes é a única lua que tem um campo magnético. O que cria aquelas cortinas de luz fluorescente que vemos no céu, perto dos polos sul e norte da Terra. Todos os mundos com campos magnéticos têm auroras, e no caso de Ganimedes as cortinas de luz fluorescente são influenciadas também pelo forte campo magnético do vizinho Júpiter.

Quando o campo magnético de Júpiter sofre alguma alteração as auroras oscilam em Ganimedes. Observando o fenômeno, através do telescópio espacial Hubble, o cientista Joachim Saeur, da universidade de Colônia na Alemanha, teve uma ideia original. Usar o Hubble, um telescópio ótico (ou seja que funciona na faixa da luz visível e ultravioleta) para olhar o interior de Ganimedes. “Nos sempre estamos pensando em novos meios de usar o telescópio. Haveria um meio de olhar dentro de um corpo planetário? Então eu pensei, claro, as auroras! As auroras são controladas por campos magnéticos, se observa-las do modo adequado vai aprender algo sobre o campo magnético. E o campo magnético indica o que tem dentro da lua”.

 Oceano subterrâneo

Há muito tempo os astrofísicos suspeitam que Ganimedes tem um oceano subterrâneo, oculto em seu interior. Em 2002 a missão da sonda Galileu capturou instantâneos do campo magnético de Ganimedes, mas foram observações muito curtas para revelar o comportamento deste campo. Se o mar oculto em Ganimedes for de água salgada ele criará um segundo campo magnético que vai se opor ao campo magnético de Júpiter. O que reduz as oscilações das auroras para dois graus no lugar de seis. Foi o que mostraram as observações feitas com o telescópio Hubble.

A pesquisa sugere que o oceano de Ganimedes tem 100 quilômetros de profundidade, dez vezes mais profundos do que os oceanos da Terra (cuja profundidade média é de quatro quilômetros). Eles estão protegidos do vácuo do espaço por uma crosta de gelo com 150 quilômetros de profundidade, o que os torna inacessíveis para as sondas espaciais atuais. Outra lua de Júpiter, Europa, também tem um oceano oculto, mas em Europa a crosta de gelo é bem mais fina. No futuro os cientistas pensam em enviar um robô até Europa para perfurar o gelo e procurar vida no mar oculto. Como foi mostrado no filme do James Cameron “Aliens of the Deep” (Alienígenas das Profundezas).

 Telescópio Hubble

No dia 24 de abril o Hubble completa 25 anos de pesquisas. Lançado ao espaço em 1991 o telescópio orbital é um antigo sonho dos astrônomos. Ele permite observar o Universo, os planetas, as estrelas, galáxias e luas sem a interferência da atmosfera da Terra. Para captar o movimento das auroras de Ganimedes a equipe usou a luz ultravioleta, que é bloqueada pela atmosfera. Quando foi lançado o Hubble tinha um defeito no seu espelho principal, mas ele foi consertado pelas equipes de astronautas do ônibus espacial da Nasa.

E falando em campos magnéticos, a Nasa enviou ao espaço, quinta-feira passada, os quatro satélites MMS, ou Espaçonaves de Multiescala magnetosfera. Lançados por um único foguete Atlas eles vão observar o fenômeno da reconexão magnética que produz explosões de energia da ordem de bilhões de megatons. O fenômeno acontece sempre que o campo magnético da Terra ou de outros planetas se reconfigura o que pode lançar partículas no espaço com uma velocidade próxima a da luz.

O que os quatro satélites aprenderem sobre a magnetosfera da Terra poderá ser aplicado a outros astros exóticos, como pulsares e buracos negros. É o campo magnético da Terra que nos protege da radiação e das partículas atômicas que chegam do espaço. Sem ele a vida na Terra seria muito difícil, talvez impossível.

JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

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