Intensidade do furacão Patricia surpreende climatologistas

by Diário do Vale

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Que o clima anda esquisito todo mundo sabe. Mas, as vezes, ele surpreende até os especialistas no assunto. Na semana passada o mundo assistiu a formação de um furacão monstruoso, o Patricia, que bateu todos os recordes em velocidade dos ventos e queda de pressão atmosférica. Patricia atingiu a costa oeste do México e só não produziu uma tragédia igual a do Katrina, em Nova Orleans, porque o México tem um relevo montanhoso, que fez o furacão perder força e se dissolver rapidamente.
Os ventos do Patricia chegaram a 325 quilômetros horários, superando o recorde anterior, estabelecido pelo furacão Allen, que teve ventos de 305 quilômetros horários em 1980. A queda de pressão no vórtice do Patricia também bateu um recorde, chegando a 879 milibares. Até então o mínimo registrado tinha sido 882 milibares registrado durante o furacão Wilma em 2005. O registro foi feito por uma equipe de Caçadores de Furacões, que voou para dentro do redemoinho em um avião WP-3D Orion da NOAA (a Administração Nacional de Atmosfera e Oceanos dos Estados Unidos), o NOAA-43.
Os tripulantes do avião ficaram tão entusiasmados que postaram a foto aí ao lado, na internet. Eles fazem um trabalho perigoso, entrando nos furacões para fazer medições, usando o que é, essencialmente, uma versão modificada do avião comercial Lockheed Electra (aquele que foi usado na Ponte Aérea Rio-São Paulo, no século passado). Os aviões são preparados para resistir a turbulência extrema, mas não é uma viagem agradável.
Segundo os climatologistas esse furacão monstruoso surgiu de uma coincidência de situações favoráveis. A temperatura das águas do oceano Pacífico estava excepcionalmente alta, em torno dos 30 graus centígrados, e os índices de umidade eram muito altos. O que forneceu o combustível necessário para que Patricia crescesse rapidamente. Desde o início da década de 1990 que os climatologistas estão avisando que o aquecimento do planeta ia tornar as tempestades mais violentas e mais frequentes. O que já deixou de ser uma possibilidade e virou uma realidade.

Nós e o fenômeno

O que é que nós temos com isso? Pode perguntar o leitor. Tudo. O aquecimento dos oceanos é um fenômeno global. Em 2004 tivemos um pequeno furacão, categoria 1 na costa de Santa Catarina devido ao aquecimento das águas do Atlântico. Nada que se comparasse a categoria 5 do Patricia, mas que deve servir de advertência. Em 2011 uma tempestade de intensidade fora do comum matou mais de mil pessoas na região de Teresópolis no Rio de Janeiro.
E a coisa pode ficar ainda pior. Na semana passada um estudo publicado na revista Nature, que é uma das revistas científicas mais importantes do mundo, previu que a região do Golfo Pérsico, no Oriente Médio, vai se tornar inabitável até 2070. Este ano aquela região, que abrange a Arábia Saudita e os emirados árabes, experimentou ondas de calor que atingiram temperaturas de até 50 graus centígrados. Segundo o estudo esse fenômeno vai se tornar mais frequente e a temperatura por lá vai chegar a níveis capazes de matar um ser humano depois de seis horas de exposição. No cálculo é usada a chamada Temperatura de Bulbo Úmido, que leva em conta o efeito da umidade do ar.
Quando ela passa de um certo nível o corpo humano não consegue mais se resfriar com o suor e a pessoa morre. Esse valor limite, que é de 46 graus de temperatura e 50% de umidade quase foi atingido no Irã, em julho deste ano. Há certa justiça poética nesta catástrofe. Os países daquela região tem sua economia baseada na extração e comercialização de combustíveis fósseis como o petróleo. Cujo consumo contribui para o aquecimento do planeta. Quando os cientistas começaram a divulgar a questão do aquecimento global sofreram forte oposição dos representantes dos países produtores de petróleo. Que podem ter cavado a sua própria sepultura.
O estudo ainda dá uma esperança e diz que a situação pode ser evitada se houver uma redução nas emissões de dióxido de carbono. Do contrário, cidades como Dubai podem virar cidades fantasmas.

Coragem: Tripulação do NOAA-43 mostra o recorde de pressão (Foto: Divulgação)

Coragem: Tripulação do NOAA-43 mostra o recorde de pressão (Foto: Divulgação)

 

JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

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