Motor de fusão pode revolucionar as viagens espaciais

by Diário do Vale

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Semana passada, no dia 16 de junho, os russos festejaram os 54 anos do voo da cosmonauta Valentina Tereskhova, a primeira mulher a ir ao espaço em 1963. Foi há mais de meio século e desde então homens e mulheres aprenderam e viver e trabalhar no espaço. Mas não conseguiram ir além da órbita da Lua. O problema é que os foguetes de propulsão química são muito lentos e com eles as viagens aos planetas levam meses e anos. Mas isso pode mudar nos próximos anos com os projetos de naves movidas a fusão nuclear e íons.
Quando Valentina orbitou a Terra, a bordo de seu Vostok 6, os especialistas já falavam em naves iônicas e fotônicas. Mas o desenvolvimento dessas tecnologias foi lento. Motores iônicos já são usados para impulsionar sondas espaciais, como a Dawn, que visitou os asteroides Ceres e Vesta, mas nunca foram usados em naves tripuladas.
Agora isso pode mudar com o projeto sendo desenvolvido pela Universidade Politécnica de Turin, e pela empresa Thales Alenia da Itália. A partir de uma proposta da engenheira espacial Martina Mammarella a empresa começou a projetar um rebocador espacial, de propulsão iônica, que poderia fazer viagens sucessivas entre a Estação Espacial, em órbita da Terra e a órbita da Lua. Onde a Nasa pretende construir uma nova estação espacial.
Todo foguete precisa lançar alguma coisa pela cauda, para gerar empuxo na direção contrária. Nos foguetes químicos, usados atualmente, algum tipo de combustível, que pode ser querosene ou hidrogênio líquido é misturado com oxigênio líquido e os gases produzidos pela combustão escapam pela tubeira, impulsionando a nave para a frente. O problema é que os foguetes químicos consomem toneladas de combustível e são muito caros. Com eles as viagens a Lua consumiram a soma de 109 bilhões de dólares na época do projeto Apollo.
Na propulsão iônica não se queima nada. O motor usa um campo elétrico para ionizar os átomos de um gás e lançar as partículas eletrificadas pela cauda, gerando o empuxo. O consumo de combustível é muito pequeno e consegue-se obter velocidades maiores. O problema é que a propulsão iônica só funciona no vácuo do espaço e exige uma grande quantidade de energia elétrica. Que pode ser obtida por painéis solares.
Mais avançado que o motor iônico é o motor de fusão nuclear. Que usa a mesma energia que mantem o Sol brilhando. Uma empresa americana, a Princeton Satellite System anunciou que está desenvolvendo motores de fusão do tamanho de uma geladeira, para impulsionar naves espaciais. A fusão só ocorre nas temperaturas e pressões que acontecem no interior do Sol. O que é muito difícil de conseguir aqui na Terra. Mas a empresa americana parece ter conseguido um meio de resolver o problema.
No motor de fusão da PSS, isótopos de hidrogênio, como o deutério e o hélio3 são aquecidos por ondas de rádio de baixa frequência e comprimidos por campos magnéticos até produzir um plasma de altíssima temperatura. Onde os átomos se fundem como no interior do Sol. O plasma fica confinado dentro de um anel eletromagnético e é dirigido para escapar pela cauda da nave. Escapando com velocidades de 25 mil quilômetros por segundo. (Quanto maior for a velocidade de escape dos gases maior é a velocidade atingida pelo foguete).
A empresa americana afirma que poderá produzir seus motores de fusão com o baixo custo de 20 milhões de dólares. Com eles o tempo de uma viagem de ida e volta até Marte cairá, dos dois anos atuais para 310 dias. Reduzindo a quantidade de suprimentos que precisam ser levados e o tempo de exposição dos viajantes a radiação cósmica.
As missões robóticas também vão se beneficiar com a nova tecnologia. Enquanto a sonda New Horizons levou nove anos para chegar em Plutão, uma nave de fusão, com motor de 1 megawatt, pode fazer a mesma viagem em quatro anos e ter energia sobrando para irradiar mais de um milhão de bits de dados por segundo.

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JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

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1 comment

Anderson 22 de junho de 2017, 15:02h - 15:02

Muito interessante a matéria. Não sei se é verdade, mas dizem por aí que um motor de fusão poderia teoricamente fazer uma nave atingir velocidades de até 1/10 da velocidade da luz. Se isso for possível, poderia-se enviar uma sonda não tripulada a outras estrelas dentro do período de vida de um ser humano! Mas ainda acredito que para ir a Marte na próxima década não precisamos de nenhuma tecnologia exótica, pois todos os sistemas necessários de suporte de vida, propulsão, navegação, pouso, proteção contra radiação, etc, já foram desenvolvidos nas décadas de 60 e 70.

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