O biólogo inglês J.B.S Haldane disse uma vez que o Universo é mais estranho do que podemos imaginar. Ele estava certo e a astronomia moderna tem revelado visões fantásticas. Mundos bizarros e coloridos que lembram aquela viagem psicodélica nos dez minutos finais de “2001: Uma odisseia no espaço”. Semana passada uma equipe do ESO, o Observatório Europeu Austral, descobriu duas estrelas gigantes, tão próximas uma da outra que elas se tocam, trocando matéria em um beijo cósmico.
Conhecidas pela sigla VFTS 352 o par de estrelas fica há 160 mil anos luz da Terra em uma galáxia vizinha da Via Láctea, a Grande Nuvem de Magalhães. Elas são estrelas do tipo O, as mais quentes e brilhantes que existem. Brilhando com uma luz azulada, as estrelas tipo O costumam ter massa variando de 15 a 80 vezes maior que a do Sol. E uma temperatura superficial de 30 mil graus centígrados. A temperatura na superfície do nosso Sol fica em torno dos três mil graus.
No caso da VFTS 352 elas estão tão próximas uma da outra que giram em uma valsa celestial, dando uma volta a cada 24 horas. Seus centros estão separados por uma distância de 12 milhões de quilômetros, mas elas são tão grandes que suas superfícies se tocam e elas trocam matéria entre si. No caso da VFTS 352 as medições feitas com o telescópio VLT (sigla de Telescópio Muito Grande) mostram que a dupla tem 52 vezes a massa do Sol e uma temperatura superficial de 40 mil graus. Esse tipo de estrela radical é vital para a evolução das galáxias porque elas produzem o elemento oxigênio, sem o qual a vida como a conhecemos não existiria.
Um dos membros da equipe que fez a descoberta é o pesquisador Leonardo de Almeida, da Universidade de São Paulo. Em um artigo publicado no Astrophisical Journal a equipe sugere que as duas estrelas podem acabar se unindo para formar um astro de rotação rápida. Estrelas desse tipo acabam explodindo como supernovas e podem dar origem a um buraco negro. A explosão espalha pelo Universo os elementos, como o oxigênio, sintetizados em seu interior. A VFTS 352 fica situada em uma região de intensa formação de estrelas, chamada de Nebulosa da Tarântula, na galáxia de Grande Nuvem de Magalhães.
Do outro lado do mundo
Enquanto isso, do outro lado do mundo, uma equipe da Nasa, a Agência Espacial Americana, conseguiu registrar o momento em que um buraco negro liberava uma intensa descarga de raios X no espaço. Os observadores usaram dados de dois telescópios espaciais, o Swift e o Nustar. O Swift, que é sensível aos raios X, foi o primeiro a registrar a descarga de raios X partindo do buraco negro Markarian 335, que fica a 324 milhões de anos-luz, no centro de uma galáxia na constelação do Pégaso.
A gravidade de um buraco negro é tão intensa que nem a luz consegue escapar deles, por isso eles são negros. Entretanto, esses astros aparecem cercados por discos de matéria brilhante e quente que revelam sua presença. Outra fonte de energia próxima de um buraco negro é sua corona. A corona é feita de partículas altamente carregadas que produzem raios X. As observações feitas com o Swift e o Nustar suportam a teoria de que as coronas são regiões compactas, acima e abaixo do buraco negro. Outra teoria sustentava que eram regiões mais difusas, formando uma nuvem energética.
Buracos negros situados no centro de galáxias, como o Markariam 335 são a fonte de energia para os astros mais brilhantes do universo, os quasares. Descobertos na década de 1960 os quasares deixaram os astrônomos perplexos com o seu brilho intenso. Hoje sabemos que eles são núcleos ativos de galáxias muito distantes.
JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]
1 comment
Bom dia
Até que enfim o colunista achou outro assunto que não fosse falar mal de Pinheiral.Ele anda pela cidade com o seu cachorro fazendo coco e nem se dá ao trabalho de limpar,e se acha no direito de criticar a cidade.Acho melhor ele fazer algo para ajudar ao invés de criticar.
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