O Cachimbal degradado e a seca em nossa região

by Diário do Vale

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Apoio: Branco ajuda a tirar o lixo do Cachimbal  (Foto: Jorge Luiz Calife)

Apoio: Branco ajuda a tirar o lixo do Cachimbal
(Foto: Jorge Luiz Calife)

A crise hídrica chegou para ficar e o povo não está nem aí. Lá em Pinheiral é comum ver as pessoas lavando carros e varandas com aquelas vassouras hidráulicas. Não chove há mais de 30 dias e a poeirada toma conta da cidade. O trecho sem asfalto na Rua Domingos Mariano, em frente ao Capitólio, produz uma nuvem branca de poeira cada vez que passa um caminhão. Nenhum prefeito jamais se interessou em asfaltar aquela rua e no período de seca parece uma paisagem do faroeste. Sem direito a índios ou montanhas de arenito.
Segunda-feira passada pegou fogo no capim seco que cobre o morro da televisão. Onde ficam as antenas retransmissoras da TV aberta. Felizmente, só tem capim e eucaliptos por lá. Seria pior se atingisse o pouco que resta da mata nativa.  Na terça-feira de manhã os dois morros, o da TV e o vizinho, eram uma paisagem de cinzas e troncos fumegantes. Pinheiral tem taxa de incêndio, mas não tem Corpo de Bombeiros e é o pessoal do campus que combate esses incêndios, do jeito que pode.
A água anda escassa, mas o povo não cuida nem dos poucos mananciais que ainda restam. Como o degradado Cachimbal. O riacho que passa atrás do campus Nilo Peçanha já foi fundo e caudaloso. Quando eu era criança íamos nadar e mergulhar na pedreira. Um lago natural que ficava um pouco acima. A profundidade chegava a uns dois metros e tinha até peixes de bom tamanho.

Realidade

Hoje o Cachimbal é um fiozinho de água por onde o meu cachorro, o Branco, anda sem dificuldade como na foto aí em cima. O povo acha que o riacho é depósito de lixo e atira sacos de plástico cheios de todo o tipo de refugo, lá de cima, da ponte na Rua Helena Correia de Miranda. Como o riacho está raso, com um palmo ou dois de água, os sacos não afundam e ficam lá no meio estragando a paisagem. O conteúdo é uma mistura de lixo orgânico com recipientes plásticos e garrafas PET. Sempre que o Branco vê um desses sacos, durante os nossos passeios, ele entra na água, vai lá no meio do riacho, pega o saco com os dentes e arrasta para a margem.
Não sei o porquê ele faz isso. Talvez para ver se tem alguma coisa comestível dentro do saco. Não sei, o fato é que ele dá a sua contribuição. E ajuda a tirar uma parte, pequena, do lixo que jogam no Cachimbal.
Apesar de toda essa falta de cuidado as águas ainda são razoavelmente transparentes. Dá para ver o tapete de folhas secas que caem das árvores. Na época das chuvas de verão, no final do ano, essas folhas são carregadas pela correnteza e aí o leito de areia aparece. A vida ainda persiste e é possível encontrar pegadas de capivaras que sobem o rio acima, vindas do Paraíba. Em tempos melhores já vi peixes de grande porte se alimentando embaixo do pontilhão de metal. Atualmente dá para ver uns girinos, uns mariscos e olhe lá.
A população de pássaros é bem maior. Tem garças e um pássaro preto grande, com uma crista vermelha, cujo nome me escapa no momento. As margens do Cachimbal ainda são um último refúgio do verde em Pinheiral. Antes de passar pelo campus ele percorre um pequeno trecho de mata que já foi devastado por dois incêndios. É uma região que precisa de cuidados. Para evitar que aconteça outro incêndio por lá e acabe destruindo o pouco que restou. Com essa seca o bosque está cheio de capim seco e basta uma fagulha para iniciar um incêndio.
E fica aqui um apelo e um lembrete. Lugar de lixo é no lixo, não no riacho. Não faltam recipientes para a coleta de lixo em Pinheiral. Acho que é hora de uma campanha de conscientização, com o apoio das escolas municipais para reverter essa situação. O clima da nossa região está mudando de úmido para árido. Vivemos em um clima de deserto onde faz calor de até 30 graus durante o dia e de noite a temperatura despenca para 17, 18 graus. É a chamada amplitude térmica que arrasa com a nossa saúde. É preciso fazer alguma coisa antes que seja tarde demais.

Jorge Luiz Calife | [email protected]

 

 

 

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10 comments

Al Fatah 17 de agosto de 2015, 20:56h - 20:56

Quem vive na pobreza dentro, com raríssimas exceções, tem poucas noções de cidadania e respeito à natureza. O instinto predominante em qualquer criatura é o da autoconservação, então quem está na penúria pensa mais no seu mundinho e nas suas necessidades imediatas, não faz reflexões sobre futuro e sobre o mundo que o cerca… É muito mais fácil para quem tem uma vida estável e situação relativamente confortável voltar seus interesses para esse tipo de coisa, mas ao mesmo tempo tem uma dificuldade imensa em se colocar na situação do outro…

ÊTA POVINHO 15 de agosto de 2015, 20:32h - 20:32

Ih, aí em Pinheiral tem também os incendiários como em VR?

Ai tem tbm os destruidores de bilhões de microrganismos por metro quadrado de vegetação?

Em VR tem os incendiários que não podem ver uma vegetação seca e além disso tem os drogados que fazem “foguinho” para acender a sua droga e, depois de alucinados, esquecem o “foguinho” aceso.

Será que o Branco tirou do riacho aqueles saquinhos patrocinados por supermercados, padarias, farmácias, etc para o POVINHO lançar no rio o seu lixo?

Não sei se é felizmente ou infelizmente dizer que esses moradores (nem podemos chamá-los de cidadãos) não poderão mais lavar passeios (calçada) com a vassouras hidráulicas, de novembro para frente.

Será que teremos água tratada depois disso? Vamos economizar, pois eu costumo acertar em previsão, heim?!

Em BM já está faltando água.

Antonio 15 de agosto de 2015, 17:32h - 17:32

Curto muito suas matérias, falando de assuntos tão importantes em um tom intimista. Gostei muito da foto do Branco. É fundamental educação e maturidade para preservarmos o que resta da natureza e deixar um legado de sustentabilidade para as futuras gerações.

flavio dos santos 15 de agosto de 2015, 15:28h - 15:28

cara vc deve pagar muito caro para ter este espaço por que nunca escreve nada criativo ,vc fala que e de pinheiral então seria aqui em pinheiral e não la em pinheiral vc e sem noçao

Al Fatah 17 de agosto de 2015, 21:03h - 21:03

Ele fala “lá” pq provavelmente escreve no seu local de trabalho, que imagino ser na redação do DV, que não fica em Pinheiral. Quanto à criatividade, Calife tem crônicas de leitura muito agradável e fala num tom franco e intimista, trazendo o leitor para perto dos personagens. Ele e Aurélio fazem as melhores colunas do jornal, na minha opinião, mas enfim, gosto é gosto…

santos 14 de agosto de 2015, 21:36h - 21:36

este ta doido e que não conhece pinheiral, o trecho que vai do capitolio ate a linha do trem não tem asfalto as empresas ali instalada que deveria cobrar do poder publico as obras necessarias.,meus caros venha a arrozal e visitam o rio cachimbau que e esgoto puro isso sim e dever do poder publico tomar as devidas providencias ja que toda rede de esgoto da localidade vai desaguar nele uma vergonha.

Ta doido! 14 de agosto de 2015, 16:52h - 16:52

Não entendo esse colunista…. Anti Pinheiral só pode. Animal aquela area do Capitolio esta em obras devido ao viaduto que o antigo governo não terminou.. negociação estranha né? se andar mais 20 metros, vera que tem asfalto após o viaduto. Conheça primeiro a cidade que mora para depois criticar. Só falta dizer que a seca do cachimbal é culpa da prefeitura… Mula!

ÊTA POVINHO 15 de agosto de 2015, 20:08h - 20:08

É claro que a seca em Pinheiral é culpa da prefeitura local. Dessa vez São Pedro ficou de fora. kkkkkkkkkkkkkk

Foi o governo que não ensinou o POVINHO em Pinheiral a cuidar do Meio Ambiente e, muito menos, não cuidou dos mananciais e vegetação da cidade para atrair chuvas.

Pelo menos não jogou a culpa no POVO, nos POLÍTICOS e no MEU BRasil. Ufa!

Al Fatah 17 de agosto de 2015, 21:09h - 21:09

Eu fico pasmo de ver como o Diário do Vale permite postagens de tão baixo nível, com ofensas pessoais e xingamentos gratuitos. Isso depõe contra a imagem da publicação, que perde o respeito perante os leitores conscientes. Cadê os redatores?…

Breno 14 de agosto de 2015, 16:12h - 16:12

“Felizmente, só tem capim e eucaliptos por lá. Seria pior se atingisse o pouco que resta da mata nativa.”
A alegria do cidadão está em ja ter perdido a mata nativa para eucalipto e capim. Dá gosto de ver essas coisas ahahahahaha.

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