Tecnologia: O início da era da televisão via satélite

by Diário do Vale

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Pioneiro: Esférico, o satélite tinha pequenos painéis solares (Foto:Divulgação)

Há pouco tempo comentei aqui, nesta coluna, sobre a exibição da nave espacial Mercury no Jardim do Meier, lá no Rio. Mas o ano de 1962 foi marcado por outro avanço na astronáutica que eclipsou a aventura do astronauta John Glenn. Foi naquele ano, no dia 23 de julho, que se realizou a primeira transmissão de televisão, via satélite, através do oceano Atlântico. A façanha foi realizada graças a um pequeno satélite artificial em forma de bola, o Telstar 1, em um projeto que reuniu americanos, ingleses e franceses.

No Brasil a novidade só chegou em 1970, com a Copa do Mundo. A copa de 1962 ainda foi acompanhada na base do rádio de pilha, colado no ouvido. Não tinha essa de ligar a televisão e ver um jogo, ou uma corrida de Fórmula 1 acontecendo do outro lado do mundo. Foi graças a corrida espacial que a televisão via satélite se tornou realidade. E com ela esse mundo de antenas do tamanho de pizzas no telhado das casas.

Assim, se alguém perguntar algum dia pra que serviu a corrida espacial entre russos e americanos é só responder na hora: Pra criar a televisão internacional via satélite.  O início foi complicado e difícil, como geralmente é a implantação de toda tecnologia nova. A ideia de usar satélites no espaço, como retransmissores de sinais telefônicos e de TV é do escritor de ficção científica Arthur C. Clarke, que escreveu o primeiro artigo científico sobre o assunto em 1948, depois da Segunda Guerra Mundial.

Clarke calculou que o satélite devia ficar estacionado a 36 mil quilômetros de altura. Nessa altitude ele acompanha a rotação da Terra e fica parado sobre um hemisfério. Uma ideia genial, mas os primeiros satélites não subiam tão alto. Primeiro a Nasa testou refletir sinais de um enorme balão, o Eco, colocado em órbita por um foguete Thor Delta. O balão era maior que uma casa e brilhava como uma estrela no cair da tarde. Clarke e o cineasta Stanley Kubrick viram o Eco brilhando sobre Nova Iorque e acharam que era uma nave extraterrestre.

O Telstar era bem menor e tinha um transponder, que retransmitia dados, um único canal de televisão e vários de telefonia. Ele dava uma volta em torno da Terra a cada duas horas e 37 minutos e só podia manter a ligação de TV, entre Europa e Estados Unidos, durante 20 minutos. Foi o suficiente para o presidente Kennedy transmitir uma mensagem, tranquilizando os europeus quanto aos boatos de que os Estados Unidos iam desvalorizar o dólar. A imprensa mostrou a estrela do cinema europeu, Gina Lollobrigida, assistindo a transmissão de sua casa em Roma.

Depois o cantor e ator Yves Montand cantou de Paris para os americanos. Tudo em preto e branco, que não dava ainda para transmitir sinais coloridos através do espaço. Um ano depois foi lançado o Syncom, o primeiro satélite em órbita geoestacionária, que permitia o contato constante entre os continentes. No Brasil as primeiras experiências foram feitas com o satélite Relay, da RCA, a Radio Corporation of America. O Relay era do mesmo tipo do Telstar e seus sinais eram captados por uma enorme antena parabólica colocada em Jacarepaguá no Rio de Janeiro. Sempre que eu ia a praia, no Recreio dos Bandeirantes, passava por aquela grande antena branca, instalada ao lado de uma estação móvel.

Em 1970 o governo militar construiu uma antena maior, em Tanguá, perto de Itaboraí, na região dos lagos. Os primeiros satélites exigiam antenas de mais de dez metros de largura para captar os sinais. Imagine instalar uma assim no telhado de sua casa. O sinal era captado e enviado direto para as emissoras de televisão. Que se encarregavam de retransmiti-lo para as residências.

Hoje, com os foguetes modernos, é possível colocar satélites do tamanho de vans na órbita geoestacionária. E captar seus sinais com antenas do tamanho de pratos.

Jorge Luiz Calife | [email protected]

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