O luxo da frugalidade

by Diário do Vale

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A moda muda. O mundo muda. Tudo muda. Trend hoje, trash amanhã.
Uma das coisas que tem mudado é o luxo. Pelo menos suponho, porque essa é uma arena que não tenho credenciais para frequentar.
O luxo precisou mudar para continuar sendo luxo. Como nas últimas décadas o mundo produziu novos milionários, os velhos milionários se sentiram incomodados com o afluxo de tanta gente inculta ao clube dos VIP’s.
É que além dos novos ricos que compram bolsas nas grandes galerias, agora se somaram os velhos pobres de sempre ostentando suas falsificações baratas nos metrôs lotados do mundo.
Vejam as bolsas de grife. Se antes exibiam estampas com centenas de logomarcas, agora mal se é capaz de identificar seu fabricante. Pelo menos para mim. Os ricos haverão de saber quem as fabrica.
Eles precisavam fazer alguma coisa para preservar esses ícones sagrados. Porque o luxo deixa de ser luxo quando se torna acessível.
Mas existe um novo conceito de luxo emergindo muito além dessa frenética saga consumista.
A ostentação acéfala causou tanta rejeição que hoje tem muita gente preferindo ostentar frugalidade.
Um luxo mais zen, pós hippie, onde a opulência insustentável vai sendo substituída por uma vida mais simples, mas cheia de significados. Sai o consumo obsessivo de coisas, entra o acúmulo de experiências.
Porque já está óbvio que o padrão de consumo americano é insustentável em escala global, e não se preenche vazio existencial com mercadorias, nem se compra upgrade para uma existência desprovida de sentido.
Esnobismo é brega, carência de autenticidade. Luxo é usufruir a originalidade das coisas simples.
Luxo é poder se refugiar numa cabana no meio do mato, sem luz nem internet. (E poder sair dela assim que quiser).
Luxo é ter tempo para si mesmo, poder não fazer nada e ao mesmo tempo poder fazer qualquer coisa. Luxo é poder ser você mesmo.
Luxo é fazer das múltiplas formas de arte um complemento da vida.
Luxo é ter horizontes e encontrar sentido nas coisas que não compreendemos. É saber que a velocidade não pode ser um fim em si mesmo, uma corrida irrefletida rumo a lugar nenhum.
Luxo é poder renunciar ao cronograma rígido e experimentar o improviso de uma vida sem algemas.
Luxo é ter bom gosto. O bom gosto das coisas simples.
Luxo não é consumir informação. Luxo é produzir reflexão.
Porque modas à parte, o verdadeiro luxo, hoje e sempre, será o luxo de ter tempo, ser você mesmo, e não ter medo de viver uma vida feliz.
E se você tem essas três coisas, parabéns, você é verdadeiramente rico.

ALEXANDRE CORREA LIMA| [email protected]

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