O poder do 1%

by Diário do Vale

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Lendo o livro “O Terceiro Chimpanzé” do biólogo americano Jared Diamond, fiquei impressionado com uma surpreendente estatística revelada pelo Projeto Genoma: cerca de 99% do DNA humano é rigorosamente igual ao de um chimpanzé. Ou seja, do ponto de vista genético, somos 99% similares aos nossos primos das florestas, o que talvez explique o comportamento peculiar de alguns parentes, vizinhos, colegas de trabalho e torcedores de futebol mais exaltados.
É mesmo intrigante notar que, a despeito de tanta semelhança genética, os humanos pilotem aviões, façam viagens espaciais, componham jazz e estudem física quântica, enquanto nossos primos símios se balançam em árvores e comem cascas de raiz.
Por outro lado, para não ser parcial na análise, é preciso admitir que até onde sabemos, os chimpanzés também não desviam verba pública, não param o carro em fila dupla nem cometem atos terroristas contra seus pares.
Mas o que explica que uma diferença de origem tão pequena resulte em diferenças tão gigantescas no resultado?
A primeira explicação pode ser o efeito acumulado do pouco projetado no longo prazo.  Num percurso pequeno, uma alteração de 1 centímetro não o desvia tanto do destino. Mas em longas distâncias, mesmo um minúsculo desvio de rota o leva a lugares muito distantes do destino inicial.
Mas o fundamental é a natureza das diferenças, certamente.
O fato é que passei a olhar com maior rigor essas pequenas diferenças que produzem grandes resultados. Recorri ao oráculo Google e pesquisei algumas estatísticas dos GP’s de Fórmula 1. Com muita frequência, o tempo que separa o primeiro colocado de uma corrida do terceiro ou quinto colocado são de poucos segundos, uma performance 0,3% menor. Entretanto, quase sempre as diferenças de salário do piloto “1” para o piloto “5” são de até 15 milhoes de euros por ano. Ou seja, o piloto é 0,3% mais rápido e no final do ano embolsa um cheque até 300% maior. Poderia repetir a experiência ad infinitum, em outras atividades esportivas, sociais ou econômicas, com conclusões parecidas.
Talvez seja isso que nos faça perguntar como algumas pessoas que parecem ser tão parecidas conosco conseguem resultados tão melhores.
Tão longe, tão perto. Qual o 1% que nos impede de chegar ainda mais longe?

Alexandre Correa Lima | [email protected]

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