O resgate do cachorro no terremoto da Itália

by Diário do Vale

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O vídeo ainda pode ser visto na internet. Um cachorro cinzento sendo resgatado debaixo de uma pilha de escombros em uma cidade destruída pelo terremoto. Primeiro os bombeiros descobrem as pernas dianteiras, em seguida o focinho. As pernas traseiras estavam sob a pilha de pedras e foi mais difícil de soltá-las. Eles dão água ao animal e continuam o trabalho até libertá-lo. E o cachorro sai intacto do que restou da casa onde ele provavelmente morava com os donos.

Não sei o nome do cachorro. Já vi o vídeo em quatro sites diferentes de notícias e só dizem que ele vivia na cidade de Norcia. Que foi arrasada por um abalo sísmico de grau 6,6 na escala de Richter. Soterrado pelas pedras, o cãozinho só foi localizado graças ao trabalho de seus companheiros de espécie. Os cães farejadores do serviço de resgate dos bombeiros. Ele teve sorte de morar na Itália, apesar dos terremotos. Se morasse na China provavelmente acabaria na panela.

E se morasse em Pinheiral viveria e morreria abandonado nas ruas. Pinheiral parece um lugar favorito para donos irresponsáveis abandonarem seus animais. O governo que se encerra tentou resolver o problema contratando o Cirac, de Porto Real, para recolher os bichos e levá-los para um abrigo. Começaram mal, laçando o Branco, meu cachorro, que tomava banho de sol em frente ao portão da minha casa. Depois entenderam que a missão era resgatar os cachorros abandonados, sem dono, e a coisa funcionou bem por algum tempo.

Apagar das luzes

Com o apagar das luzes do governo do PT o problema voltou a ser esquecido. E os cachorros abandonados estão novamente entregues a própria sorte. Segunda-feira passada tinha um cachorro marrom em estado lamentável perambulando pelas praças Brasil e Teixeira Campos.

A orelha direita tinha sido cortada ou arrancada, talvez em uma briga com outro cachorro de rua. As moscas posaram no ferimento que ficou enfestado de larvas. E fedia muito. As donas das lojas que ficam ali na praça enxotaram o pobre coitado, achando que o fedor ia espantar a freguesia. E o pobre cachorro foi embora, magro, andando com dificuldade.

Há cinco anos teve um caso semelhante, mas o cachorro teve a sorte de procurar refúgio na Escola Agrícola, hoje Instituto Federal. E os alunos cuidaram dele, que acabou sendo adotado por uma professora. Este novo infeliz não teve a mesma sorte. Desde segunda-feira tenho procurado por ele, mas sumiu pelas ruas.

Em Volta Redonda tem uma ONG que presta assistência aos animais de rua. Pinheiral não tem nada disso. Aliás, é mais fácil listar o que Pinheiral tem do que o que não tem. E os animais abandonados dependem da caridade escassa de alguns moradores. Acho que o futuro governo deveria voltar um pouco sua atenção para esse problema. Afinal, o tão falado controle das zoonoses passa por aí.

Atualmente Pinheiral anda sofrendo uma verdadeira epidemia de babesia, conhecida popularmente como “doença do carrapato”. Só no bairro onde moro já morreu um cachorro com essa doença devastadora e três tiveram que fazer tratamento. O Branco pegou e ainda está tomando os antibióticos. Em Pinheiral sempre teve muito carrapato por causa dos pastos em torno da cidade, mas era raro se ouvir falar em doença. Agora está ficando comum. É como a dengue e a Zika nos humanos. Acho necessário algum controle dos carrapatos, porque se hoje é a babesia, amanhã pode ser a febre maculosa.

Espero que a situação melhore no futuro. E que os bichos possam viver em Pinheiral felizes e saudáveis. Como o cachorro da Itália, que sobreviveu ao terremoto e ganhou logo consulta com veterinário e um novo lar.

 Salvo: O cão cinzento sai dos escombros (Fotos: Divulgação)


Salvo: O cão cinzento sai dos escombros (Fotos: Divulgação)

 

 

JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

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