O Rio de Janeiro, no tempo dos bondes e o futuro

by Diário do Vale

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Moderno: O bonde ecológico de Varsóvia na Polônia  (Fotos: Divulgação )

Moderno: O bonde ecológico de Varsóvia na Polônia
(Fotos: Divulgação )

Sonho: A cápsula de alta velocidade do futuro

Sonho: A cápsula de alta velocidade do futuro

O trânsito anda tão ruim aqui na nossa região que me deixou com saudade dos bondes. Aqueles veículos elétricos que transitavam pelo Rio de Janeiro, na década de 1950. Eles eram lentos, levava-se uma hora para ir de uma extremidade da linha a outra, e foram substituídos pelos ônibus, a óleo diesel, aí por volta de década de 1960. A velocidade média do bonde era de uns 40 quilômetros horários. Hoje, a velocidade média dos ônibus, no transito engarrafado não vai além dos dez por hora.

Sexta-feira passada levei mais de uma hora para ir de Pinheiral ao Centro de Volta Redonda. O transito tinha uma retenção, ali nas obras da rodovia do transtorno, depois outro engarrafamento na altura da Água Limpa e finalmente paramos na Avenida Amaral Peixoto, onde o ônibus andou com a velocidade de uma pessoa caminhando. Perto disso o velho bonde do Rio de Janeiro era um transporte rápido.
Hoje, no Rio, só tem bonde no bairro de Santa Tereza, onde é atração turística. Igual na cidade de São Francisco, na Califórnia. Ao contrário da América, na Europa os bondes não foram extintos, eles evoluíram. Os antigos vagões de madeira agora são de metal, fechados como carros de ferrovia e circulam por cidades como Varsóvia, na Polônia e Bruxelas na Bélgica. Como funcionam com energia elétrica eles não poluem o meio ambiente. E circulando sobre trilhos não ficam sujeitos a sinais de trânsito ou engarrafamentos.
É como o trem elétrico. Na década de 1970 tinha uma linha de trem urbano que ia de Barra do Piraí até Resende. De trem elétrico, o Centro de Pinheiral ficava a 10 minutos do Centro de Volta Redonda. Hoje, de ônibus, pulando por cima de 33 quebra-molas, leva-se 45 minutos em condições favoráveis. Com as obras, que não terminam nunca é possível levar uma hora e trinta minutos em um percurso de dez quilômetros. Será que isso é progresso? Eu acho que não.
É incrível como no século XXI, no ano de 2015 ainda percamos horas de nossas vidas presos no trânsito. Dependendo de uma tecnologia obsoleta, do século passado. Não é assim que imaginávamos o futuro. A minha geração tinha sonhos semelhantes aos daquela menina do filme “Tomorrowland”.
Ainda tenho um artigo de 1961, publicado pela Revista Seleções. Onde os futurólogos da época diziam que no século XXI, carros e ônibus seriam coisa de museu. Para ir do centro da cidade para os subúrbios as pessoas se deslocariam em cápsulas de alta velocidade, lançadas dentro de tubos. Os carros só seriam usados para deslocamentos entre cidades. O transporte de cargas e mercadorias também usaria um sistema semelhante. Hoje os especialistas em transporte sonham com o PRT, o Personal Rapid Transit, que usa uns vagões controlados por computador. A ideia está sendo testada nos Estados Unidos e na Ásia. Aqui já ajudaria se tivéssemos um metrô de superfície ou uma linha de trem urbano.
Nossas cidades não foram dimensionadas para a frota de veículos existente atualmente. Nos anúncios da televisão, as montadoras gostam de mostrar carros em alta velocidade por estradas desertas. Geralmente nos desertos dos Estados Unidos ou nas rodovias da Europa. Ultimamente tem um comercial onde os carros super velozes perseguem extraterrestres em um campo de trigo. Tudo distante da realidade em que vivemos. De que adianta ter um carro capaz de andar a duzentos quilômetros horários se a velocidade média no trânsito de nossas cidades não vai além dos trinta?
As estradas brasileiras, construídas no século passado também não permitem deslocamentos muito rápidos. Andar a mais de cem em estradas estreitas, de mão dupla é um convite ao suicídio. Como mostra a estatística de 42 mil mortos no trânsito todo o ano. É o que me deixa com saudade dos bondes.

Jorge Luiz Calife[email protected]

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2 comments

Rogério Soares 10 de junho de 2015, 22:02h - 22:02

Bem que poderia colocar um veículo VLT para fazer o trajeto de Barra Mansa até Angra dos Reis, aproveitaria a linha férrea que a FCA está deixando abandonada, seria inclusive um trem turístico neste trajeto, que traria benefícios para a população de várias cidades.

Menê 10 de junho de 2015, 08:20h - 08:20

Em São Francisco existem dois tipos de bonde. O Cable, que é tracionado a cabo subterrâneo e transporta da parte baixa à alta da cidade, e os strretcars, bondes elétricos restaurados e que trafegam por longas distâncias servindo, efetivamente, como transporte de massa. O interessante é que os streetcars foram adquiridos de diversas cidades do mundo, onde haviam sido relegados ao abandono, restaurados e postos em operação. Graças ao transporte elétrico, São Francisco é uma metrópole silenciosa, não poluida e de fácil deslocamento.

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