O Tantanic da política

by Paulo Moreira
Titanic

Contra o povo: Políticos derrotados costumam adotar o ‘quanto pior, melhor’

Era uma vez um navio, o Tantanic, onde o capitão era eleito. Tripulação e passageiros votavam e escolhiam o comandante, a cada porto. Numa dessas ocasiões, foi escolhido um homem que era desafeto de um grupo de tripulantes. Durante a eleição, eles fizeram de tudo para que ele fosse derrotado: apresentaram outro candidato, que na opinião deles era melhor, falaram mal do adversário, pesquisaram sua vida pregressa e a de seus ancestrais… mas não teve jeito. Saíram derrotados.

Quando o novo capitão começou a conduzir o navio ao porto seguinte, surgiram problemas: num determinado momento, o sistema que retirava o sal da água do mar falhou e tripulação e passageiros passaram dois dias sem poderem tomar banho; depois, trocaram os temperos da cozinha e as refeições ficaram intragáveis.

Tudo era posto na “conta” do comandante. Os ocupantes do navio começaram a ficar insatisfeitos e já falavam em trocar de capitão, quando alguém descobriu que os erros tinham sido provocados por alguns dos seus adversários.

Com os rumores sobre a sabotagem crescendo, o grupo de oposição começou a se sentir acuado e precisava fazer algo para derrubar o capitão o mais depressa possível.

Um deles teve a brilhante ideia de sabotar o sistema de GPS que dava a direção para o navio: isso feito, reuniu passageiros e tripulantes no convés e fez um longo e emocionante discurso contra o capitão, dizendo que ele nem sabia dar rumo à embarcação.

Desgovernado, o navio bateu em um iceberg e afundou, mas os opositores morreram felizes porque todo mundo, agora, odiava o capitão…

 

Política e politicalha

“Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam uma com a outra. antes se negam, se excluem, se repulsam mutuamente. A política é a arte de gerir o estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis. a politicalha é a indústria de o explorar a benefício de interesses pessoais. Constitui a política uma função, ou o conjunto das funções do organismo nacional: é o exercício normal das forças de uma nação consciente e senhora de si mesma. A politicalha, pelo contrário, é o envenenamento crónico dos povos negligentes e viciosos pela contaminação de parasitas inexoráveis. A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada”.

Ruy Barbosa

 

A estória acima é apenas uma forma de mostrar o que acontece quando a classe política perde a noção do objetivo principal de sua existência: a “coisa pública”, ou, em latim, “res publica”, que deu origem à palavra república.

Num mundo ideal, todos os políticos, independentemente do partido ao qual estivessem filiados ou da ideologia que professassem, teriam uma coisa em comum: a vontade de fazer o melhor pelo município, estado ou país.

Quando chegasse o momento das eleições, cada um apresentaria seu projeto e o que agradasse mais ao eleitorado seria o vencedor. Os perdedores passariam a funcionar como fiscais do ganhador e se preparariam para a próxima disputa.

Infelizmente, o que acontece na realidade do Brasil é que um grande número de políticos dá mais importância a seus projetos pessoais do que às necessidades do povo e do país.

A derrota, para eles, não significa que suas ideias foram rejeitadas pela maioria, mas que suas ambições pessoais foram adiadas.

Por isso, infelizmente, dedicam-se de corpo e mente à tarefa de deixar o país, o estado ou o município na pior situação possível, para que, na próxima campanha eleitoral, possam ter bastante com o que criticar seu adversário.

Essa é a política pequena, que Ruy Barbosa chamava de “politicalha”, e que infelizmente não deixou de existir no Brasil neste quase um século que se passou desde a morte do grande político.

Ainda existe uma parcela de políticos que, sim, quer o poder, mas que coloca os interesses do país e da população acima dos seus próprios. A esperança deste país é que nós, eleitores, saibamos diferenciar quem faz política de quem faz politicalha.

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15 comments

Nego do cabelo duro 3 de maio de 2018, 11:40h - 11:40

Nem Lula , nem Bolsonaro conseguem colocar este país nos trilhos, ninguém consegue governar este país com os trastes que nós colocamos na câmara e no senado, isto sem falar nas procuradorias e tribunais .

PIMPÃO 3 de maio de 2018, 13:17h - 13:17

Não consegue pelo simples fato de nós, brasileiros, sermos assim. Eles não são ET’s, não vieram de outro planeta, os políticos são o retrato da população. A mesma q fura fila, q não respeita faixa de pedestres, q compra produtos de origem duvidosa, q tem gatonet, gato na água, na luz, q sonega impostos……….

Aposentado 4 de maio de 2018, 17:54h - 17:54

Faço as minhas as palavras do Pimpão.

Cidadão Kane 2 de maio de 2018, 20:08h - 20:08

Se for levado a ferro e fogo, não tem UM ÚNICO HOMEM, OU MULHER, candidato a PRESIDENTE, 100% HONESTO.
Se vcs conhecem os atuais candidatos, me apontem um deles que seja HONESTO 100 % . Aguardo.

VAI VENDO 2 de maio de 2018, 22:57h - 22:57

Podemos colocar muitos homens honestos na presidência que nada adiantará. O problema não está nas pessoas, e sim na FORMA de governo e no SISTEMA de governo. República e Presidencialismo não se combinam juntos.

Nunca deu certo no Mundo, nunca deu certo no Brasil (128 anos) e nunca dará. Eu só conheço 02 nações com sucesso pífio entre as monarquias que adotam república com presidente: EUA e República da Irlanda, ambas diferentes do Brasil. EUA os eleitores não votam para presidente e a outra tem sistema de eleição diferente.

Mito 2018 3 de maio de 2018, 16:41h - 16:41

Bolsonaro. Tem prova que ele é desonesto? Se tem fale aí. Pois até hoje não ví o nome dele em nenhum escândalo!!!

VAI VENDO 3 de maio de 2018, 23:18h - 23:18

Vc não viu ainda pq só assiste o canal dele. No canal dele não vai mostrar o outro lado da moeda.

Eu não posso afirmar, mas sabendo que o seu candidato vai colocar armas nas mãos de quem quiser, certamente as empresas de armamento do mundo inteiro estão investindo pesado na campanha dele.

Isso Vc nao verá no canal dele, né?

Mito 2018 4 de maio de 2018, 20:43h - 20:43

Vai vendo, então vc supõem vc não tem provas, vc fala assim porque assiste o canal de pessoas que inventam calúnias contra ele. Te garanto que mais de 80% da população é a favor da liberação do porte de armas. Desde que a esquerda desarmou a população o país virou terra de bandidos. Não preciso assistir canal de ninguém pra saber que ele é honesto, diferente de todos os outros candidatos que teem rabo preso! Menti?

Maniac 1 de maio de 2018, 06:54h - 06:54

O ser humano é beligerante por natureza e a sociedade ideal é uma utopia.

VAI VENDO 30 de abril de 2018, 11:12h - 11:12

Eu gostei da história. Parabéns à autora ou ao autor!

VAI VENDO 30 de abril de 2018, 11:09h - 11:09

“República no Brasil é coisa impossível porque será uma verdadeira desgraça. O único sustentáculo do Brasil é monarquia; se mal com ela, pior sem ela.” Manoel Deodoro da Fonseca

Alerta: isso não será encontrado em livros de história lançados nesta era republicana.

Estas são palavras de quem vivenciou e conheceu bem as duas realidades: Monarquia e República.

Ele chegou a essa conclusão meses depois de aceitar ser usado para o golpe militar de 15 de novembro de 1889. Logo ele que traiu o Brasil Império e D. Pedro II, tbm foi traído. Hoje está sepultado entre bandidos, traficantes e prostitutas, segundo os monarquistas, enquanto D. Pedro II está numa catedral em Petrópolis onde é visitado por turistas do mundo inteiro.

Anderson 29 de abril de 2018, 14:51h - 14:51

Pra quem precisa de legenda: Capitão eleito: Dilma Roussef e PT. Derrotado: Aécio Neves. Grupo de oposição: Psdb, dem, os movimentos sociais “apartidários” mbl, vem pra rua, etc. E rede globo e revista veja e todos os que se vestiram de verde e amarelo. A retirada do capitão: impedimento da Dilma. A quebra do gps: Envenenamento da população contra o governo da época feito pelos meios de comunicação. O afundamento do navio: Situação econômica atual com 13 milhões de desempregados fora os sub-empregados e o aumento da criminalidade provocado por este quadro de desemprego.

Xerife 30 de abril de 2018, 22:33h - 22:33

E exatamente isto que vc disse, sem tirar nem por.

Maniac 1 de maio de 2018, 06:53h - 06:53

Mera distorção dos fatos, sem o menor amparo na realidade.

Anderson 2 de maio de 2018, 12:08h - 12:08

A verdade incomoda. A verdade dói. A verdade queima. A verdade me consome por dentro.
E obrigado por não me agredir.

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