Os boatos astronômicos da internet

Por Diário do Vale

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A internet pode ser uma boa fonte de informação, ou desinformação, dependendo dos sites que são acessados. Com o noticiário astronômico não é diferente. Existem boas páginas como a página oficial da Nasa, da agência espacial europeia, Esa, ou o Space.com. E tem os boatos sobre eventos siderais mirabolantes e as clássicas profecias do fim do mundo. Sem falar daquela turma que acredita que a Terra é quadrada, o homem nunca foi a Lua e a Estação Espacial Internacional não existe. Mas esses nem merecem consideração.

Um dos boatos mais recentes, desmentidos pela Nasa e pelo Space.com, refere-se a chuva de meteoros dos Perseidas, que acontece todo o ano no dia 12 de agosto. Um boato na internet anunciou que este ano os Perseidas iam provocar “a maior chuva de meteoros da história humana” e que seria visível até durante o dia. É claro que era mentira e não aconteceu nada de excepcional no sábado passado. Na verdade os Perseidas são uma das chuvas mais fracas, chegando em media a 80, 100 meteoros por hora. A maior chuva de meteoros já vista foi a dos Leonideos, em novembro de 1833, que atingiu um pico de 100 mil meteoros por hora. E felizmente nunca mais se repetiu. Seria um perigo para os nossos satélites em órbita.

As chuvas de meteoros acontecem quando nosso planeta, a Terra, atravessa o rastro deixado por cometas. Existem várias que se repetem todo o ano como os Perseidas, os Leonideos e outras menos famosas como os Aquarideos (o nome vem das constelações de onde parecem vir os meteoros). A dos Perseidas acontece quando nosso planeta cruza com o rastro de poeira e partículas deixado pelo cometa Swift-Tuttle.

Os cometas que percorrem o sistema solar são a fonte desses meteoros. E também geram todo tipo de boatos. Como o cometa Elenin, que diziam que ia bater na Terra em 2011. E acabou se desintegrando inofensivamente. Outro dia um leitor me perguntou se tinha ouvido falar no planeta gigante Nibiru, que supostamente vai colidir com a Terra em dezembro e acabar com o mundo. Sim, claro, já ouvi falar no Nibiru, ele substituiu o calendário maia depois que sua profecia falhou em 2012.

O site Space.com tem um bom resumo desta lenda moderna. Quem inventou Nibiru foi um escritor chamado Zecharia Sitchim, que publicou um livro chamado “O décimo segundo planeta”, em 1976. Sitchim andou estudando a escrita cuneiforme dos antigos sumérios e concluiu que eles conheciam um planeta chamado Nibiru, que ficaria além de Netuno e orbitaria o Sol em um período de 3600 anos. Uma ideia totalmente fantasiosa. Os povos antigos não tinham telescópios e só conheciam os planetas visíveis a olho nu: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno.

Mas a ideia se popularizou e uma vidente americana, chamada Nancy Lieder, adotou a ideia na virada do século. Ela afirmava ter se comunicado com extraterrestres que mandaram uma mensagem: Nibiru ia colidir com a Terra em 2003 e destruir o mundo. Não aconteceu nada em 2003 e a data da chegada do planeta gigante mudou para 2012, para coincidir com a tal “profecia do calendário maia” e agora para 2017. Na verdade essa história de “planeta gigante colidindo com a Terra” é mais antiga e vem do romance de ficção científica “Quando os mundos colidem”, que os americanos Edwin Balmer e Phillip Wylie escreveram em 1933.

No livro um astrônomo da África do Sul descobre um planeta gigante em curso de colisão com a Terra. E os heróis da história constroem um foguete para levar um grupo de pessoas para começar vida nova em outro mundo. “Quando os mundos colidem” fez tanto sucesso que inspirou as histórias em quadrinhos do Superman e do Flash Gordon. E virou filme em 1951 conseguindo ganhar o Oscar daquele ano em efeitos especiais.

Hoje em dia os telescópios espaciais, como o Kepler, são tão potentes que detectam até planetas orbitando estrelas distantes. Um mundo gigante, em nosso sistema solar, não seria ignorado.

 

Ficção: Planeta gigante destrói a Terra

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JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

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1 Comentário

Anderson 22 de agosto de 2017, 09:02h - 09:02

Infelizmente muitas pessoas preferem a fantasia dos boatos à realidade da ciência. Uma pena, pois o universo revelado pelo método científico é muito mais belo, complexo e interessante que as fantasias criadas pela mente humana.

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