Que país é esse?

by Diário do Vale

wp-coluna-espaco-aberto-jorge-calife

Desastre: A crise vai muito além das paredes do Congresso (Foto: Divulgação)

Desastre: A crise vai muito além das paredes do Congresso (Foto: Divulgação)

Cada vez que assisto aos telejornais tenho a impressão de estar vendo um filme de terror. A situação do Brasil se deteriora a cada dia que passa. Vivemos um processo de decomposição acelerada em todos os níveis. Uma infecção generalizada que se espalha por todos os tecidos da nação. Fala-se muito na crise política, mas o que acontece na política é apenas um reflexo da doença que já se espalhou pelo resto da sociedade. O governo já não funciona mais, a justiça perdeu toda a credibilidade, a polícia não consegue proteger a população e o povo mergulha cada vez mais na ignorância, com a falência do sistema de ensino.
É grave a crise. Vivemos uma crise inédita que vai além dos problemas na economia e na política. E os reflexos desta gangrena nacional aparecem em todos os níveis. Eu poderia citar vários exemplos, mas vou me concentrar nesta notícia que foi manchete do Jornal Nacional há duas semanas. Policiais do Bope, o grupo de operações especiais da polícia do Rio de Janeiro, invadiram uma favela e prenderam seis traficantes. Com eles foi encontrado um fuzil calibre 50, do tipo usado pelos americanos na guerra do Golfo. Esta arma, de alto poder de destruição, estava em uma casa, no Complexo do Chapadão. Ela pode perfurar carros blindados, derrubar helicópteros ou explodir com a cabeça de um ser humano.
Mas o detalhe mais chocante da história toda não foi a arma de guerra encontrada com os traficantes. Foi o fato de que dois deles, Fu da Mineira e seu colega, o Claudinho da Mineira, já tinham sido presos, em 2010, e levados para uma penitenciária de segurança máxima em Porto Velho. Em 2011, depois de cumprir apenas um ano de pena, Fu da Mineira conseguiu progressão de regime e foi transferido para uma colônia agrícola. De lá ele escapou com seu colega. O que levou o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, a comentar no Jornal Nacional: “Infelizmente são traficantes que a polícia já tinha prendido. Que receberam benefícios para visitar suas famílias e não retornaram. O Fu, cinco meses que estava preso já recebeu esse benefício. Então a gente espera que agora ele fique atrás das grades”, disse Pezão.

Só no Brasil…

É uma coisa que só acontece no Brasil. Um gangster, condenado por formação de quadrilha e vários assassinatos fica preso cinco meses. E recebe permissão para sair da cadeia, pela porta da frente, para visitar a família, e, é claro, não volta mais. A juíza de Porto Velho, que autorizou a progressão de pena do Fu da Mineira, se defendeu alegando que o atestado de conduta carcerária era favorável ao preso. Com apenas cinco meses de detenção ele já era considerado recuperado?! É inacreditável.
É por isso que tem aumentado os casos de linchamento no Brasil. O povo fica descrente do poder público e passa a fazer justiça com as próprias mãos. E voltamos a idade das trevas. Um dos carros chefe do atual governo é o programa Minha Casa Minha Vida. Que também virou assunto do noticiário policial. Moradores estão sendo expulsos de casas e apartamentos por traficantes. Que transformam os conjuntos habitacionais em centros de comércio de drogas. Que país é esse? É a terra da corrupção e do banditismo.
Da saúde então nem é bom falar. Atualmente o governo está fazendo uma campanha nacional de combate a hanseníase. A popular lepra. Uma doença provocada por uma bactéria, que se prolifera em condições precárias de higiene a saneamento. Se a lepra está se espalhando pelo Brasil é sinal de que o povo, apesar de todo o falatório do governo, está vivendo em condições semelhantes a dos burgos da idade média.
Que país é esse? É o Brasil. País da impunidade, da corrupção, dos assassinatos, das balas perdidas. País da dengue, da chigungunha, da lepra.
País falido cultural e economicamente. Onde a maioria dos estudantes que completa o primeiro grau não consegue entender um texto escrito. Onde o funk, a música do tráfico substituiu a MPB. E salve-se quem puder.

 

JORGE LUIZ CALIFE| [email protected]

You may also like

13 comments

Rodolfo Dias 27 de agosto de 2015, 21:45h - 21:45

Deve ser frustrante a vida de quem tanto menospreza o país e não tem talento, coragem, nem recursos para vazar para Miami… vão ter que ficar aqui… esperneando e cuspindo no prato onde comem, até morrer, monoglotas e com seu Complexo de Vira-Latas…

GUEVARA 27 de agosto de 2015, 17:42h - 17:42

Que país é esse?? É fácil de responder. Esse é o país do povo pacífico e ordeiro, que prefere sofrer a mostrar indignação; esse é o país de uma população medrosa, em sua grande maioria, que não tem conhecimento sequer de sua posição medíocre quando se trata de política social; esse é o país onde os ladrões de colarinho branco esbanjam talento, sem que haja uma punição verdadeiramente adequada, quando descobertos, levando-me a pensar se a pena de morte não seria a melhor forma de eliminar essa corja de gatunos que matam milhões de pessoas sem pegar em uma arma; e, o que é pior, aparecem sempre sorrindo frente às câmaras de reportagem, como se inocentes fossem. NÃO DÁ PARA SUPORTAR MAIS ESTA SITUAÇÃO!!!! Por fim, esse é o país onde os políticos, salvo alguma exceções, deveriam ser varridos do Congresso Nacional. E, depois? Não sei. Está difícil raciocinar diante dos fatos atuais.

Adriana 27 de agosto de 2015, 17:36h - 17:36

Disse tudo. Esse país se transformou num Frankenstein. Um monstrengo com retalhos de tudo de ruim nas esferas governamentais e sociais.

Gostei 27 de agosto de 2015, 17:10h - 17:10

Rodolfo Dias
É o país da indignação seletiva.

Maria Tonn 27 de agosto de 2015, 15:58h - 15:58

Que povo é esse?
Jorge Luiz Calife

AMEI O TEXTO.
PARABÉNS!

Katia Denise 27 de agosto de 2015, 09:38h - 09:38

Parabéns pelo texto. É realmente o que acontece neste país de mentiras. O seu texto expressa a minha opinião sobre este país que não tem mais jeito.

Rodolfo Dias 27 de agosto de 2015, 14:00h - 14:00

O aeroporto é logo ali…

CARLOS AUGUSTO DOS SANTOS 27 de agosto de 2015, 09:36h - 09:36

É o país do PT, da Dilma do Lula, do Dirceu……
É o país dos DESPARATES, onde o VIL DINHEIRO COMETE MILAGRES!!!!!

Carlos 27 de agosto de 2015, 04:57h - 04:57

ESPERA AÍ.
TENHO IMPRESSÃO, QUE JÁ LI, ESTE TEXTO (COMENTÁRIO), EM OUTRO JORNAL.
SERÁ?

juliana 26 de agosto de 2015, 13:46h - 13:46

Gostei muito do texto, muito bem escrito. Parabéns!

Rodolfo Dias 26 de agosto de 2015, 11:47h - 11:47

É o país da indignação seletiva; dos coxinhas que ficam tontos quando vêem Cunha e Aécio finalmente pegos pelo Lava-Jato. É o país do helicóptero dos Perrela (amicíssimo e aliado daquele senador pelo Leblon) com 450 kg de cocaína sendo solenemente ignorados pela grande mídia.
Mais do que indignação seletiva, os paneleiros têm indignação selecionada pelo Jornal Nacional…

Antonio 25 de agosto de 2015, 21:54h - 21:54

Realmente o Brasil é o país do faz de conta… Finge ter educação para todos e o que se vê na rua são pessoas sem o mínimo de urbanidade, a polícia não pode funcionar se as leis favorecem os meliantes e os próprios agentes não diferenciam bem o certo do errado, na escola só se vai para merendar, traficar ou agredir os professores, na saúde o que adianta ter médicos se não há condição adequada de trabalho…

ÊTA POVINHO 25 de agosto de 2015, 10:25h - 10:25

Pois é! No Brasil quando em crise eleva-se os juros às nuvens. Enquanto noutros países os responsáveis pela economia cortam os juros, como a China faz agora.

Claro que a elevação dos juros aqui tem o objetivo de atrair investidores, mas para ser real tem de criar modos de desenvolvimento, o que não existe neste país diante do Ensino de Qualidade ser baixo, como mostra aqui mesmo no DV o pouco mais de 50% dos jovens até 19 anos concluiu o Ensino Médio.

Mas o que é isso para o POVINHO, né?! Eles querem é pão e circo nos arraiás promovidos pelo prefeito que eles reelegeram.

Só espero que ao reclamarem de algo, não venham jogar a culpa NO POVO, nos POLÍTICOS e no MEU BRasil.

Comments are closed.

diário do vale

Rua Simão da Cunha Gago, n° 145
Edifício Maximum – Salas 713 e 714
Aterrado – Volta Redonda – RJ

 (24) 3212-1812 – Atendimento

(24) 99926-5051 – Jornalismo

(24) 99234-8846 – Comercial

(24) 99234-8846 – Assinaturas
.

Image partner – depositphotos

Canal diário do vale

colunas

© 2024 – DIARIO DO VALE. Todos os direitos reservados à Empresa Jornalística Vale do Aço Ltda. –  Jornal fundado em 5 de outubro de 1992 | Site: desde 1996