Quem mandou não fazer outra coisa?

by Paulo Moreira

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A vida nas redações pode ser tensa, engraçada, triste, divertida… pode ser muita coisa, menos monótona. Estar em busca de informações para levar ao público garante aos profissionais da comunicação um cotidiano fascinante, mas também nos coloca no grupo de risco da gastrite nervosa, hipertensão e outros males ligados ao estresse.
Qualquer pessoa que se sente com um grupo de jornalistas num happy hour vai entender essa relação de amor e ódio com o trabalho. A gente passa por muitos apertos, mas também se diverte!
Como este colunista não está com vontade de entrar em discussões sérias sobre algum dos temas que mobilizam os brasileiros no momento, esta coluna vai ser sobre algumas das situações que nos fazem amar a profissão.

Policiais legais nos EUA

Em uma viagem de trabalho, num grupo de jornalistas de quase todo o mundo, a New Orleans, nos Estados Unidos, este repórter foi parar, logo na primeira noite e depois de onze horas de viagem aérea, na Bourbon Street, a conhecida rua boêmia da maior cidade do estado de Louisiana.
Lá pela uma hora da manhã, uma das colegas se sentiu mal, em consequência da mistura do longo tempo de voo com os Hurricanes que havíamos ingerido. Este repórter se prontificou para levar a moça ao hotel onde estava hospedada e foi em busca de um táxi.
De madrugada, tudo se parece com tudo, e acenei para o primeiro veículo que vi com uma luz na parte superior. Não era um táxi. Era um carro de polícia.
Ver policiais americanos em filmes, arrombando portas a pontapés e atirando em suspeitos com Colts 45 e Magnums 44, traumatiza a gente. Pedi desculpas aos “cops” e prometi prestar mais atenção para, na próxima, fazer sinal para um táxi de verdade.
A surpresa foi que os policiais, gentilmente, se ofereceram para nos levar ao hotel. No caminho, foram perguntando coisas sobre o Brasil e fizeram a gentileza de não perguntar nada embaraçoso.
O único embaraço foi chegar à recepção de um hotel de luxo no banco traseiro de um carro de polícia.

Escapando por pouco

Esta já faz muito tempo. Eu estava na fila de embarque da ponte aérea Rio-São Paulo, depois de ter passado uma semana a trabalho na terra da garoa. Quando cheguei à fila, havia uma moça à minha frente e, à frente dela, um lugar marcado por uma daquelas bolsas usadas por atletas.
Por algum motivo, a moça desistiu do voo e fiquei imediatamente atrás da tal bolsa. A fila começou a andar e eu empurrando a bolsa com os pés, durante uns dez minutos. Aí, deu aquela tentação: “se eu passar á frente dessa bolsa, o dono dela nem vai perceber”…
Resolvi esperar mais dois minutinhos, o que me fez muito bem à saúde. O dono da bolsa chegou. Era um conhecido lutador de jiu-jitsu e vale-tudo, que por sinal tinha fama de ter um pavio bem curto…

Dançando na chuva

Esta foi na região, mesmo. Era verão, uma sexta-feira, e este repórter havia combinado de ir a uma casa noturna. Como o fechamento da edição normalmente ocorre por volta das dez da noite ou um pouco mais, fui para o trabalho com uma roupa mais social que de costume, para ir direto da redação para a festa.
Eu só não contava com um baita temporal, que fez transbordar o Rio Barra Mansa. Resultado: fui parar no meio de ruas alagadas, junto com um fotógrafo e um motorista. A festa ficou pra outro dia. E até hoje, este colunista só usa roupas sociais a trabalho se for absolutamente necessário.

E não morreu ninguém…

Neste caso, não vou contar o nome do “santo”, mas quem convive no meio vai identificar a figura. Estava chegando a hora de fechar a edição do DIÁRIO DO VALE e não havia nenhuma manchete policial, quando chegou à redação a informação de que um avião de pequeno porte, proveniente de São Paulo, havia desaparecido na região de Resende.
Um colega começou a ligar para todo mundo na região que poderia ter algum tipo de informação sobre o ocorrido e já fazia cálculos para tentar determinar o local mais provável da queda. O cheiro de manchete estava no ar e meu colega já estava pegando bloco, caneta, fotógrafo e motorista quando chega a informação de que o avião tinha se comunicado e estava tudo bem.
— Que droga (esta é uma coluna de família)! Não morreu ninguém! — disse o meu colega.
E o dia seguinte teve uma manchete de economia ou política, não me lembro bem…

Na torcida

Copa de 2014. Jogo entre Brasil e Alemanha, na semifinal. Eu estava na redação, mas como não escrevo para a editoria de Esportes, estava de costas para a TV e me concentrava em editar a página de Economia. Sabia que o Brasil estava perdendo por um ou dois a zero e fui ao banheiro. Voltei dois minutos depois. Estava quatro a zero. O resultado, todo mundo sabe.
Nunca fui fanático por futebol, e aquele vexame me fez perder mais ainda o interesse por esse esporte. Acompanho Fórmula 1, Stock Car, Fómula E (uma corrida de carros elétricos bem divertida) vôlei e mma, mas não sei o nome do goleiro do Fluminense nem quem é o centro-avante do Flamengo.
Aí, chegaram as Olimpíadas Rio 2016. O Brasil nunca havia ganhado ouro em futebol. E chega á final contra quem? A Alemanha. Fui ao Facebook e postei, na véspera do jogo decisivo, a imagem de um fantasma, com um texto que recordava os sete a um.
Mas os deuses do futebol não gostam de mim. O jogo ficou um a um no tempo normal e o Brasil ganhou a decisão por pênaltis por 5 a 4. Desisti de palpitar futebol.

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2 comments

Aiatolá na Sinagoga 28 de junho de 2017, 17:42h - 17:42

Sem falar no espectro do passaralho a assombrar as redações…

Vinicius Ramos 28 de junho de 2017, 08:04h - 08:04

“E nós com isso – questões globais e consequências locais”… O que o texto aí de cima tem a ver com a proposta da coluna? Se não tem nada de relevantes – já teve? – não escreve nada, oras…

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