Se eu não te amasse tanto assim

Por Diário do Vale

Desde muito cedo, tornei-me um apaixonado por música, sempre procurando de alguma maneira conhecer e consequentemente tentando, desvendar os mistérios que cercam o casamento perfeito entre a letra e a melodia que, quando somadas, contam-nos histórias, alegram-nos e também nos emocionam, fazendo unir corações pelos quatro cantos do mundo, atravessando o tempo de maneira imortal como inequívoca expressão de arte.

Somos privilegiados, porque sempre tivemos grandes compositores e maravilhosos intérpretes, patenteando o quanto somos ricos nesta arte. O Brasil é um celeiro abençoado de obras musicais, que começaram a ganhar visibilidade a partir de 1902, quando Xisto de Paula Bahia gravou a sua primeira música. Nascia ai um compositor brasileiro e, logo a seguir, Manuel Pedro dos Santos tornava-se o primeiro intérprete.

Entre as centenas de milhares de letras que diariamente nos chegam através das inúmeras mídias, uma em especial me chama a reflexão: “Se eu não te amasse tanto assim”. Uma verdadeira oração de amor escrita a quatro mãos por Paulo Sergio Valle e Herbert Vianna.

Lançada em 2000, foi indiscutivelmente um divisor de águas na carreira da cantora Ivete Sangalo. Tornou-se a música mais tocada durante todo o ano de 2000, e em 2006 foi lançada uma versão em espanhol que, igualmente como a brasileira, mereceu ocupar a lista das mais executadas naquele país.

Ela ainda se transformou em livro escrito pelo próprio compositor, Paulo Sergio Valle, obra que tive o privilégio de produzir. Este foi, indiscutivelmente, um dos momentos mais especiais da minha carreira como editor.

Passados 18 anos, esta música continua a ser tocada inúmeras vezes nas rádios, TVs, shows e eventos, sempre despertando a curiosidade em torno de sua letra, porque não foram poucos os estudos e as traduções, buscando interpretar o que ela verdadeiramente queria dizer.

Até aonde o amor é capaz de chegar? Até onde sentimos a real necessidade de mostrar os nossos sentimentos? Até onde somos fortes e verdadeiros o suficiente para podermos revelar tantas emoções como na letra desta canção?

Paulo Sergio Valle já compôs centenas de letras, e inúmeras delas receberam vozes singulares como as de Maria Bethânia, Caetano Veloso, Elis Regina, Roberto Carlos, Milton Nascimento, Marcos Valle, Nana Caymmi, Simone, além de nomes internacionais como Sarah Vaughan, entre outros.

Na sua playlist, estão sucessos como Viola enluarada, Samba de verão, Preciso aprender a ser só, Com mais de 30, Evidências e ainda a mais conhecida do grande público, a música que há mais de 40 anos abre o fim de ano da Rede Globo: Um novo tempo.

Mais que um personagem imortal da nossa arte, Paulo Sergio Valle é um indiscutível nome a ser estudado, aplaudido e brindado por nos presentear com obras de tamanha qualidade e refino.

Porque criar uma música nem sempre é algo simples, as letras não se somam com a facilidade que muitas vezes se deseja. Buscar as palavras perfeitas é uma tarefa que exige muitos ingredientes que somente o exercício é capaz de dar. O mágico, o lado lúdico de uma canção requer inspiração, e tudo isso pode surgir através das emoções, das relações, da sensibilidade e da soma das experiências vividas, sejam elas boas ou não, mas que terão um importante espaço na letra de uma canção.

As letras escritas por Paulo Sergio Valle carregam a magia do amor, mas também da reflexão e, sobretudo, do pensamento que nos leva ao outro como parceiros, numa simbiose deliciosamente apaixonada, como: “Meu coração, sem direção, voando só por voar, sem saber onde chegar, sonhando em te encontrar. Se eu não te amasse tanto assim, talvez não visse flores por onde eu vim, dentro do meu coração.”

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2 Comentários

Elias 14 de julho de 2018, 08:37h - 08:37

Paulo Sergio Valle. Um monstro da MPB. Talvez um pouco injustiçado. Músicas que estão vivas em minha memória. Excelente texto. PARABÉNS.

Artur Rodrigues 1 de agosto de 2018, 00:37h - 00:37

Elias, obrigado pela sua avaliação ao meu texto. Lisongeado.

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