Se não tê-los como sabê-los

Por Diário do Vale

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Filhos, peça fundamental no quebra-cabeça da vida. Quantos forem necessários para preencher os espaços vazios em nós. Eles, certamente, nunca serão iguais, terão histórias diferentes, construirão caminhos que jamais iremos adivinhar, principalmente quando ainda pequenos.

A presença de cada um em nossa vida, nos permite sonhar e até realizar, na maioria das vezes não exatamente da maneira como idealizamos, um futuro especial e colorido.

Imagine pais que recebem filhos portadores de necessidades especiais ou que no curso da vida os veem mutilados por algo que transcende a própria vontade, mas nunca do amor verdadeiro.

O que dizer de homens e mulheres que se tornam pais através da adoção, sem escolherem o sexo, a raça ou a cor. Filhos recebidos com amor incondicional em qualquer idade, trazendo muitas vezes na bagagem sequelas físicas ou psicológicas.

Filhos são dores de amores, muitos dizem. São amigos, parceiros e cúmplices. Muitos por motivos que não cabe aqui analisar, seguem por caminhos tortos no decorrer da vida e machucam os pais. Ou se direitos que são, acabam por adotar os próprios pais que muitas vezes tortos, não souberam criá-los. Quantas vidas, quantas histórias, quantos destinos.

Obviamente, há quem não os queria ter, pessoas que conseguem viver sem gerá-los ou adotá-los, mas se sentem confortáveis sem eles, fazendo a vida seguir no curso determinado por suas mentes e corações. Escolhas são escolhas e não se discute.

Vinícius de Moraes, o Poetinha em seu Poema Enjoadinho coloca a sua opinião sobre eles. “Filhos… filhos? Melhor não tê-los! / Mas se não os temos / Como sabê-lo? / Se não os temos / Que de consulta / Quanto silêncio / Como os queremos!”

Ter filhos é assumir uma grande responsabilidade por toda a vida e não apenas por um prazo determinado. Seremos, com certeza, expostos a tudo e devemos estar prontos para nos manifestarmos a todo o instante, jamais deveremos ser omissos as situações, sejam elas de amor ou de perigo.

Quando temos um filho, seja ele gerado ou do coração, – termo muito usado, mas que para mim não traduz a essência do amor -, conhecemos de perto a surpreendente capacidade de amar. É o momento de sermos colocados frente a frente com o indefectível amor incondicional.

Há quem se permita deixar os filhos livres, literalmente soltos pelo mundo e assim durante estes 360 graus que a vida dá, pouco ou nada os aproxima e com isso, o elo de amor se não se quebrar, tornar-se-á frio, enferrujando a corrente que poderia ser de enlace.

Filhos são somas de emoção, de conquistas e descobertas sejam elas quais forem. Filhos, é o que a escritora Corinne Maier disse em um de seus livros: “É um golpe mortal no perfeccionismo, porque as coisas sempre vão fugir do roteiro, o tempo inteiro”. Simplesmente porque filho não vem com bula, manual ou receita.

Somos filhos e sendo assim, certamente conhecemos bem de perto o que é sê-los. As histórias muitas vezes se repetem. O tal mico do passado que nossos pais nos faziam pagar, só que com outro nome, hoje é a nossa vez de provocarmos em nossos filhos. Carinhos ou cobranças, tudo acaba se repetindo no ciclo entre pais e filhos.

É fato, mesmo que muitos não concordem, os filhos se espelham em seus pais, nos seus exemplos, na forma de ser. O mundo contribui e muito para moldá-los, mas é no dia a dia, no convívio, no encontro desde os primeiros dias que a aula do saber viver, do exemplo é dada de forma que muitas vezes nem percebemos, mas eles sim, sabem se os amamos de verdade ou não.

Nos pequenos gestos ou nos grandes. Na conversa e no riso durante o jantar, deitados na cama lendo um livro, vendo um desenho na televisão ou um filme de ação no cinema, comprando um sapato ou uma roupa, de mãos dadas caminhando pela rua, no beijo e no abraço dado com carinho seja onde for, no momento da tosse e da febre, nas brincadeiras inocentes como se esconder embaixo da cama ou fingindo que se está dormindo. Tudo é reflexo de muitos momentos inesquecíveis, histórias que guardamos apaixonadamente na arca do tempo, dentro de nós.

Tudo o que sentimos em relação a eles é intraduzível. Eles são muitos: Raphael, Isabel, Luciano, Alice, Maitê, Luis, Beatriz, Júlia, milhões de filhos, todos únicos, singulares para nós que os geramos e que não iremos nunca abrir mão de amá-los.

 

 

ARTUR RODRIGUES | [email protected]

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2 Comentários

Bitola 9 de fevereiro de 2018, 17:05h - 17:05

BLA… BLA… BLA…

Artur Rodrigues 21 de fevereiro de 2018, 20:05h - 20:05

Bitola, boa noite. Obrigado pelo seu comentário, por melhor ou pior sempre é importante saber o que o leitor acha do que escrevemos e o quanto somos compreensíveis mesmo que através de simpáticos dialetos. Grande abraço.

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