No último dia 22, terça-feira da semana passada, um foguete Falcon 9 colocou em órbita três novos satélites. Dois deles fazem parte da sonda de gravidade GRACE-FO, um projeto conjunto da agência espacial americana NASA e do Centro Alemão de Geociências de Potsdan. Os dois satélites que formam a GRACE-FO orbitam a Terra lado a lado, ligados por um feixe de raios laser. Eles medem variações no campo de gravidade do nosso planeta e a partir daí mapeiam o ciclo da água em nosso planeta. O que é importante para os climatologistas, que querem saber como a mudança climática global está afetando as geleiras e outras reservas de água do nosso planeta.
As letras FO, depois do nome da sonda, significam follow-on (prosseguimento). Porque esta missão dá continuação à pesquisa feita por outro satélite, a primeira sonda GRACE que foi enviada ao espaço em 2002. Esperava-se que ela durasse apenas cinco anos, mas a GRACE original ficou em órbita durante 15 anos e só deixou de funcionar quando suas baterias acabaram no ano passado.
Ela conseguiu medir o aumento do nível dos mares, provocado pelo derretimento das calotas polares e sempre que uma geleira derrete a água que escoa muda a distribuição de massa no nosso planeta. Não importa se essa água vai para os oceanos ou entra no subsolo, ela muda a distribuição de massa o que afeta o campo de gravidade da Terra e os satélites em órbita conseguem mapear essas variações de gravidade.
Para isso são necessários dois satélites voando em formação. Quando eles passam sobre uma região onde a gravidade aumenta ou diminui, a distância entre os dois satélites sofre pequenas alterações. O que é registrado pelos feixes de raios laser conectando as duas naves, eles são tão precisos que registam mudanças de até um micrometro. O lançamento da GRACE-FO foi outra vitória para a empresa Space X ,do bilionário Elon Musk, ele usou um foguete Falcon 9 reusado, que tinha sido usado para levar ao espaço a fracassada missão secreta Zuma, da Força Aérea Americana em janeiro.
Ao contrário dos foguetes antigos, que eram descartáveis e se perdiam a cada lançamento, o Falcon 9 retorna para sua base e faz um pouso suave, podendo ser reparado e reabastecido para um novo lançamento. O fracasso da Zuma, que não entrou em órbita, não teve nada a ver com o desempenho do Falcon 9, que funcionou perfeitamente. A Space X também tentou recuperar o cone que protege os satélites durante o lançamento, mas não teve sucesso.
Além da GRACE-FO o Falcon 9 também levou ao espaço um satélite de comunicações da rede Iridium. O objetivo da Space X é criar toda uma linha de foguetes reutilizáveis, o que vai reduzir bastante o custo das missões espaciais. Permitindo que empresas particulares, além de governos possam enviar cargas regularmente para o espaço sideral.
O cone do foguete devia descer suavemente no mar e ser apanhado por uma rede estendida em cima do barco Mr.Steven. Mas esta parte da manobra não funcionou. O lançamento foi da base aérea de Vandenberg, na Califórnia, que geralmente é usada para satélites que seguem em órbitas polares. A missão GRACE-FO teve seu custo dividido entre os governos americano e alemão. A NASA americana gastou 430 milhões de dólares e a Alemanha contribuiu com 77 milhões de euros.
Os dois satélites vão orbitar a Terra a uma altura de 220 quilômetros, o que é considerado uma órbita baixa, mas é a altura ideal para satélites de pesquisa geofísica. O projeto faz parte da Missão Planeta Terra da NASA que procura estudar as mudanças no clima do nosso planeta. Essa pesquisa envolve expedições ao ártico e a Antártida, voos com aviões de pesquisa e monitoramento por satélites no espaço.
Por Jorge Calife