Nipônicos já vivem no futuro enquanto o Brasil volta ao passado, destrói uma ferrovia que já estava pronta sob a alegação que não dá lucro
Semana passada, o trem bala japonês Maglev L0, bateu o recorde mundial de velocidade em ferrovias. A composição, de cinco vagões, atingiu uma velocidade de 603 quilômetros horários no dia 21 de abril. Foi um teste para a tecnologia que entrará em operação na próxima década. Espera-se que o Maglev L0 faça o trajeto entre Tóquio e Nagoya em 40 minutos e chegue à estação final, em Osaka em 1 hora e sete minutos. Concorrendo assim com o transporte aéreo.
O LO é um trem do tipo Maglev, que se desloca sustentado por um campo magnético. Ao contrário do trem bala convencional ele não tem rodas e por isso atinge velocidades maiores. Japão e Alemanha desenvolvem trens de levitação magnética desde a década de 1980, mas os japoneses estão mais adiantados. A linha magnética entre Tóquio e Osaka está em construção e só deve ficar pronta em 2027. Vai custar 5,5 trilhões de ienes, cerca de 46 bilhões de dólares. Oitenta e cinco % do trajeto será feito através de túneis o que aumenta os custos.
L0 para os americanos
Mesmo para um país de primeiro mundo, como o Japão, é uma tecnologia muito cara. Para reduzir os custos os japoneses estão tentando vender o L0 para os americanos. Ele seria usado em uma ligação entre as cidades de Houston e Dallas, no Texas, e Washington e Baltimore. Esta semana o primeiro ministro japonês visitou o presidente Barack Obama para tentar convence-lo a apoiar o plano.
Trem bala brasileiro, só na fantasia
Aqui no Brasil o governo do PT sonhou com uma linha de trem bala ligando o Rio de Janeiro a São Paulo. Seria um trem mais convencional, como o Shinkansen japonês, sem levitação magnética e com uma velocidade em torno dos duzentos quilômetros horários. Mesmo assim o custo seria tão alto que nenhuma empresa se arriscou a entrar na aventura. Com o país a beira de uma recessão econômica o sonho do trem bala brasileiro vai continuar no terreno da fantasia. Nossa realidade é diferente, não somos um país de primeiro mundo como o Japão e a prioridade é recuperar nossa infraestrutura básica.
Fim da concessão da ‘Ferrovia Centro Atlântica’
Enquanto o Japão avança para o futuro, o Brasil anda para trás. O DIÁRIO DO VALE do dia 15 de abril trouxe uma notícia inacreditável. As prefeituras de Barra Mansa, Rio Claro e Angra dos Reis pediram o fim da concessão ferroviária da Ferrovia Centro Atlântica. Elas querem desmontar tudo, arrancar os trilhos que restam e urbanizar a área. E isso acontece em uma época em que o país sofre com o gargalo na infraestrutura. A dependência exclusiva das carretas e das rodovias para escoar sua produção. É uma falta total de visão a longo prazo.
No passado até a CSN usou aquela ferrovia para enviar produtos para o porto de Angra dos Reis. Ela levou café e mercadorias agrícolas e poderia ser uma alternativa tanto para o transporte de cargas quanto para o turismo.
País do Mensalão
A parte mais cara, na construção de uma ferrovia, é a abertura do traçado e a instalação dos trilhos. Aqui no Brasil se destrói uma ferrovia que já estava pronta sob a alegação que não dá lucro. Não dá lucro aqui, no nosso país do Mensalão e da Lava Jato. No resto do mundo, e na América Latina, os trens continuam a funcionar como o principal meio de transporte de carga e passageiros. Até países pobres como a Bolívia mantem os seus trens funcionando. Eles são mais econômicos que o transporte rodoviário, uma única composição carrega o equivalente a dezenas de carretas, polui menos o meio ambiente e sofre menos com os efeitos adversos do clima.
Sem conservar o presente
Se o Brasil tivesse mantido a sua malha ferroviária, junto com a navegação de cabotagem (Aquela que acompanha a costa) não ficaria com sua produção agrícola apodrecendo nas estradas a cada greve de caminhoneiros. E economizaria milhões de reais, que poderiam ser gastos em outro tipo de projetos.
Antes de criar o trem bala magnético o Japão explorou ao máximo o potencial de suas ferrovias convencionais. O Brasil quer passar direto para o futuro, sem conservar os recursos do presente. E o resultado e o atraso e a estagnação. O “custo Brasil” de que falam os economistas.
Jorge Luiz Calife/ [email protected]
5 comments
Pois,é ! Sr: Calife.
O senhor como sempre joga (contra)e, em cima do governo. Mesmo, quando fala de três cidadezinhas, do interior.
B. Mansa, R. Claro, A. dos Reis, que pedem o fim da concessão, e o sr: joga p/ cima do governo.
Quando o sr: falar, do sucateamento das ferrovias, não esqueça de citar, o Sr: Juscelino Kubstchek. Por obrigação, o sr: devia saber, e citar o verdadeiro culpado. Os contratos espúrios, com as montadoras, interrompendo drasticamente, o sonho de milhões de brasileiros, que viviam da ferrovia. No contexto; O complô, que foi montado na região, é muito pobre,, um grupinho(pretensioso,desinformado) que acha, que lida com um monte de idiotas.
Calife não sabe o que fala.
Vá se informar sobre as ferrovias Leste-Oeste, Norte-Sul, entre outras, antes de dizer que o Brasil não investe no modal ferroviário.
Você parou no tempo Calife, a realidade atual é outra, os investimentos em ferrovias são crescentes e só não é maior pois não há empresas suficientes interessadas em concorrer as concessões de ferrovias nos moldes que o governo propõe. E o caso do Trem Bala não houve empresas interessadas em participar do leilão de concessão.
Ele não sabe nada. Da transposição, do São Francisco,do parque eólico, no Brasil.
Não me surpreende, ele tem script. Ele não cria, copia. É, que o mandam “vomitar.”
Ótima matéria, Jorge Calife.
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