Um submarino atômico nos mares da lua Titã

by Diário do Vale

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Navegando: O submarino na superfície do mar de Kraken  (Foto:Divulgação)

Navegando: O submarino na superfície do mar de Kraken (Foto:Divulgação)

Se o novo projeto da agência espacial Nasa for aprovado, será o encontro da Jornada nas Estrelas com a Viagem ao Fundo do Mar. Os cientistas querem usar um ônibus espacial da Força Aérea, o X-37, para levar um submarino atômico até a lua Titã, do planeta Saturno. A ideia é usar o submarino robô para explorar os mares de metano líquido que existem no polo norte da maior lua de Saturno.

A proposta foi apresentada na 46ª Conferência de Ciências Lunares e Planetárias. O submarino pesaria uma tonelada e será projetado para se encaixar no compartimento de carga do X-37. A espaçonave foi desenvolvida pela Força Aérea dos Estados Unidos para missões de espionagem e já ficou um ano no espaço. Com sua forma de avião o X-37 poderia voar na atmosfera densa de Titã e lançar o submarino de paraquedas sobre seu objetivo. Outra opção é a nave pousar sobre a superfície do mar titaniano e soltar o submarino.

Titã é a única lua conhecida que tem uma atmosfera densa e um clima semelhante ao da Terra. A diferença é que lá os mares e as chuvas são formados por gases liquefeitos como o metano e a amônia. A temperatura em Titã é de 160 graus abaixo de zero, o que impede a existência de água líquida.

 Sonda Cassini

A exploração de Titã começou em 2004, quando a sonda espacial Cassini entrou em órbita ao redor de Saturno. A Cassini lançou uma sonda, a Huygens, de paraquedas sobre a lua Titã. Pousando em uma praia de cascalho o engenho conseguiu enviar algumas imagens para a Terra, antes de sucumbir ao frio congelante. A exploração continuou do espaço com a Cassini fotografando Titã sempre que passava perto da grande lua cor de laranja.

As fotos revelaram a existência de rios, lagos e mares que se enchem periodicamente com gases liquefeitos. O que aguçou a curiosidade dos cientistas planetários. Os robôs usados para explorar o planeta Marte não funcionariam em Titã. Seria preciso um engenho movido a energia atômica e capaz de flutuar nos mares de hidrocarbonetos. Daí a ideia de um submarino robô levado por um mini ônibus espacial, o X-37.

O projeto é um desafio para os engenheiros. Um dos problemas é como fazer funcionar os tanques de lastro. Nos submarinos terrestres usa-se ar comprimido para expulsar a água e fazer o submarino vir à tona. O nitrogênio do ar comprimido congelaria na temperatura de Titã daí será usado um gás como neon ou hélio. Outra dificuldade é a comunicação com a Terra. Ao contrário da água os gases liquefeitos que formam os mares e lagos titanianos são transparentes as ondas de rádio. Mesmo assim o submarino precisará de uma grande antena, em forma de barbatana dorsal para se manter em contato com a Terra.

 Missão em 2040

Se tudo correr bem a missão decola em 2040, o que dá muito tempo aos engenheiros para superarem os desafios do projeto. O X-37 não pode ir sozinho até Saturno. Ele terá que ser levado por uma nave maior, provavelmente um módulo propulsor com motores iônicos, como os utilizados pela nave Dawn, que atualmente explora o asteroide Ceres.

O objetivo é o mar de Kraken, que fica perto do polo norte titaniano. Estima-se que ele tenha uma profundidade máxima de 300 metros. Entre os objetivos científicos da missão está à busca por compostos orgânicos, estudo dos sedimentos submarinos e sua composição, estudo das ondas, ventos e marés em um mar de gás liquefeito e da composição química deste mar exótico.

 Previsão anunciada

Como outras ideias exploradas pela ciência atual a missão espacial submarina foi prevista pela ficção científica. Em uma história em quadrinhos de 1971 o herói Flash Gordon usou um submarino nuclear para explorar os oceanos de outro planeta.

 Jorge Luiz Calife  | [email protected]

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1 comment

Carla 3 de abril de 2015, 23:10h - 23:10

Adoro suas matérias, leio todas! Essa é muito interessante, apesar de eu não crer que vamos conseguir achar outro lugar habitável para os humanos.

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