Um visitante do espaço interestelar

by Diário do Vale

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Um visitante muito raro passou pelo nosso sistema solar no mês passado. Era pequeno, um objeto com 400 metros de diâmetro, mas veio de muito longe, da constelação da Lira. Observado pelo telescópio Pan-STARRS 1, situado no Havaí, o A/2017 U1 é o primeiro objeto interestelar a ser detectado cruzando o nosso sistema solar. Ao contrário dos cometas e asteroides comuns, a trajetória hiperbólica e sua direção indicam que o A/2017 U1 não pertence ao nosso sistema solar e veio de longe, muito longe.

Há décadas que os astrônomos admitem a possibilidade de existirem cometas, asteroides e até planetas que escapam da atração de seus sóis e ficam vagando pelo espaço interestelar. Mas um objeto assim nunca tinha sido detectado fora dos romances de ficção científica. O A/2017 U1 se aproximou do nosso sistema em um ângulo quase reto com o plano formado pelas órbitas dos planetas. No dia 9 de setembro ele passou por entre Mercúrio e o Sol e foi desviado pela gravidade solar. Viajando com uma velocidade de 156.400 quilômetros horários ele mudou de rumo, passou por entre Marte e a Terra em outubro e foi embora para as vastidões escuras de onde veio.

Quando o objeto foi detectado se acreditou que era um cometa. Mas ao passar entre o Sol e Mercúrio ele não desenvolveu o invólucro de gases que os cometas apresentam, quando os gelos de sua superfície são aquecidos. Isso levou a equipe da Nasa a reclassificá-lo como um asteroide. Devido a distância não foi possível fazer imagens do objeto, apenas acompanhar sua trajetória como um ponto de luz no céu.

Ouvido pelo site Space.com o astrônomo Paul Chodas, do Centro para Objetos Próximos da Terra, do laboratório JPL da Nasa, comentou que “esperava por isso há décadas”. “Há muito se teorizava sobre a existência desses objetos, asteroides e cometas que se movem entre as estrelas e, ocasionalmente, passam pelo nosso sistema solar, mas esta foi a primeira detecção”, disse o astrônomo.

Outros objetos em trajetórias hiperbólicas já tinham sido detectados antes, mas eram membros do nosso sistema solar lançados nessas trajetórias de escape pela gravidade de planetas gigantes como Júpiter e Saturno. Todavia o A2017 U1 não teve nenhum encontro desse tipo com um planeta gigante. Erupções de gás também podem colocar um cometa em uma trajetória de escape. Mas nenhuma emissão de gás foi detectada no objeto.

Sua passagem pelo sistema solar lembra um romance clássico da ficção científica, “Encontro com Rama”, do Arthur C. Clarke. No livro o que parece ser um asteroide com 54 quilômetros de diâmetro é localizado ao entrar em nosso sistema solar, no século XXII. Uma nave espacial do futuro se encontra com o objeto e descobre que é uma imensa nave espacial cilíndrica contendo uma biosfera congelada em seu interior. Depois de passar pelo Sol, Rama se afasta na direção da Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia satélite da Via Láctea.

O encontro do mês passado não foi tão grandioso. Se fosse uma nave espacial o A/2017 U1 seria uma nave bem modesta. Ainda assim, com 400 metros de diâmetro ele teria duas vezes o comprimento da Enterprise original, da série dos anos 60. Infelizmente, na vida real, nunca tivemos qualquer evidência concreta quanto a existência de viajantes espaciais alienígenas. Mas o universo é muito vasto e nada é impossível.

A equipe da Nasa vai continuar a observar o A/2017 U1 a medida em que ele se afasta do nosso sistema solar, para confirmar as observações já feitas e aprender um pouco mais sobre este visitante incomum.

 

Trajetória: No dia 25 de outubro o A/2017 U1 passou pela Terra

Trajetória: No dia 25 de outubro o A/2017 U1 passou pela Terra

 

JORGE LUIZ CALIFE | [email protected]

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2 comments

Anderson 15 de novembro de 2017, 06:02h - 06:02

A União Astronômica Internacional poderia dar o nome “Rama” a este objeto. Uma pena que não foi possível nenhuma foto ou pesquisa mais detalhada.

Paz e amor 14 de novembro de 2017, 22:43h - 22:43

Faz uma matéria sobre os reptilianos e o fator RH negativo …
É sua cara.

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