De volta ao mundo do caçador de androides

by Diário do Vale

Faltam dois anos para o futuro imaginado no filme “Blade Runner, o Caçador de Androides”. Isso mesmo, no clássico de 1982 a história se passava na cidade de Los Angeles no ano de 2019. Não temos replicantes nem carros voadores cruzando por nossas cidades. Mas o mundo encontra-se sob a ameaça de um conflito nuclear. Que era a origem da desgraça humana no filme do Ridley Scott. Para festejar a data temos uma continuação do filme chegando aos cinemas em outubro. Com Harrison Ford repetindo o papel do detetive Rick Deckard e o Ryan Gosling (do La La Land) como o novo caçador de androides.

Desta vez a história se passa em 2049. E o filme tem a direção do Denis Villeneuve, o que deixa os fãs aliviados. Ridley Scott não anda acertando ultimamente e dirigiu bombas como “Alien: Covenant” e “Prometheus”. Dá até medo de pensar no que ele faria com o mundo dos replicantes se dirigisse o novo filme.

A história do caçador de androides surgiu na década de 1960, no livro “Será que os androides sonham com carneiros elétricos”, do escritor Philip K. Dick. Ele imaginou um mundo devastado por uma guerra nuclear global. A maior parte do planeta virou um deserto e o que resta da humanidade vive em metrópoles superpovoadas. A maioria dos animais morreu devido ao envenenamento radioativo e a posse de um animal virou símbolo de status entre as pessoas.

Para escapar da Terra arruinada a humanidade começou a colonizar o planeta Marte. E como existe pouca mão de obra são utilizados androides. Réplicas humanas criadas pela Corporação Tyrell. O problema é que seis androides da série Nexus 6 fogem do planeta Marte e voltam para a Terra em um ônibus espacial roubado.

Rick Deckard é um caçador de recompensas, que recebe a missão de exterminar os androides fugitivos. A única diferença entre os replicantes e os humanos é que eles não sentem remorso pela extinção dos animais. É por isso que no filme de 1982 o teste Voight Kampf é baseado em perguntas envolvendo animais em perigo. Um humano terá reações emotivas a essas perguntas, um androide ficará frio e impassível.

Philip K. Dick era obcecado pela questão da perda da identidade. No livro (mas não no filme), Deckard é levado a acreditar que também é um androide. O filme de 1982 omitiu o cenário da guerra nuclear e não explicou muito bem porque os animais viraram réplicas animatrônicas. Como a coruja que aparece no escritório da Tyrell Corporation. Outra mudança do livro para o filme é que a colonização de Marte foi substituída por colônias em estrelas distantes. Ridley Scott achou que Marte não era futurista o suficiente.

O fato é que o mundo do Blade Runner está mais perto de nós hoje, do que em 1982, quando o primeiro filme passou nos cinemas. Os japoneses já estão bem perto de criar robôs que parecem seres humanos. E a invasão dos produtos e costumes orientais, mostrada no filme, faz parte da nossa realidade. Assim como a preocupação com a preservação da natureza e dos animais.

Só não temos os spinners, os carros voadores do filme. Afinal, quem quer motoristas bêbados a duzentos metros de altura? Tem algumas coisas que é melhor deixar no mundo do cinema. O novo filme, passado em 2049, mostra um meio ambiente ainda mais deteriorado. Com a desertificação ameaçando as cidades do futuro. Mas como boa ficção científica a fantasia do Blade Runner é apenas um artifício para o autor falar sobre a natureza humana.

Os androides, que não se conformam com a morte, e querem estender suas vidas indefinidamente, apenas refletem o desespero de seus criadores. Outro dia a televisão mostrou cientistas do Vale do Silício procurando desenvolver meios de prolongar a vida humana. No fundo somos todos androides.

Futuro: O novo filme se passa em 2049

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Passado: Livro foi escrito em 1968

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Por Jorge Luiz Calife

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1 comment

Anderson 22 de setembro de 2017, 20:16h - 20:16

Ridley Scott não tem acertado mesmo ultimamente, salvo a honrosa exceção do filme Perdido em Marte. Que este novo Blade Runner seja bom e honre o primeiro, um clássico da ficção científica. As perspectivas não são muito boas, mas dou um voto de confiança no Denis Villeneuve.

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