Exposição ‘O Canto dos Parakanã’, de Sergio Vieira, pode ser conferida na Galeria de Arte Cílio Bastos

by Diário do Vale

Volta Redonda – Cerca de 40 fotos compõem a exposição fotográfica “O Canto dos Parakanã”, de Sergio Vieira. A mostra, que pode ser vista até o início de junho na Galeria de Arte Cílio Bastos, Espaço Cultural Gacemss, na Vila Santa Cecília, é resultado da convivência do compositor, pesquisador e ambientalista, que por mais de cinco anos esteve com os índios Parakanã (Tupi) na Amazônia. A exposição retrata o período posterior a construção da hidrelétrica de Tucuruí, cujo lago inundou parte das terras por eles tradicionalmente ocupadas, mostrando em detalhes o dia a dia dos índios nas aldeias Paranatinga e Maroxewara, na região Sul/Sudeste do Pará (Amazônia Legal) em suas atividades produtivas (pesca, caça, coleta, plantio e colheita), festas e rituais, além das atividades desenvolvidas na escola indígena, que funcionava respeitando as tradições culturais do povo Parakanã. Ela foi a grande responsável pelo retorno dos índios à trilha perdida anteriormente, livrando-os do processo de extinção a que foram submetidos após os traumas do contato com a nossa civilização.

A fotografia, assim como a música e as artes visuais, foram linguagens utilizadas intensamente por Sergio Vieira na escola dos índios, o que representou o grande diferencial em termos de metodologia.

– Trata-se de uma oportunidade ímpar para que estudantes e professores, além do público em geral da região Sul Fluminense, tenham acesso a um trabalho de pesquisa inédito que revolucionou a escola indígena Parakanã – afirma Sergio.

Segundo o artista, o nome da exposição – “O Canto dos Parakanã” – tem uma dupla conotação. “O canto devido a relação que as fotos têm com a musicalização dos poemas que eles escreveram no próprio dialeto. E também devido as fotos terem sido tiradas na aldeia deles, ou seja, literalmente no canto deles”, explica.

Sergio conta que quando retornou da Amazônia, em 1996, começou a perceber que havia uma carência enorme com relação a eventos que pudessem divulgar a cultura indígena do Brasil.

– Como eu tinha em meu acervo uma boa quantidade de fotos que tirei lá nas aldeias no dia a dia, resolvi montar essa exposição. A mostra conta com cerca de 30 fotos coloridas com moldura em madeira e vidro, no tamanho 54 x 50 cm, mas a exposição completa conta com cerca de 40 fotos – diz.

Segundo Sergio, sua expectativa é que a exposição possa melhorar o nível de conhecimento do público a respeito de como vivem os índios em seu habitat natural.

– Espero que o trabalho “O Canto dos Parakanã” possa conscientizar as pessoas sobre a importância da preservação e divulgação das nossas raízes culturais, além de divulgar o meu trabalho e experiência sobre cultura indígena, que abrange também o meu conhecimento sobre a língua falada pelos índios (dialeto Parakanã/tronco linguístico Tupi), pintura corporal, cerâmica, artesanato, música e rituais, além dos aspectos socioambientais dessa etnia. Quero fazer com que os estudantes, professores e público em geral saibam que os índios são gente como a gente e que apenas têm uma cultura diferente da nossa, porém, muito rica. Na verdade, nós temos muito o que aprender com eles – destaca, acrescentando que as fotos foram feitas entre 1991 e 1992, no período em que estava coordenando um projeto socioambiental junto aos índios Parakanã, na Amazônia.

Depois do Gacemss, a exposição seguirá para outros lugares. A partir do segundo semestre “O Canto dos Parakanã” irá para galerias do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Vitória.

‘O Canto dos Parakanã’: Expectativa é que a exposição possa melhorar o nível de conhecimento do público a respeito de como vivem os índios em seu habitat natural (Fotos: Divulgação)

‘O Canto dos Parakanã’: Expectativa é que a exposição possa melhorar o nível de conhecimento do público a respeito de como vivem os índios em seu habitat natural (Fotos: Divulgação)

Sobre Sergio Vieira

Compositor, pesquisador e ambientalista, Sergio Vieira coordenou um projeto socioambiental junto ao povo indígena Parakanã (Amazônia), onde utilizou a fotografia, a música, a literatura e a própria cultura do povo Parakanã como os principais recursos metodológicos nas escolas indígenas, o que contribuiu decisivamente para livrá-los do processo de extinção a que estiveram expostos após os contatos desordenados com a sociedade a partir da década de 60.

Nos últimos anos vem realizando exposições, palestras, oficinas e workshops sobre cultura indígena e sustentabilidade em instituições públicas e privadas em todo o Brasil.

Em 2014 teve o seu projeto “Cultura Indígena Parakanã” selecionado no edital nacional “Mais Cultura nas Escolas” (MEC/MINC/Governo Federal), através do qual, realizou, durante seis meses na Escola Municipal Mato Grosso, em Volta Redonda, diversas atividades tais como oficinas, exposição fotográfica, palestras e vídeo-debates.

Atualmente se encontra em fase de finalização do livro “Minha Viagem Musical na Amazônia”, do curta-metragem documentário “Awaeté Parakanã, o Povo de Verdade” e do CD “Serenata Tupi”, através dos quais pretende revelar os segredos da sua fantástica experiência de vida junto ao povo Parakanã.

Índio Parakanã preparando o jabuti

Serviço

A exposição fotográfica ‘O Canto dos Parakanã’, de Sergio Vieira, pode ser conferida até dia 2 de junho, das 10h às 18h, na Galeria de Arte Cílio Bastos, Rua 14, nº 22, Espaço Cultural Gacemss, Vila Santa Cecília, em Volta Redonda. Mais informações pelo telefone (24) 3342-4202.

Sergio Vieira orientando estudantes

 

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