Exposição sobre culinária quilombola ocupa a Galeria de Artes do UBM Campus Cicuta

by Diário do Vale
Cultura: UBM é a primeira instituição de ensino superior a receber a turnê da exposição (Foto: Divulgação)

Cultura: UBM é a primeira instituição de ensino superior a receber a turnê da exposição (Foto: Divulgação)

O UBM (Centro Universitário de Barra Mansa) dá sequência ao Programa de Ocupação Artística 2016 com a exposição “A Cozinha de Quilombos – Sabores, Territórios e Memórias”, elaborada a partir de um livro homônimo, produzido pelo Instituto Dagaz. A mostra está na Galeria de Artes do UBM Campus Cicuta.

Pensando em apresentar a cultura afro por meio da culinária, o Instituto Dagaz, com sua equipe, lançou em 2014 o livro “A Cozinha de Quilombos: sabores, territórios e memórias”.  O UBM é a primeira instituição de ensino superior a receber a turnê da exposição. Ainda este ano a mostra percorrerá várias universidades e centros culturais do país.  As atividades são fruto do Prêmio Ponto de Memória do Ministério da Cultura em conjunto ao Instituto Brasileiro de Museus (IBAM). A mostra contempla as obras dos fotógrafos Davy Alexandrisky, Wallace Feitosa e Lidiane Camillo.

Conhecido por abrigar os escravos refugiados no período colonial, os quilombos se originaram em locais escondidos e fortificados, onde os negros viviam de acordo com a cultura africana. As comunidades remanescentes têm presença resistente no Rio de Janeiro. Ao todo, 29 comunidades fluminenses foram visitadas e registradas na publicação.

A presidente do Instituto Dagaz, Marinêz Fernandes, destaca o caráter de cidadania do projeto. “Ao empreendermos esse projeto o que mais marcou foi a quebra da visão romântica sobre o que é um quilombo, com o reconhecimento das pessoas como cidadãs. Cada história foi extremamente impactante por saber que elas têm os seus direitos usurpados e o que mais querem é apenas o reconhecimento de posse de suas terras e as condições mínimas de vida como todos nós, saúde educação e etc”.

Ações que colocam as culturas popular e afro brasileira como protagonistas estão entre as prioridades do UBM, especialmente no Programa de Ocupação Artística deste ano. O Diretor de Extensão e Relações Comunitárias do UBM, professor Fernando Vitorino, disse que a instituição se empenha em destacar a diversidade cultural, especialmente a cultura dos povos originários e de matrizes africanas. “Realizamos de forma permanente atividades acadêmicas e extensionistas com esse foco. Ainda este mês voltamos os holofotes para o tema com o Seminário Encontro de Saberes Indígenas pelo projeto Amerindiafricanidade, com palestras, oficinas e mesas redondas. O assunto não sai mais da nossa pauta. Nós, como instituição de ensino, temos a responsabilidade de multiplicar esses conhecimentos”, completou Fernando Vitorino.

Muito se fala sobre “empoderamento” cultural, cultura afro, territórios, comunidade tradicional, mas observa-se uma baixa oferta desse tipo de informação. Para o Coordenador de Cultura do UBM, professor Marcelo Bravo, “levar a exposição para o ambiente acadêmico proporciona o acesso ao conteúdo, multiplica o conhecimento e também promove o estímulo da elaboração de projetos relacionados a essa cultura, pois existem muitos quilombos na região Sul Fluminense onde se podem promover trabalhos essenciais e pesquisas, entre outros”.

O livro

O projeto do livro foi impulsionado pela Lei de Incentivo à Cultura do Estado do Rio de Janeiro e obteve patrocínio da Concessionária de Energia Light. Além disso, em 2015, o livro também recebeu o prêmio de Cultura Afro-Fluminense promovido pela Secretaria de Estado de Cultura, em parceria com a Secretaria de Políticas de promoção da Igualdade Racial (SEPPIR-PR).

Autor da foto de capa do livro, Wallace Feitosa disse que a alegria de cada comunidade e a simplicidade como vivem foram os pontos mais marcantes de sua atuação no projeto. “A convivência nos quilombos me fez observar como se dedicam à amizade, à colaboração, sem luxo, com muita simplicidade e todos esbanjam uma felicidade incrível. Vi como a vida pode ser completa sem precisar de posses, propriedades e coisas materiais”. Sobre a foto da capa do livro, o fotógrafo contou que “foi clicada em um momento de descanso, na hora do almoço da equipe, quando um menino ouviu os latidos de um cachorro que estava na porta de sua casa. Vendo aquela cena achei de uma pureza, uma beleza sensacional e na hora apontei a câmera”.

Para Marinêz, o livro é um passo para o registro da cultura afro-brasileira e seu reconhecimento.

– O livro traz relatos e fotos dos pratos tradicionais das comunidades quilombolas. A pesquisa nos revelou uma forma diferente de manifestarem sua cultura, seus afetos e chamar atenção para questões sociais que ainda permeiam seu território, através da sua culinária – explicou Marinêz.

Davy Alexandrisky relatou que o prazer da experiência foi maior que o desafio de fotografar os Quilombos.  “Traduzir em imagens os sabores e gostos da culinária quilombola, foi um prazer e uma experiência indizível. Foram 40 duros dias de trabalhos e centenas de quilômetros rodados nas estradas do estado, visitando os Quilombos, ouvindo muitas histórias e comendo muito bem”, conta.

Serviço

A exposição ‘A Cozinha dos Quilombos: sabores, territórios e memórias’ ficará aberta para visitação até o dia 30 de setembro na Galeria de Arte UBM Campus Cicuta, Rua Luis Guilherme de Ataíde Cruz, 714, Fazenda Santa Cecília, Barra Mansa. O acesso é pela Vila Santa Cecília, Volta Redonda. As visitas podem ser feitas de segunda a sexta-feira, das 13h às 22h. Agendamento de grupos é feito pelo telefone (24) 3325-0262, ou pelo e-mail ([email protected]).

 

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