Os filmes de aventuras futuristas, como Star Wars, andam muito sinistros. Só mostram guerras e destruição, como o recente “Star Wars: Os Últimos Jedi”. Semana passada, ao anunciar a nova temporada da série “Cosmos: Mundos Possíveis” a produtora Ann Druyan falou do pessimismo dos filmes modernos: “Quase tudo que nossas crianças assistem hoje em dia é pessimista e desesperador. É como se estivéssemos a ponto de sermos punidos por nossos pecados e não exista outro futuro senão o da morte e da asfixia. Em Cosmos vamos imaginar os futuros que ainda podemos ter”.
Nem sempre foi assim. “Guerra nas Estrelas” é a versão moderna dos antigos seriados de aventuras espaciais. Que eram bem mais pacíficos e otimistas. Afinal, séries como “Jornada nas Estrelas” nasceram na década de 1960. A década em que o homem visitou a Lua e os escritores sonhavam com um futuro de paz e prosperidade. Um exemplo desta ficção otimista é o seriado “Perdidos no Espaço”, que ainda pode ser visto em DVD.
Outra série otimista, também preservada nos discos prateados, é “Os Jetsons”. Um desenho animado sobre uma família do século XXI, que mora em prédios com quilômetros de altura onde nunca chove e sempre faz sol. Eles enfrentam problemas do dia a dia enquanto pilotam carros voadores e convivem com robôs domésticos no ano de 2061. Não há guerra ou terrorismo no mundo dos Jetsons e o único problema são os ladrões de residências que as vezes invadem as torres residenciais Skypads. Mas contra eles a família tem Lectronimo, o cão de guarda eletrônico.
“Os Jetsons” estrearam na TV, em horário nobre, em 1962 e logo inspiraram outras famílias “do futuro”. Uma delas foi a Família Robinson dos quadrinhos. A história chegou a ser publicada no Brasil e contava as aventuras de um casal de cientistas que vivia com os filhos adolescentes, em uma estação espacial. A estação orbital dos Robinsons tinha luxos, como gravidade artificial, jardim e varanda panorâmica. Quando se cansavam dos confortos do lar os filhos do casal embarcavam em seu “carro espacial” e iam visitar asteroides e mundos vizinhos. Salvando astronautas em perigo e capturando “piratas espaciais”.
O produtor Irwin Allen viu os quadrinhos da família Robinson e resolveu criar uma série de televisão semelhante. Sobre uma família que vivia no espaço sideral. Ele queria chamar a série de Família Espacial Robinson, mas a editora GoldKey, da versão em quadrinhos, já era dona do título. Allen então batizou sua série com um nome muito mais empolgante – “Perdidos no Espaço”. Ao invés de viver em uma estação espacial os Robinsons da TV moravam em um disco voador e cruzavam a galáxia para estabelecer residência em um planeta desértico e despovoado. Fugindo da superpopulação da Terra.
“Perdidos no Espaço” estreou na TV americana em 1965, quando a corrida espacial estava no auge, mas só chegou ao Brasil dois anos depois, em 1967. Não havia guerras na galáxia da família Robinson e os extraterrestres tentavam se comunicar pacificamente com eles. Como comenta o filho caçula, Will Robinson: “Eles são diferentes, mas no fundo não são tão diferentes assim de nós”.
Em 1967 surgiu a primeira versão de “Jornada nas Estrelas”. Onde a galáxia não era mais tão pacífica quanto em “Perdidos no Espaço” ou “Os Jetsons”. A tripulação da nave Enterprise vivia em pé de guerra com os Klingons e os Romulanos. Mas na Terra, pelo menos, não havia mais guerra nem pobreza. E o capitão da Enterprise sempre conseguia conquistar seus inimigos na base de um bom papo. Klingons e humanos até chegavam a frequentar o mesmo bar na estação espacial K-7. Ann Druyan tem razão, precisamos voltar a acreditar no futuro.
Por Jorge Luiz Calife
3 Comentários
Sinto falta do Arthur C. Clarke e do Isaac Asimov, pois os futuros que ambos imaginaram eram mais otimistas. Gosto de Star Wars e Star Trek, mas acredito que o nosso futuro será mais parecido com o do segundo.
Quer paz? Assiste galinha pintadinha.
A medida que as pessoas vão envelhecendo querem mais paz dai criam essas postagens da 3a idade.
A medida que as pessoas vão envelhecendo, deixam de ser imbecis – a maioria pelo menos.
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