Bandidos usam embarcações para assaltar bancos na Costa Verde

by Diário do Vale

Angra dos Reis – A história conta que a Baía de Angra dos Reis foi cenário para atos de pirataria, principalmente no século XVI. Cinco séculos depois, corsários voltam a atacar a região. Sem o glamour dos filmes e vídeos de capa e espada, pois as explosões, tiros e incêndios são reais. Entre o meio do ano passado e o início de 2018 foram quatro ataques em vilas da orla da região. Com um detalhe: o barco foi o meio de fuga.

O alvo dos piratas do passado eram embarcações abordadas por carregarem ouro e prata vindos do Peru. Situação bem diferente da que ocorre agora. Os “piratas modernos” atacam agências bancárias instaladas nas vilas residenciais, atrás principalmente dos caixas eletrônicos. O objetivo final é o dinheiro que fica à disposição das famílias dos trabalhadores da central nuclear.

Explosivos, armas de grosso calibre e fugas cinematográficas com embarcações velozes são alguns dos itens que constam nos boletins de ocorrência dos assaltos. O caso mais recente se deu na madrugada do dia 08, numa segunda-feira, quando uma ação surpreendeu moradores da Vila Residencial da Praia Brava, em Angra dos Reis. Dez homens armados com fuzis chegaram ao local em dois carros pela BR-101. Eles explodiram caixas eletrônicos em duas agências bancárias diferentes, no Santander e no Sicoob.

De acordo com informações da Polícia Militar, o bando espalhou pregos fundidos e retorcidos para furar os pneus das viaturas. Os “piratas” ainda incendiaram os veículos usados para chegar à vila e fugiram em seguida pelo mar, em uma lancha. Para onde foram é um mistério. Segundo a Capitania dos Portos, a Baía de Angra dos Reis possui 365 ilhas. O órgão da Marinha Brasileira tem um efetivo de cerca de 60 militares e oito embarcações para fiscalizar a região.

Paraty conta com uma unidade própria da Capitania dos Portos, mas também não escapa das ações piratas. No dia 10 de dezembro de 2017, criminosos fortemente armados chegaram pelo mar e invadiram a Vila Residencial de Mambucaba. No local, explodiram o caixa eletrônico de uma agência no banco Santander e fugiram pelo mar.

Outra ação parecida ocorreu no dia 10 de outubro do ano passado, quando criminosos chegaram pelo mar na madrugada e explodiram um caixa eletrônico dentro de um hotel de luxo, em Angra dos Reis. A fuga, novamente, se deu pelo oceano.

A Vila Residencial de Mambucaba já tinha sido palco de outra ação criminosa no dia 10 de abril de 2017. Na ocasião, funcionárias de uma loja de material de construção tiveram o seu malote roubado por dois homens. E após serem surpreendidos, eles fugiram em direção à praia, onde uma lancha aguardava para a fuga. Com a aproximação da polícia, a lancha os deixou para trás.

Destruição: Agências ficaram parcialmente destruídas por conta da ação dos bandidos (Foto: Divulgação)

Destruição: Agências ficaram parcialmente destruídas por conta da ação dos bandidos (Foto: Divulgação)

 

Na PM, falta barco e pessoal capacitado para atuar no mar

Comandante do 33º Batalhão da Polícia Militar (Angra dos Reis), o coronel Damião Luiz Portella pregou uma união de esforços entre as forças de segurança para que a ação dos “piratas modernos” seja combatida com eficiência. “É preciso engajamento de outras forças para tentar coibir este tipo de atuação criminosa na orla marítima. Em outras localidades do Rio têm ocorrido ações semelhantes”, disse.

Segundo o comandante, é inegável que o uso de lanchas facilita a ação dos bandidos.

– Pelo tipo de mobilidade e desenvolvimento dos envolvidos nos crimes é possível que sejam as mesmas quadrilhas. Nossos recursos são escassos e no momento o nosso batalhão não tem nenhuma embarcação, como também faltam equipamentos e policiais capacitados para atuar no mar. A área de atuação do batalhão, que abrange desde Trindade até Itacuruçá, é constantemente patrulhada, mas como eles chegam pelo mar fica difícil surpreendê-los. O ideal é a população ficar atenta a qualquer movimentação diferente nas Vilas Residenciais e entrar em contato com a PM – recomenda.

Sem segurança, bancos suspendem movimentação de dinheiro na área  

Todas as agências bancárias e caixas eletrônicos localizados na central nuclear de Angra e nas vilas residenciais da Eletronuclear suspenderam as transações que envolvem movimentação de dinheiro em espécie. A decisão já vale para o fim de semana vigente.

A decisão foi tomada, em comum acordo, pela empresa e os bancos que atuam nestas localidades – Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Santander e Sicoob – em reunião realizada nesta terça-feira (9) em Angra dos Reis. Uma nova reunião será realizada em 1º de fevereiro para avaliar a situação e decidir pela continuidade ou não da medida.

Durante a semana que passou, foi distribuído um comunicado interno para os colaboradores da empresa informando sobre a mudança no funcionamento dos bancos. Além disso, estão sendo fixados cartazes com essas informações nas agências e em locais de grande circulação nas vilas, de forma a dar ciência a moradores, comerciantes e frequentadores destes locais.

Essa resolução foi motivada pelos assaltos a agências bancárias ocorridos nas vilas de Mambucaba, em 9 de dezembro, e Praia Brava, na madrugada desta segunda-feira (8). “Mesmo ciente de que isso resultará em transtornos para os colaboradores da empresa e os moradores e frequentadores das vilas, a Eletronuclear não pode se omitir diante dos atos de violência urbana praticados em áreas de sua propriedade. Para a empresa, a segurança e a integridade das pessoas vem em primeiro lugar”, frisa o presidente da companhia, Leonam dos Santos Guimarães.

 

Por Rafael de Paiva e Júlio Amaral

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1 comment

Eduardo 13 de janeiro de 2018, 16:30h - 16:30

Mar quem cuida é a Marinha e eles tem armamento para combater esse tipo de bandidos.

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