Reuso de água em empresas é debatido pela Firjan durante encontro em Barra Mansa

by Diário do Vale
Sob olhar de Jonas: Presidente da Firjan afirma que medidas sustentáveis é questão de solidariedade com a sociedade (Foto: Paulo Dimas)

Sob olhar de Jonas: Presidente da Firjan afirma que medidas sustentáveis é questão de solidariedade com a sociedade (Foto: Paulo Dimas)

Barra Mansa  –

Em meio à crise hídrica que vem afetando em cheio o Sudeste, o II Encontro da Indústria Sul Fluminense, realizado na manhã de hoje em Barra Mansa, teve como tema o reuso de água e o reflorestamento.  Com presenças do presidente do sistema Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, do presidente da Firjan/CIRJ no Sul Fluminense, Edvaldo de Carvalho, o Fafal, e do prefeito de Barra Mansa, Jonas Marins (PCdoB), o evento discutiu ações sustentáveis que necessitam ser adotadas pelas grandes empresas e municípios.

Durante o evento, foi divulgado uma pesquisa realizada recentemente pela Firjan com 487 empresas do Estado do Rio. Ela revela que 30,6% delas enfrentam problemas por conta do baixo nível nos reservatórios de água. Essas empresas empregam cerca de 60 mil trabalhadores, aproximadamente 15% dos empregos industriais fluminenses. Essa mesma pesquisa apontou que nos últimos dois anos, 56,7% das empresas do estado vêm fazendo sua parte ao adotarem medidas sustentáveis, reduzindo assim, 25,6% no uso de água. Realidade essa que, segundo Gouvêa, demonstra a importância das empresas adotarem essa consciência.

– Existe uma crise muito grande e é fundamental que as empresas adotem essa economia. É questão de solidariedade com a sociedade. Essa é uma agenda que surgiu com a crise, mas que com certeza será uma agenda permanente. Por isso, esse tema, para trazermos sugestões e reflexões para abrir a cabeça dos empresários – pontuou o presidente da Firjan, aproveitando o encontro para anunciar que pretende adotar em todas as unidades do sistema Firjan uma política de reuso da água da chuva, e que Barra Mansa será a pioneira. “Temos que dar o exemplo em casa”, afirmou.

Fafal informou que a escolha do tema tem o intuito de conscientizar os empresários da região. O presidente da Firjan/CIRJ no Sul Fluminense ainda apresentou um esboço de um projeto, em fase final de elaboração, de reflorestamento das margens do Rio Barra Mansa.

– Nossa ideia é reflorestar os 25 quilômetros das margens do rio. Para isso, serão necessárias 100 mil mudas e muito esforço. Aproveito este momento para propor que empresas, entidades e prefeituras possam contribuir financeiramente para esse projeto que, com certeza, vai beneficiar a população abastecida pelo Rio Paraíba do Sul, já que o Rio Barra Mansa é um de seus afluentes – explicou.

‘Exemplo vem de cima’

O prefeito de Barra Mansa, Jonas Marins, afirmou durante o evento que em tempos de crise hídrica, qualquer discussão que envolva ações sustentáveis tem que ganhar grandes proporções, e, principalmente, servir de exemplo para as empresas.

– O exemplo tem que começar por cima. Seria muito bom que todas as indústrias fossem alto sustentáveis. Começassem a fazer essa questão de sustentabilidade sair do papel e começar a colocar em prática – disse.

Se para o prefeito os exemplos tem que vir de cima, ele aproveitou para citar o que Barra Mansa tem feito para se adequar a essa nova realidade. Segundo ele, um grande exemplo é o projeto Produção de Águas, que pretende reflorestar as margens dos rios da cidade. Além do reflorestamento, Jonas também destacou que o município também vem adotando uma arquitetura sustentável.

– Para liberar alguma obra, a secretaria de Planejamento consulta antes a secretaria de Meio Ambiente. Ou seja, a preservação é uma exigência. Deveríamos estar preocupados com isso há muito tempo.

Também estamos adotando essas medidas em obras da prefeitura – disse o prefeito, que estava acompanhado dos secretários de Planejamento, Ronaldo Alves, e de Meio Ambiente, Mário Branco.
Apesar de todas essas medidas, Jonas afirmou que é preciso também economizar no consumo de água. Segundo o prefeito, o nível do Paraíba está baixo e caso a ANA (Agência Nacional das Águas) reduza a vazão para 110 metros cúbicos por segundo um racionamento de água não está descartado.

Mais incentivo

A presidente do Metalsul (Sindicato das Indústrias Metalmecânicas do Médio Paraíba), Adriana Silva, defendeu que os empresários de micro e pequenas empresas recebam mais apoio do Poder Público para implantar soluções visando economia de água.

– Percebemos que grandes empresas investem em sistemas de reuso e outras ferramentas que geram economia de água. No entanto, as micro e pequenas não tem qualquer apoio ou incentivo para implantar soluções. Infelizmente esses sistemas são caros e estão longe da realidade das pequenas empresas. Os empresários querem colaborar para a economia de água mas se sentem perdidos e sem orientação de como fazer isso de forma mais economicamente viável – argumentou Adriana.

Para ela, seria fundamental que o poder público investisse em ações para oferecer direcionamento às micro e pequenas empresas. “O pequeno empresário não vê as soluções de economia de água como um investimento e sim como mais um custo para sua empresa. É preciso que o Poder Público, em todas as esferas, ofereça suporte para que esse empresário possa ter acesso a tecnologias mais baratas e, dessa forma, contribua para o meio ambiente”, frisou Adriana.

Empresas são homenageadas por projetos de sustentabilidade

Durante o evento, quatro indústrias da região foram homenageadas por desenvolverem ações em prol da sustentabilidade: CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e Saint-Gobain Canalização, com projetos de reuso de água; INB (Indústrias Nucleares do Brasil) e QuimVale Florestal, que desenvolvem projetos de reflorestamento.

O diretor geral da Saint-Gobain, David Molho, explicou que a empresa reutiliza 90% da água. “É muito importante, porque o grande negocio da empresa é vender eficiência no consumo de água, então temos que dar o exemplo. Em tempos de crise, a nossa meta e aumentar cada vez mais esse percentual e chegar perto dos 100%”, destacou.

Seguindo a mesma linha, o gerente geral de Meio Ambiente da CSN, Cláudio Graffunder, explicou que a companhia tem um reuso de 92%, o que daria para abastecer uma cidade com 14 milhões de habitantes. Não para por aí: dos a CSN devolve para o rio 7% de água tratada, ou seja, durante seu processo de produção, ela gasta apenas 1%. “Somos um grande usuário, mas um baixo consumidor. E fazemos isso já há 15 anos. A CSN estava preparada para a crise”, disse.

Quem também destaca que a empresa está há cerca de 15 anos adotando medidas sustentáveis é o coordenador da área Ambiental da INB, Rodney Santos. Ele destaca que a empresa tem um programa de reflorestamento, onde uma das medidas é o plantio de mudas nativas. “Temos uma meta de plantar 95 mil mudas por ano, além de outras medidas sustentáveis, que formam uma série de ações que complementam e traz a INB como a que mais contribui para a sustentabilidade”, enfatizou.

Ainda na área do reflorestamento, o diretor da QuimVale, Francisco Loureiro Muniz, a empresa tem atualmente uma área 42% de sua área sendo de reserva legal, sendo assim, dos 1,8 mil hectares, 750 são de floresta nativa.

– Conseguimos acelerar o processo de recuperação. Também temos um diferencial que o controle de incêndio. Há 30 anos não temos uma ocorrência em nossa área de preservação – pontua.

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