Canais infantis na internet têm grande influência sobre as crianças

Por Diário do Vale

Sul Fluminense – A morte recente de uma menina de apenas sete anos, que sofreu uma parada cardíaca após participou do chamado “desafio do desodorante” após ver um vídeo na internet, traz novamente aos pais uma dura realidade. Mais do que nunca é necessário regular o tempo e o conteúdo que os pequenos passam na Rede.

Dados nacionais apontam que dos cem canais de maior audiência no YouTube, no Brasil, cerca de 50 abordam conteúdo consumido por crianças até 12 anos. Segundo psicólogos, nessa idade as crianças são facilmente influenciadas pelas informações que recebem.

Na semana da morte de Adrielly Gonçalves, que era de São Bernardo do Campo, em São Paulo, a família escreveu um texto e parte dele dizia: “Gostaria de alertar aos pais que fiquem de olho nos conteúdos que os filhos pesquisam na Internet”.

Esse tipo de atitude, segundo o psicólogo Eduardo Miranda, é o mais correto e o que realmente cabe aos pais, para evitar tragédias como a de Adrielly. Segundo ele, a influência de youtubers na vida das crianças se dá porque vivemos em uma sociedade da informação, extremamente informatizada, e pelo fato de na Internet circular não somente informações, mas costumes, estilos de vida, jeitos de ser e estar no mundo.

– De forma massiva, essas pessoas e esses canais produzem e reproduzem comportamentos que, de certa forma, são necessários para que a criança ou adolescente façam parte dessa ou daquela tribo. É uma consciência grupal, ainda que virtualmente. Com base em tudo isso, os pais devem acompanhar de perto todo o conteúdo que os filhos visualizam na Internet e conversar sobre os temas a que possuem acesso.  Eu mesmo, com minha filha, acompanho o histórico de acessos e busco saber a informações dos youtubers que ela vê. Acho importante ter o diálogo com a autoridade que os pais devem ter, pois muitas das vezes os filhos não entendem o motivo pelo qual não podem acessar tal conteúdo – esclareceu o psicólogo.

Comportamentos inadequados

De acordo com Miranda, o principal risco ao qual as crianças ficam expostas, ao permanecerem grande tempo conectadas nesses canais, é o de adquirir comportamentos inadequados a sua faixa etária. Outro alerta do psicólogo é com relação as propagandas e publicidades “disfarçadas”, que em grande parte dos casos são feitas pelos youtubers quando o assunto é brinquedo, e marcas diferenciadas de balas, chocolates, entre outros tipos de produtos que influenciam  o desejo da criança.. Para esses casos, Miranda ressalta que a sinceridade dos pais é o melhor remédio para que as crianças compreendam o funcionamento da vida, por meio da qual nem sempre as pessoas podem ter tudo o que querem.

– Se os pais não expuseram os riscos da internet, estarão incorrendo no risco de produzirem jovens que não sabem os limites de uma vida normal em sociedade. Meu conselho é para que os pais acompanhem seus filhos, se comuniquem e conversem abertamente. É preciso estar o mais próximo possível, se interessar e investigar aquilo que eles se interessam para que assim, ao menor sinal de problema vocês sejam os primeiros a saber – concluiu o psicólogo.

De olho: Crianças devem ser supervisionadas para não acessarem conteúdo impróprio ou perigoso (Foto: Roze Martins)

De olho: Crianças devem ser supervisionadas para não acessarem conteúdo impróprio ou perigoso (Foto: Roze Martins)

Experiências contadas

A contadora Viviane Machado, de 39 anos, tem uma filha de oito anos que é fã de diversos canais no Youtube, entre eles o de dois irmãos que fazem sucesso entre crianças e adolescentes e de várias meninas youtubers na mesma faixa etária que ela. Sempre por perto e vendo o que a filha tem acessado, ela conta que já se assustou com o conteúdo de alguns canais e que, devido a isso, passou a limitar a navegação.

– Em um dos vídeos fizeram uma mistura de Coca-cola com várias balas dessas do tipo Mentos, de vários sabores para “trolarem” alguém. E não é que a minha filha, na época com set e anos, também pediu para fazer e beber a tal mistura? Infelizmente, ainda que peçam para as crianças não fazerem em casa, elas ficam empolgadas e querem repetir o que eles estão fazendo. São muito influenciadas e cabe a nós explicarmos que nem tudo pode se repetir – recorda a contadora.

A comerciante Danyelle Cristiane Oliveira, de 33 anos, tem um filho de oito anos que também segue vários canais na internet. Segundo ela, o que mais impressiona é o apelo dos youtubers para que as crianças deixem likes, principalmente quando algum produto de marca conhecida aparece no vídeo. Ela e o marido também estão controlando o acesso do filho na internet e contam que a decisão foi tomada após o menino ter feito pirraça, em um supermercado, para que os pais comprassem vários vidros de um tipo de creme de avelã, um dos mais consumidos por seu Youtuber preferido.

– É um produto caro e ele queria que a gente comprasse para que brincasse, fazendo várias misturas, assim como o Youtuber faz. Na verdade, ele nem gosta de comer e só queria mesmo para brincar. Tivemos que conversar muito, explicar que o cara é patrocinado, que ganhava o produto e que com a gente era diferente: que tínhamos que comprar. É uma situação complicada e que, realmente, assusta – disse a comerciante, se referindo a influência que os canais provocam nas crianças.

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