Entre a prosa e a poesia (Ou: como escrever o Brasil de hoje)

by Diário do Vale

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Aurélio Paiva

Jornalista como eu vive da prosa,
e a poesia só há por admiração.
Mas na dura prosa de tantos,
em meio a uma realidade inquieta,
eu me pergunto:
Se todos viraram jornalistas,
por que eu não posso virar poeta?

Jornalista, da prosa virei escravo,
tema sem rima e sem graça,
por desgraça:
Desconheço o talento das rimas.
Não sei fazer sonetos ou métricas.
Mas, se todos são jornalistas,
também posso ser poeta?

Ideias em 140 letras;
ideais em 140 ódios;
somos todos professores,
escritores e pensadores;
filósofos e profetas.
Se são todos prosadores,
e falta poesia,
por que não podemos
sermos todos poetas?

Chamemos Gregório Mattos
e sua pura picardia.
Palavra que aqui surge
só para rimar poesia.
Castro Alves declamando;
Álvares de Azevedo sangrando.
Bilac conclama a nação.
Era o que eu queria.
Mas não existem poetas.
só a triste prosa do dia a dia.
Sem poema e sem canção.

Perdoem a ousadia de um proseiro.
Poeta jamais seria.
Mas na sua pobre rima,
em um país em agonia,
mesmo um jornalista de prosa,
se decente e revoltado,
se perdido e atordoado,
ao menos tenta a poesia..

Vá lá que dá resultado.

 

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10 comments

LUIZ MOREIRA 7 de junho de 2017, 19:00h - 19:00

>>>>>>> SE TIVERES ALGUM PENSAMENTO NAO O TRANSFORME EM PALAVRA…. PODE SER QUE ALGUEM APROVEITA E O TRANSFORME EM IDEIA!!!!!!!!!!!!! DOS CAVALEIROS DO UNIVERSO

ALESSANDRO ALEX 29 de maio de 2017, 10:47h - 10:47

Gostei, PARABÉNS !!!

Julio Ferreira 28 de maio de 2017, 08:53h - 08:53

talent e sensibilidade ciclopolitano. Aurelio Paiva

Macunaíma 27 de maio de 2017, 14:11h - 14:11

Escrever, de per si, já é um ato político, seja prosa ficcional ou poesia.
Ler João Cabral de Mello Neto, o grande Garcia Lorca (fuzilado pelos fascistas de Franco), Suassuna, Gullar (antes de se converter a devoto do establishment) e, vá lá, Drummond, é um mergulho nas inquietações políticas contemporâneas.
Na ditadura, grandes compositores como Chico, Caetano, Taiguara (que enlouqueceu e morreu novo de tanta tortura e perseguição), Aldir Blanc e Vandré, para citar uns poucos, tiveram obras censuradas pelo teor político contestatório e de inconformismo de suas letras.

الفتح - الوغد 27 de maio de 2017, 12:25h - 12:25

Aurélio, me empresta uns trocados?…

Paulo Miranda 27 de maio de 2017, 09:37h - 09:37

Gostei da prosa.

Sandra1 27 de maio de 2017, 07:43h - 07:43

Não parece poesia, parece mais um repente de Caju e Castanha e eu adoro eles e o que cantam, mas esta legal, achei graça, um pouco tendencioso e quem não é? continua no limo, pertinho de sair Aurélio. Se vierem mais vou gostar.

Sandra1 27 de maio de 2017, 09:52h - 09:52

Perdãozinho Aurélinho eu não quis dizer limo e sim limbo.

Brasil júnior 27 de maio de 2017, 06:51h - 06:51

Parabéns;
Há uma necessidade real de cultuar a arte da inutilidade, a poesia. O fardo fica mais leve.

Compressor 27 de maio de 2017, 06:50h - 06:50

Acho que o ideal seria “troça e pilhéria”, estamos em tempos de muito discurso barato, muita luta de gênero, de ideologia, de religião e de muito pouca moralidade, respeito e, principalmente, caráter. O reflexo disso vc percebe nos corredores de nossas escolas, falo das públicas pq desconheço as privadas. Alunos sem nenhuma atitude de convivência social, que se comunicam aos gritos e usam palavras inadequadas ao meio em que estão. Se são chamados a atenção nos olham como se estivessem sofrendo uma censura e passo seguinte é a presença de um pai na escola para defender o “humilhado”. Os educados pela família, que possuem pais que exigem deveres além de direitos, viraram minoria.

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