Febre amarela: Mais de 21 mil pessoas já foram imunizadas em Volta Redonda e Barra Mansa este ano

by Diário do Vale

Volta Redonda e Barra Mansa – O assunto “febre amarela” ainda é um dos mais comentados pela população, que está assustada com a divulgação de seis casos confirmados até o último dia 30 de março no Estado do Rio. Isso e mais os casos no restante do país provocaram uma corrida aos postos de vacinação abertos no Sul Fluminense. Em Volta Redonda e Barra Mansa, por exemplo, mais de 21 mil pessoas foram imunizadas. E outras tantas continuam em busca de uma dose da vacina.

Um caso da doença foi confirmado no dia 27 pela Secretaria Estadual de Saúde na cidade de São Fidélis, na região norte do estado. Com a confirmação, São Fidélis é o segundo município do Rio a registrar a ocorrência da doença.

Cinco casos foram confirmados em Casimiro de Abreu, na Baixada Litorânea, onde houve uma morte por febre amarela. Por esse motivo, é alto o número de pessoas que estão indo aos postos de saúde da região para se vacinarem.

Em Volta Redonda, de janeiro a março foram aplicadas 14,5 mil doses da vacina contra febre amarela. Já em Barra Mansa, os números também são altos. Em janeiro de 2016, foram aplicadas 17 doses, e no mesmo período deste ano, foram aplicadas 634 doses da vacina. Em fevereiro de 2016, 10 doses. Já em fevereiro deste ano, 1707. Em março foram 4,5 mil doses.

E segundo o infectologista do Hospital Unimed Volta Redonda, Rodrigo Cuiabano Paes Leme, realmente a única forma de evitar a doença é através da vacinação.

– Ainda existem muitas dúvidas sobre o assunto, o que deixa a população mais preocupada. Uma delas é a diferença entre febre amarela silvestre (FAS) e a febre amarela urbana (FAU) – disse.

O médico explicou que a diferença entre elas é o vetor. “Desde 1942, o Brasil não registra casos de febre amarela urbana. Na zona urbana a doença é transmitida pelo Aedes aegypti, o mesmo mosquito que transmite a dengue. Na mata, os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes transmitem o vírus. Quando o mosquito (do gênero Haemagogus ou Sabethes) pica um macaco doente, pode transmitir o vírus a outros macacos e ao homem”, disse.

De acordo com o médico, locais que têm matas e rios onde o vírus e seus hospedeiros e vetores ocorrem naturalmente são identificadas como áreas de risco, portanto, são vários. Nos sites do Ministério da Saúde e das Secretarias Estaduais e Municipais, pode-se encontrar uma lista com as áreas de risco.

– Atualmente a transmissão ocorre somente na zona rural, porém, em áreas urbanas próximas à mata também existe a possibilidade – falou.

A vacina

Sobre a vacina, Rodrigo Cuiabano Paes Leme salientou que ela pode ser aplicada a partir dos nove meses. Mas, em situações de emergência epidemiológica ou viagem para área de risco, a vacina pode ser aplicada a partir dos seis meses de idade. Em crianças, deve ser ministrada uma dose aos nove meses de idade e uma dose de reforço aos quatro anos.

– As reações ocorrem em até 5% dos vacinados entre cinco e dez dias após a vacinação e, normalmente, são leves: dor de cabeça, dor muscular, febre.  Reações alérgicas podem ocorrer, mas são ocasionais e geralmente leves, estão relacionadas com reação à proteína do ovo. Reações anafiláticas são muito raras e acometem, principalmente, pessoas com alergia grave a ovo. Os eventos adversos graves, como acometimento do sistema nervoso ou disseminação do vírus vacinal pelo organismo, felizmente são raros e parecem ocorrer com frequência maior em pessoas com idade acima de 60 anos, que recebem a vacina pela primeira vez – explicou o infectologista.

E quem ainda não se vacinou, o médico orienta ter calma. A preocupação deve ser onde há epidemia, como em Minas Gerais, por exemplo. Segundo Rodrigo, o Ministério da Saúde está indicando bloqueio vacinal em regiões do país onde ainda não há febre amarela, com o intuito de proteger a população e impedir a disseminação da doença.

Algumas pessoas acham que a doença é fatal, e isso não é verdade. O médico explica que a chance de óbito varia entre 30% e 50%.

– Dados globais podem mostrar taxas de letalidade menores. Na última atualização do Ministério da Saúde na epidemia atual no Brasil, a taxa de letalidade calculada foi de 32% – disse.

Em Barra Mansa, foram aplicadas 1.707 doses em fevereiro

Com a preocupação das pessoas, cresce o número de vacinas aplicadas. Em Barra Mansa, em fevereiro deste ano foram aplicadas 1.707 doses da vacina. Detalhe: no mesmo período do ano passado foram aplicadas apenas 10 doses.

De acordo com a coordenadora do Setor de Epidemiologia de Barra Mansa, Marlene Fialho, é bom esclarecer que a vacinação contra a febre amarela não se trata de uma campanha, que tem começo, meio e fim. É uma vacina que faz parte do calendário de rotina de áreas endêmicas. Ela acredita que a partir de 2018, poderá fazer parte do calendário de rotina de vacinação.

A secretaria de Saúde descentralizou a vacinação contra a febre amarela. Nas Sirenes da Boa Sorte e da Vila Nova a aplicação está sendo feita a partir das 7h, às terças e sextas-feiras, em um total de  200 senhas cada. Na Sirene do Nove de Abril, a vacinação acontece as quartas e quintas-feiras, no mesmo horário e também são oferecidas 200 senhas. Nas unidades Pró-Saúde, do UBM e no PSF da Vila Delgado, às terças e sextas-feiras,  com  200 senhas cada.

– A procura ainda tem sido grande, porém, a Secretaria de Saúde orienta que a vacinação contra a febre amarela na região do Médio Paraíba seja apenas para as pessoas que vão viajar para as áreas endêmicas. Essa recomendação é do Ministério da Saúde, mas conforme mudança no cenário epidemiológico, essa recomendação pode ser alterada – disse Marlene Fialho.

Já em Volta redonda, de janeiro a março deste ano foram aplicadas 14,5 mil doses da vacina contra febre amarela.

Segundo a Superintendente em Atenção e Vigilância à Saúde, Flávia Lipke Ensenat, da secretaria municipal de Saúde de Volta Redonda, a vacinação é realizada às terças e quintas-feiras, das 8h às 17h, na Unidade Básica de Saúde (UBS) Jardim Paraíba, na Rua 548, nº 95, no bairro Nossa Senhora das Graças.

– A procura ainda tem sido grande, por conta disso, a Secretaria de Saúde de Volta Redonda disponibilizou nas últimas terça-feira (28) e quinta-feira (30), 1,5 mil doses da vacina. Além disso, está em contato permanente com a Secretaria de Estado de Saúde, órgão responsável pela distribuição das vacinas, para continuar garantindo doses extras para o município – falou.

De acordo com Flávia a orientação da Secretaria de Estado de Saúde, é que Volta Redonda vacine somente as pessoas que vão viajar para áreas endêmicas (a listagem é encontrada na unidade de saúde ou no site do Ministério da Saúde).

É necessário também que as pessoas fiquem alertas para quem não deve se vacinar como: gestantes, nutrizes (que estão amamentando), crianças menores de nove meses, adultos com mais de 60 anos sem recomendação médica, pacientes imunodeprimidos, pacientes oncológicos e outros.

Governo pode ampliar vacina para todas as crianças até cinco anos

O governo federal estuda a possibilidade de incluir Rio de Janeiro e Espírito Santo – e, se necessário, outros estados – no grupo de unidades federativas que recebem permanentemente doses de vacina contra a febre amarela. As informações são da Agência Brasil.

“O calendário de vacinação rotineira está em 19 estados. Provavelmente, Rio de Janeiro e Espírito Santo deverão ser incluídos nesse calendário regular”, disse o ministro Barros após reunir-se com o presidente Michel Temer, no Palácio do Planalto.

Segundo o ministro da Saúde, Ricardo Barros, também está sob estudo a possibilidade de, a partir de 2018, incluir a imunização contra a febre amarela no calendário de imunização para crianças com até cinco anos. “Para o próximo ano, a nossa área técnica propõe também vacinar as crianças com até cinco anos em todos os estados brasileiros”, acrescentou o ministro.

Segundo ele, nos últimos meses foram entregues cerca de 20 milhões de doses a mais em todo o país, além das 16 milhões de doses que são entregues aos 19 estados com vacinação permanente contra a doença. Na reunião que teve no Planalto, Barros discutiu formas de atender a demanda espontânea nas áreas que não são atendidas permanentemente.

“Estamos avaliando quanto seria essa demanda. Aí, dependendo do número de pessoas que queiram ser vacinadas, nós vamos tomar a decisão sobre como fornecer o quantitativo necessário”, disse.

“A febre amarela está sob controle e está tecnicamente dentro das recomendações da Organização Mundial da Saúde. Nós fazemos bloqueios em toda região localizada ao redor de pontos onde foram encontrados macacos mortos”, acrescentou o ministro.

Ele lembra que a OMS recomenda uma dose de vacina durante a vida e que, no Brasil, são recomendadas duas doses no intervalo de 10 anos. “Para crianças, nossa recomendação é de uma dose aos quatro meses e outra até cinco anos”.

Em todo o estado: Estimativa é de que sejam necessárias entre 8 e 9 milhões de novas doses para imunização de cerca de 12 milhões de pessoas, nos 92 municípios, até o fim deste ano (Foto: Divulgação)

Em todo o estado: Estimativa é de que sejam necessárias entre 8 e 9 milhões de novas doses para imunização de cerca de 12 milhões de pessoas, nos 92 municípios, até o fim deste ano (Foto: Divulgação)

Rio recebe novas doses de vacina da febre amarela

O Estado do Rio de Janeiro recebeu novos lotes de vacinas na quinta-feira (30), para destinação aos 28 municípios listados como estratégicos, com base na constante avaliação do cenário epidemiológico no país. As prefeituras poderão fazer a retirada de suas doses tão logo os lotes sejam entregues pelo Ministério da Saúde. Em Brasília, o secretário de Saúde, Luiz Antonio Teixeira Jr., detalhou a estratégia de vacinação no território fluminense, que vem sendo adotada de forma preventiva desde janeiro, antes mesmo de os primeiros casos terem sido confirmados no estado.

– Precisamos da garantia de novos lotes de doses da vacina para dar continuidade à estratégia de imunizar toda população fluminense. Entre os 64 municípios avaliados como prioritários, 36 já tiveram disponibilizadas doses em quantitativo suficiente para imunizar seus habitantes. Com a garantia que recebemos do governo federal, as demais 28 poderão continuar com suas vacinações em seus postos de saúde, até que tenhamos nova disponibilização de doses pelo Ministério – explicou Luiz Antonio Teixeira Jr., secretário de Saúde.

Na próxima terça-feira (4), uma nova reunião técnica no Ministério da Saúde está prevista para definição do fluxo de fornecimento de novos lotes de vacinas para os estados.

Prioridade é para habitantes de áreas mais vulneráveis

Em todo o estado, a estimativa é de que sejam necessárias entre 8 e 9 milhões de novas doses para imunização de cerca de 12 milhões de pessoas, nos 92 municípios, até o fim deste ano. Com base na avaliação do cenário epidemiológico no território fluminense e nos estados vizinhos (Minas Gerais e Espírito Santo), a Saúde listou 64 municípios prioritários para imunização.

Destes, 36 já tiveram disponibilizadas as doses necessárias para a imunização de seus habitantes. São eles: Aperibé, Areal, Bom Jardim, Bom Jesus do Itabapoana, Cambuci, Cantagalo, Cardoso Moreira, Carmo, Casimiro de Abreu, Comendador Levy Gasparian, Conceição de Macabu, Cordeiro, Duas Barras, Guapimirim, Italva, Itaocara, Itatiaia, Laje do Muriaé, Macuco, Miracema, Natividade, Paty do Alferes, Porciúncula, Quatis, Rio Bonito, Rio das Flores, Santa Maria Madalena, Santo Antônio de Pádua, São Fidélis, São José de Ubá, São Sebastião do Alto, Sapucaia, Silva Jardim, Sumidouro, Trajano de Moraes e Varre-Sai.

Os 28 municípios considerados prioritários são: Araruama, Armação dos Buzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Campos dos Goytacazes, Cachoeiras de Macacu, Carapebus, Engenheiro Paulo de Frontin, Iguaba Grande, Itaperuna, Macaé, Magé, Miguel Pereira, Nova Friburgo, Paraíba do Sul, Petrópolis, Quissamã, Resende, Rio das Ostras, São Francisco de Itabapoana, São José do Vale do Rio Preto, São Pedro da Aldeia, São João da Barra, Saquarema, Tanguá, Teresópolis, Três Rios e Valença.

A estratégia de como se dará a vacinação em cada cidade deve ser definida por cada uma das 92 prefeituras, observando a disponibilidade de doses pelo Ministério da Saúde, a capacidade operacional – como número de postos e pessoal capacitado para o trabalho -, além do armazenamento correto das doses, para que não haja perda de vacinas.

Produção nacional

No Brasil, a vacina contra febre amarela é produzida pela Fiocruz, no Rio de Janeiro, e entregue ao Ministério da Saúde para definição da distribuição aos estados. Desde o início do ano, o Rio já recebeu mais de 3,1 milhões de doses, retiradas pelos 92 municípios de acordo com suas próprias estratégias vacinais.

– Com base nos pedidos de reposição enviados pelas prefeituras, podemos estimar que 80% do quantitativo já disponibilizado foi utilizado pelas secretarias municipais de Saúde. No RJ, nossa estratégia está sendo definida com base na avaliação constante do cenário epidemiológico e vulnerabilidade dos municípios, priorizando áreas rurais e de matas, uma vez o vetor que transmite a doença é o silvestre. Desde de janeiro, estamos focando os esforços nos municípios localizados nas divisas com Minas Gerais e Espírito Santo e fomos ampliando a lista de cidades prioritárias, avaliando a evolução do cenário epidemiológico – detalha Alexandre Chieppe, subsecretário de Vigilância em Saúde.

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4 comments

marcosvr 4 de abril de 2017, 08:56h - 08:56

Chance de óbito varia de 30 a 50% , estão esperando o que para para disponibilizar com urgência vacina para todos

Edmilson 3 de abril de 2017, 14:14h - 14:14

Acho que a secretária de vacinação de Volta Redonda deveria fazer uma campanha nas escolas públicas, para imunizar todas as crianças atingindo todas classes.

VR28 4 de abril de 2017, 09:02h - 09:02

Concordo plenamente

Barramansense 1 de abril de 2017, 16:00h - 16:00

O que não dá nem 10% das duas cidades juntas… Esta é a preocupação do governo com a saúde pública deste país! Governo golpista!

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