Imigrantes fazem greve de fome para pressionar governo do México

by Diário do Vale

México – Sem respostas do governo do México sobre os vistos humanitários prometidos pelo presidente Enrique Peña Nieto, um grupo de imigrantes que fazia parte de uma caravana que seguiu rumo aos Estados Unidos optou pela greve de fome para pressionar as autoridades mexicanas a agilizar o processo.

“Nós estamos sentindo que o que eles estão fazendo é lento demais”, disse à Agência EFE Patrício Sánchez, um hondurenho que faz parte do grupo de 15 imigrantes que entrou em greve de fome na última segunda-feira na cidade de Hermosillo, no estado de Sonora.

Apoiados pela Povo sem Fronteiras (PSF), organização que promove anualmente a caravana, os imigrantes escolheram como local de protesto os arredores do escritório do Instituto Nacional de Migração (INM).

A temperatura ao longo do dia pode superar os 40ºC na sombra. Por isso, funcionários da Cruz Vermelha estão no local para monitorar a saúde dos manifestantes. A caravana, formada por mais de mil pessoas, na grande maioria hondurenhos, começou o trajeto no dia 25 de março em Tapachula, cidade no sul do México, próxima à fronteira com a Guatemala. Durante a passagem por Matías Romeo, no estado mexicano de Oaxaca, onde o grupo permaneceu por alguns dias, o INM ofereceu vistos humanitários aos que quisessem permanecer no país.

“Mentiram para nós, nos colocaram em um processo de trâmite e agora estamos fazendo uma greve de fome para eles agilizarem isso”, disse Sánchez. O diretor da Povo Sem Fronteiras no México, Irineo Mujica, afirmou que a intenção de Peña Nieto era “satisfazer aos Estados Unidos”.

Trump faz alerta

Durante a passagem da caravana por Oaxaca, o presidente americano, Donald Trump, publicou uma mensagem no Twitter para alertar sobre a chegada da caravana ao país e afirmou que os imigrantes deveriam ser detidos antes da fronteira.

Mais tarde, Trump se vangloriou. Afirmou que a caravana tinha se dissolvido e que o México resolveu agir depois de ser pressionado com as ameaças americanas de deixar o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta). A caravana, no entanto, seguiu firme.

No entanto, depois de alguns imigrantes terem aceitado os vistos humanitários oferecidos pelo INM, o governo do México anunciou que a caravana tinha decidido se dispersar por opção de seus integrantes. “Realmente acho que, como eles já responderam aos Estados Unidos, não existe intenção de conceder os vistos”, disse Mujica. Os imigrantes decidiram que apenas 15 pessoas participariam da greve de fome para facilitar que a saúde de todos fosse monitorada. Caso algum deles não aguente o protesto, outro pode substituí-lo.

 

“Não adianta que todos entrem em greve de fome e fiquem doentes. Os que decidiram fazê-lo são fortes e querem protestar com uma mentalidade pacífica”, explicou o representante da PSF.

 

Sombra protetora

Protegidos pela sombra, os imigrantes descansam nos arredores do prédio do INM cercados pelas mochilas e sacolas com seus pertences. Eles também ergueram uma grande cruz de madeira, local usado para que todos se sentem em círculos e façam preces de mãos dadas.

 

“Nós nos preparamos com oração. Física e mentalmente estamos preparados para ver até onde vamos chegar”, disse Sánchez.

 

A fé é um elemento fundamental para a resistência destas 15 pessoas, mas também para os demais imigrantes, caso do salvadorenho Erasmo Aguirre. “Pedimos a Deus que toque os corações do INM. Mentiram para nós”, afirmou.

 

As críticas, porém, não se estendem ao povo mexicano, que apoiou os imigrantes ao longo da caravana. “Nos albergues não nos faltou comida, nem água. Que Deus multiplique para eles o que nos foi dado”, disse Aguirre.

 

A caravana, organizada anualmente e que nesta edição bateu recorde de participação, se dissolveu oficialmente no último dia 9 de abril, quando chegou à Cidade do México.

 

Na capital mexicana, os imigrantes se dividiram em pequenos grupos. Alguns preferiram solicitar refúgio no México e outros seguiram rumo aos Estados Unidos por diferentes caminhos. Cerca de 300 chegaram a Tijuana, na fronteira com o estado americano da Califórnia, e iniciaram o processo de pedido de asilo no país.

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