O fim da era industrial e o início da era da fofoca e do desemprego

by Diário do Vale

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Neste domingo, 9 de abril, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) comemora 76 anos de existência. Fundada por Getúlio Vargas em 1941, começou a operar em 1946. Foi algo jamais visto antes no Brasil. Mais que uma usina, criou-se uma cidade do nada. Era o conceito de ‘company-town’ (cidade-empresa), na qual a grande fábrica era circundada por uma cidade onde seus empregados viveriam dentro do princípio hierárquico – cada bairro para uma classe social.

A ideia do negócio era buscar nas zonas rurais trabalhadores que pudessem ser treinados, adaptados e disciplinados neste novo conceito.  Foi criada a primeira classe operária do Brasil, com direito a CLT, carteira assinada, sindicato e festas de 1º de maio com presidentes da República – especialmente Getúlio Vargas, que amava sua criação e era venerado pelos primeiros operários.

O país entrava na era industrial e começava a deixar no passado a era do Brasil rural.

Esta singela lembrança em homenagem à CSN não é, porém, o preâmbulo de uma história sobre o passado. É a introdução de um tema muito mais atual: o fim da sociedade industrial como a conhecemos. O fim não só dos empregos, mas da empregabilidade. Com uma concentração absurda de rendas e poderes nas mãos de uma minoria. É um novo tempo que já começou e poucos perceberam. E que pode terminar de forma trágica porque nem a população e nem sua classe política ou dirigente percebe a revolução.

Isto porque, neste processo que já começou, a maioria de nós vive em outro universo: o das mídias sociais. Vivemos no circo virtual que nos diverte e nos aliena. Como no Coliseu romano, nos divertimos especialmente com a desgraça de outros. A cada dia alguém famoso (um ator, cantor, político, pensador, o que seja) será jogado aos leões por uma palavra mal colocada ou um erro comportamental. Vivemos da carnificina moral alheia. Que jorre sangue na arena das mídias sociais.

Enquanto isso, poucos percebem que o mundo real está, para a maioria de nós, desmoronando. As mídias sociais podem ser extremamente úteis. O problema é o uso que damos a elas.

Operários da CSN homenageiam Getúlio Vargas, que colocou o Brasil na era da Revolução Industrial

Operários da CSN homenageiam Getúlio Vargas, que colocou o Brasil na era da Revolução Industrial

As primeiras máquinas a vapor,  o Uber e a revolta dos taxistas

Entre 1811 e 1812 um inglês chamado Ned Ludd liderou um movimento no Reino Unido que, em sua homenagem, ficou conhecido por “ludismo”.

Os ludistas eram revoltados com a Revolução Industrial. Protestavam com o que seria a substituição da mão de obra humana pelas máquinas.

Invadiam fábricas, quebravam máquinas, jogavam pedras dentro dos equipamentos – ou seja, queriam parar a industrialização na marra.

Não deu muito certo. Os novos trabalhadores, que operavam as máquinas, logo se opuseram aos ludistas, se uniram e criaram os primeiros sindicados ingleses.

A história do ludismo industrial foi marcante, mas não durou muito.

Na era atual, a revolução tecnológica vem da informática, da robótica, da nanotecnologia e congêneres.

Na versão moderna do ludismo temos como um dos exemplos a guerra dos donos de taxis e taxistas contra o aplicativo Uber, em todo o mundo.

No Brasil, carros vinculados ao Uber são atacados. Leis são feitas para coibi-los. Mas, a exemplo dos ludistas de 1811, é pouco provável que se consiga deter o Uber – pois do outro lado há os donos de carros do Uber fazendo o papel de defesa do aplicativo da mesma forma que os operários da Revolução Industrial defenderam o maquinário.

E há também os próprios usuários, que apoiam o serviço mais barato e confortável.

O problema é o próximo passo: no ano passado o Uber testou, nos EUA, o carro sem motorista. Usou uma pequena frota de veículos com sensores como tecnologia laser e câmeras que dispensam completamente o ser humano ao volante.

Houve protestos e a empresa recuou.

Mas é questão de tempo: assim como o Uber hoje dispensa toda a área administrativa de uma companhia de táxi, em breve vai dispensar os próprios motoristas.

O próprio Google está desenvolvendo um carro sem motorista, cuja tarifa seria ainda mais reduzida pois neles seriam veiculados anúncios.

É o futuro.

E ele está muito próximo.

Uber já testou nos EUA o carro sem motorista para conduzir passageiros

Uber já testou nos EUA o carro sem motorista para conduzir passageiros

As profissões que vão sumir e o dinheiro que se concentra

O exemplo do taxista substituído pelo motorista do Uber e o motorista do Uber sendo substituído por algoritmos e sensores não será um caso isolado, em breve.

Vai atingir a maioria das profissões conhecidas.

Não importa em que área.

Nos EUA até juízes em forma de software estão sendo testados para dar sentenças em alta velocidade consultando a jurisprudência dominante nos bancos de dados.

Em breve, quando surgir a inteligência artificial, a maioria dos seres humanos será inútil em tempos de trabalho remunerado.

Com isso, a concentração de capital financeiro se avolumará entre poucas empresas de tecnologia.

Que pouco pagam de impostos – pois geograficamente podem estar em qualquer lugar ou em lugar nenhum.

Terá que haver uma transformação radical nos sistemas políticos e legais em nível mundial, antes que tenhamos uma elite concentrando as riquezas e uma maioria sem renda como nunca se viu desde o período medieval.

O que os filósofos não sabem  e os políticos nem imaginam

A Revolução Industrial, no Século XIX, não foi fácil para os operários em seu início. Era comum, por exemplo, uma família inteira (incluindo as crianças) trabalhar em minas de carvão 15 horas por dia e seis dias por semana.

Pensadores como Marx e Engels ajudaram a criar uma filosofia e um movimento que contribuíram para abolir os abusos crescentes das relações de trabalho e criaram as modernas normas trabalhistas.

Em que pese suas teorias terem sido uma lástima quando aplicadas na prática, como no comunismo soviético e outros, não se pode deixar de reconhecer que estes e outros pensadores contribuíram para alterar uma realidade deprimente sob a qual vivia a maioria das pessoas.

Mas não se aplica Marx e Engels na nova revolução tecnológica. Não tem CLT nem Justiça do Trabalho quando você produz para um aplicativo e nem quando você não tem emprego.

Não temos economistas ou filósofos modernos influentes que estejam visualizando e buscando soluções para os problemas desta nova revolução tecnológica. Os poucos pensadores sobre o tema não são influentes, pois não costumam produzir frases para serem repetidas em quadros no Facebook ou para “lacrarem” no Twitter.

No meio político, raros parlamentares ou dirigentes no mundo têm a mínima visão do que vem ocorrendo com a economia e a sociedade nestes novos tempos. Suas receitas são do século passado.

Nossos intelectuais de direita não sabem como aplicar o livre mercado onde reinam os algoritmos. Adam Smith não tem vida nos monopólios tecnológicos.

Nossos intelectuais de esquerda viraram ativistas chatos e chorosos na defesa de “minorias” – mesmo que estas “minorias” sejam grupos radicais religiosos que enforcam gays em guindastes e açoitam mulheres nas ruas.

Os intelectuais perderam a noção do todo. Da sociedade como um todo. E é esta sociedade, em sua maioria absoluta, que caminha ao matadouro como boi que só enxerga à sua frente o rabo do outro boi – neste caso o rabo do outro boi é uma tela em cristal líquido.

O velho circo romano na era da pós-verdade

“Pós-verdade” é um termo cunhado pela novilíngua dos modernos intelectuais. Foi eleita a “palavra do ano” pela Universidade de Oxford. Pós-verdade é quando a coisa não é verdade, mas passa a ser pois se torna amplamente divulgada e as pessoas acreditam nela.

O dramaturgo Aguinaldo Silva, sempre genial, foi curto e grosso: “Inventaram uma nova palavra para designar fofoca. Agora ela se chama pós-verdade”.

Aguinaldo dá um banho em Oxford.

Fofoca deixou de ser coisa que se fazia escondido no canto da sala. Hoje se faz para milhares de seguidores ou “amigos”, nas mídias sociais.

Quase mataram um homem e uma mulher em um linchamento, esta semana, em Araruama (RJ), por causa de uma fofoca espalhada via Whatsapp de que seriam sequestradores de crianças.

Pessoas enlouquecem com a “pós-verdade”.

Fora o linchamento físico, o linchamento moral é diário nas mídias sociais. Neste caso, quanto mais famoso pior. Uma frase mal colocada e o sujeito está perdido. Um comportamento errado e está aniquilado.

Nos portais da mídia clássica as fofocas também tomaram o lugar das notícias e o linchamento moral virou rotina. Ao invés de se constituir alternativa às fofocas, a mídia é alimentada e realimenta as redes sociais com a “pós-verdade”.

Neste mundo, como no velho Coliseu de Roma, vamos jogando as pessoas aos leões, como foi dito no início do texto.

E todos parecem se divertir muito com isso.

“Panis et circenses”. A política romana do pão e circo.

Aproveitem o circo.

Logo vai faltar pão.

A era da 'pós-verdade': Fofoca sobre homem e mulher acusados de sequestrar criança teve linchamento e carro incendiado

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23 comments

Ringo Star 11 de abril de 2017, 19:50h - 19:50

Como sempre Aurélio dando um banho ( Esse nome Aurélio, é foda, rs. ) O texto é ótimo, e o Sr. Osvaldo brilhantemente completou, mas contra o PROGRESSO não existe alternativa. Sou do tempo que ia a uma agencia bancaria e no balcão solicitava o saldo da conta. A funcionária consultava uma listagem e anotava num papel e me entregava. Os bancos tinham um monte de funcionários. O comercio de loja (rua e shopping) está perdendo feio para as compras virtuais. O progresso não para, e somente as profissões mais simples que necessitam um pouco de conhecimento, ainda sobrevivem. Conheço um pedreiro muito bom, que tem casa, carro e casa na praia e não fica um dia sem serviço, pois é excelente profissional. Sempre existirá TRABALHO, SERVIÇO, porém emprego principalmente BOCA é que está mais difícil.

Opinião independente 10 de abril de 2017, 12:58h - 12:58

O que mais falta no país sao “HOMENS” públicos e de caráter como foram, Percival Farquhar, Guilherme Guinle, Francesco Matarazzo, Getúlio Vargas dentre outros da virada do século 19 ate meados dos anos 50. Homens comprometidos com o estado brasileiro, hoje, eu que não sou fã de FHC, mas reconheco nos seus feitos algo pensado para 50 anos, infelismente estamos fadados a ter populistas como Lula, Dilma, Cabral e Neto, que não deixam legados, não porque sejam maus políticos, mas lhes falta algo maior, caráter!

Parabéns. 8 de abril de 2017, 18:32h - 18:32

Pós verdade! Perfeito! Esse é o nosso atual momento político. No país. Muito se fala pouco se prova. As opiniões estão super valorizadas. O que o senhor , Aurélio, pensa sobre um cidadão que diz que 90 por cento de suas sentenças são confirmadaS. E os 10 por cento que são absolvidos? Fica uma outra pergunta se para salvar o mundo fosse necessário matar uma criança, valeria a pena? Povo acordem. O nosso país está em crise por culpa de desmandos de um juiz. Muito se fala. Pouco se prova.

Crítico 8 de abril de 2017, 15:59h - 15:59

Não tenho palavras pra classificar a beleza do texto, demonstrando profundo conhecimento e considerável cultura geral, sendo normal a necessidade da pesquisa. Li alguns comentários e pude perceber a dificuldade interpretativa de alguns. PARABÉNS.

Surpreso 8 de abril de 2017, 13:54h - 13:54

Essa revolução é inevitável.Quem não se adaptar vai ficar pelo meio do caminho.Muitos empregos serão extintos e novas funções surgirão.Em breve com uma impressora 3D vc mesmo poderá produzir um tênis em sua casa, por exemplo.Quem tem filhos em idade escolar é bom prepará-los para essa nova realidade.

LUIZ MOREIRA 8 de abril de 2017, 13:44h - 13:44

>>>>>>> ESTAMOS DE PASSAGEM POR AQUI PARA CONHECERMOS O UNIVERSO.. QUAL JA SOMOS OS DONOS… POR ISTO JA TEMOS A VIDA ETERNA ATRAVEZ DO GENOMA HUMANO QUE FICA DENTRO DO DNA… SE FIZERMOS COISAS ERRADAS FICAREMOS MAIS TEMPOS POR AQUI PREJUDICANDO A NOSSA TRANSIÇAO PELO UNIVERSO….. NAO VALE APENA ERRAR E SIM… AMAR O NOSSO SEMELHANTE E TODO SISTEMA EM VOLTA DE NOS??????

Macunaíma 8 de abril de 2017, 09:26h - 09:26

Há uma horda de compartilhadores de pós-verdades, gente que acredita em tudo o que lê, sem checar a fonte, e lasca os dedinhos frenéticos nas redes sociais.
Alie o comodismo à limitação intelectual e “descubra” que a pena de morte é a solução para a criminalidade, que Lula é milionário da Forbes, que o negro é o maior racista, que na ditadura não havia corrupção. Como declarou aquele procurador, “não temos provas, mas temos convicção”.
Ainda estamos comemorando a instalação de supermercado e torcendo que o prefeito atraia grandes indústrias, “para gerar empregos na nossa cidade”.

Pós-Mentira 8 de abril de 2017, 08:27h - 08:27

Ok, só não entendi quem seriam esses intelectuais de esquerda que defendem minorias que enforcam gays em guindastes e açoitam mulheres nas ruas. Poderia exemplificar um?

Andre 5 de maio de 2017, 13:20h - 13:20

os Defensores do Islamismo.

Servidor do estado 8 de abril de 2017, 03:29h - 03:29

Ótimo texto Aurélio! Estou gostando de ler seus artigos, misturam passado e futuro, equilibrando a origem histórica das coisas para fundamentar a análise do presente e a visão de futuro, ou seja, em essência, o motivo pelo qual lecionamos história!
Poderia convida-lo para uma palestra sobre isso, para um público de educadores? Sinto que não é uma pratica corrente, mas se as pessoas enxergassem o potencial intelectual de saber usar a história para entender as coisas no presente…

estamos de olho 7 de abril de 2017, 23:35h - 23:35

Isso tudo já está ocorrendo de uma maneira muito mais rápida que imaginamos.porém a maioria não quer aceitar ou finge não aceitar. E so perguntar para os mais jovens sobre a real situação que estamos vivendo e eles vão responder que tudo esta lindo e maravilhoso pois alienação tomou conta dessa geração Facebook e outras mídias sociais. Sou professor de geografia e todos os dias eu falo sobre o que estamos vivendo e eles não acreditam so vão acreditar na hora que for procurar emprego e perceberem que isso não vai existir mais para as futuras gerações. E ai o que fazer?

Liberdade e propriedade 7 de abril de 2017, 23:34h - 23:34

Não acho que táxi x uber seja ludismo, a revolta dos taxistas seja deve a abertura de mercado do seu negócio.
Sobre a autorização, ela é benéfica para todos. O livro Carregando o Elefante cita o exemplo análogo da substituição de uma travessia de rio, de balsa por ponte, num eixo entre duas cidades. A princípio vários empregos são extintos, mas o crescimento econômico das duas cidades pelo fim do gargalo compensa em muito a perda dos empregos da balsa.
Ford, inventor da linha de produtos, sabiamente declarou que só se justifica produção em série se houver uma massa consumidora, com salário compatível, e a massa só será consumidora se tiver emprego na própria linha produtiva, fechando assim o ciclo econômico. O descumprimento desse ciclo representante a miséria para todos. Então a automatização e o consequente aceleramento produtivo não se justifica sem o emprego em larga escala. Não há o que temer. Não existe empresário sem consumidores e não existe consumidores sem empregos nas empresas. Um depende do outro e a negociação patrão x empregado é saudável e interessa ambos os lados.

Al Fatah 8 de abril de 2017, 09:12h - 09:12

Isso tudo é verdade, mas essas sentenças não abordam uma questão fundamental, que é a MASSA DOS EXCLUÍDOS… Novas tecnologias, novos empregos, que nem sempre (ou quase nunca) vêm na mesma proporção dos que se extinguiram. São em número menor e exigem um grau de qualificação e proficiência que, por si só, são inatingíveis para boa parte da população por N razões…

Se você não é uma economia eminentemente exportadora (como os asiáticos), se você não adota políticas protecionistas (como os EUA em muitos aspectos) ou se você não é um Estado de bem-estar social (como a UE), você tende a ter problemas…

Opinião pessoal... 8 de abril de 2017, 09:12h - 09:12

Discordo…. Livre concorrência é saudável se forem aplicados os mesmo deveres e direitos! Não se pode criar galinhas e patas e querer que todas botem frangos!

jjricardo 8 de abril de 2017, 15:33h - 15:33

Concordo com vc amigão, numa sociedade consumista como a nossa e o emprego desaparece o que sobra p/ os jovens o caminho do crime que é muito vasto. Pergunto índices como assaltos uso e venda de drogas e outros crimes crescem assustadoramente, claro tem n fatores, mais este da reportagem certamente é um deles.

Maniac 7 de abril de 2017, 22:12h - 22:12

A sociedade é dinâmica e a resiliência é a qualidade a se desenvolver. Gostei muito do texto, mas infelizmente só vejo para a maioria do povo miséria e sofrimento, posto que educação e planejamento familiar são sonhos inalcançáveis devido à hipocrisia reinante.

Compressor 7 de abril de 2017, 21:59h - 21:59

Instrumentos sempre serão criados, ferramentas tecnológicas, industriais, sejam da comunicação, da produção ou de bem estar e conforto sempre existirão. O problema é o uso que se dá a essas maravilhas. Para que se minimizem os problemas do mau uso dessas novas utilidades precisamos de educação de qualidade com origem na família (das relações sociais) e da escola (do conhecimento de mundo). Infelizmente as duas faltam para alguns, a da casa para outros e a da escola para muitos.

Oswaldo 7 de abril de 2017, 21:33h - 21:33

Acho que o táxi não é o melhor exemplo para a apologia ao ludismo. Os call centers são as maiores vítimas da automatização do trabalho e ainda não vi ninguém os defendendo. Deve ser porque não tem lobby nas câmaras legislativas e tem de continuar procurando emprego em vez de fazer manifestações nas ruas ou quebrar carros particulares, o que os taxistas em alguns lugares já andaram fazendo.

Seria adequado voltar com a iluminação pública à gás ou lamparinas de petróleo? Os acendedores de lampiões foram desempregados por causa da lâmpada elétrica.

Ou podemos desativar a página do Diário do Vale. Assim seremos obrigados a comprar o jornal de papel e reempregaremos os entregadores de jornais.

O que acontece é que substituímos empregos menos produtivos por outros mais eficientes ou melhores ou mais baratos.

Qual é a eficiência do taxista que fica dando voltinhas com os passageiros incautos para ganhar mais na corrida? Com o Uber não há essa possibilidade. Na contratação da corrida, você já sabe exatamente quanto vai pagar. Não tem conversinha de “Estou sem troco.” Além disso você dá uma nota para o motorista, que o avalia também. Se o motorista for mau educado ou desonesto, em poucas corridas ele é desmascarado. Se o passageiro for marcado como inconveniente você não é obrigado a transportá-lo.

No Rio, cansei de parar um táxi e ele não me transportar porque ia para o “outro lado”. Além de caro, é de uma ineficiência e falta de respeito ridícula com o consumidor.

Sobre a preocupação sobre os carros sem motorista no Brasil, acho desnecessária. Nós temos Brasília. Com Brasília, o trem, que é bem mais antigo e eficiente para o transporte de carga, segue sendo preterido desde sempre em favor do caminhão, graças ao lobby das empresas de combustíveis, concessionárias de rodovias, sindicato dos rodoviários e fabricantes de veículos. Eficiência para quê? Na hora aparece alguém para comprar alguns votos de deputados e brecar o progresso.
Veja o caso do Uber, que já foi entregue à arbitrariedade dos municípios.

No site abaixo vocês podem ver quais são as chances de sua ocupação ser automatizada dentro de 20 anos. No caso dos repórteres e correspondentes, a chance é de somente 11,4%.
No caso dos escritores, só 3,5%. Que sorte.

http://www.npr.org/sections/money/2015/05/21/408234543/will-your-job-be-done-by-a-machine

A César o que é de César 7 de abril de 2017, 23:30h - 23:30

Taí , gostei. Vou sugerir ao Sr Aurélio que lhe dê um espaço para escrever no jornal pelo menos uma vez por semana. Gosto de ler pessoas inteligentes e com raciocínio claro e lógico.

Renan 11 de abril de 2017, 08:10h - 08:10

Que belo comentário sr. Oswaldo… Parabéns!!!

Al Fatah 7 de abril de 2017, 21:08h - 21:08

A concentração de renda é um fato que se agrava desde o início da Era Industrial, há mais de 200 anos, e desde então vem se acentuando com o avanço tecnológico… Antigamente dizia-se, com otimismo, que as máquinas fariam o todo o trabalho duro que até então era incumbido ao homem, e que este apenas viveria do bônus, sem precisar se esforçar. Ledo engano, pelo menos no que concerne ao trabalhador e população em geral, por tabela. Qual empresa pensa em contratar ou pagar melhor seus funcionários quando a automação lhe rende dividendos? O lucro sempre vem em primeiro lugar. Só se aceita pagar mais, hoje em dia, para quem serve de “capital intelectual”, aquele cara talentoso responsável pelas idéias e criações. É igual passe de jogador habilidoso ou dote para mulher bonita…

A única forma de equalizar essa situação é arrumar algum jeito de arrancar dinheiro dos acumuladores, seja de forma ostensiva (tributando, sobretaxando) ou espontânea (oferecer garotas de programa, planos de sócio-torcedor, pacotes de viagem, bons restaurantes, etc.)… Os empregos industriais estão se exaurindo desde muito tempo com a automação. Os comerciais vão pelo mesmo caminho com o e-commerce, assim como com os revendedores autônomos, que fazem a ponte direta produtor-consumidor final… A tendência é que se acabem os contratos por tempo indeterminado, CTPS será algo raro no futuro. O lance é ser bom naquilo que faz e que saiba guardar dinheiro, o salário fixo será uma realidade distante…

Bolsonaro já 8 de abril de 2017, 08:40h - 08:40

Concordo, só tirando dos acumuladores.

X10 7 de abril de 2017, 21:04h - 21:04

Texto fantástico, do qual compartilho muitas conclusões. Meus parabéns.

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