Patrulha Maria da Penha presta assistência a 32 mulheres em Volta Redonda

by Diário do Vale
Medo: Principais motivos que as vítimas apontam para não denunciar esse tipo de violência é a vergonha e quando a situação envolve filhos (Foto: Yuri Melo / Ascom VR)

Medo: Principais motivos que as vítimas apontam para não denunciar esse tipo de violência é a vergonha e quando a situação envolve filhos (Foto: Yuri Melo / Ascom VR)

Volta Redonda – Volta Redonda é a segunda cidade do estado do Rio de Janeiro a contar com o serviço do programa Patrulha Maria da Penha, que consiste em uma viatura e inspetores treinados que buscam garantir a integridade física da mulher que está sob medida protetiva. Atualmente, a patrulha presta assistência a 32 mulheres que vivem sob risco de violência doméstica. A patrulha funciona por meio de uma parceria entre a secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres de Volta Redonda e a Guarda Municipal.

– Esse é um dispositivo criado pela lei Maria da Penha e busca coibir e prevenir a violência doméstica e familiar, assegurando que toda mulher tenha seus direitos fundamentais garantidos. Além de proporcionar uma vida sem violência, com a preservação de sua saúde física, moral, mental, intelectual e social – explicou a secretária municipal de Políticas Públicas para as Mulheres, Dayse Penna.

A secretária explicou que o objetivo da pasta, por meio da Patrulha Maria da Penha, é realizar ações que promovam o acolhimento das vítimas de violência.

– A mulher pode entrar em contato com a gente através de vários canais (telefone, internet, entre outros). Estamos aqui para acolher a vítima. Os guardas que atuam na patrulha são treinados e capacitados para dar o acolhimento adequado.

E nós, da secretaria, temos o dever de acompanhar e dar suporte ao fortalecimento dessa mulher. Quando a informação é passada pela Justiça, a Patrulha Maria da Penha entra em contato e oferece todo o apoio necessário – garantiu Dayse.

Para realizar o serviço, quatro guardas municipais – duas mulheres e dois homens – fizeram uma capacitação de dois meses em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Segundo a advogada Júlia do Carmo, que presta atendimento jurídico às mulheres na secretaria, a Patrulha Maria da Penha é pioneira no auxílio à mulher.

– Para que a mulher venha até nós, ela já superou diversas barreiras. Ao todo, são apenas 28 cidades no Brasil que contam com essa ajuda para a mulher vítima de violência. É importante que a mulher se sinta acolhida aqui. Nós poderemos dar para ela o apoio emocional e os caminhos jurídicos que ela precisa seguir. Queremos que esse serviço seja ampliado para atender ainda mais mulheres – comentou Júlia.

As visitas periódicas às residências dessas mulheres em situação de violência doméstica e familiar são feitas pelos guardas municipais, e, se necessário, visitas extras também são realizadas. Para a guarda municipal, Ilça Romaneli, a falta de impunidade desestimula que as vítimas denunciem.

– A presença da patrulha protege a vítima e inibe também o agressor. A medida que as mulheres começarem a denunciar e sentir que podem confiar nas autoridades essa realidade de violência vai mudar. Quando abordamos as mulheres, a primeira coisa que trabalhamos é sua parte emocional. Temos esse dever de acolher – contou Romaneli.

Um dos principais motivos que as vítimas apontam para não denunciar esse tipo de violência é a vergonha. Os filhos também viram moeda de troca nessa situação. Segundo uma das mulheres assistidas pela patrulha, o serviço é ótimo e a segurança dela foi realmente levada em consideração. – Me casei em 96 e tive meu primeiro filho em 97. Depois que voltei para casa, meu companheiro tentou me sufocar. Após esse episódio ele me espancou, foi quando descobri que estava grávida da minha segunda filha. Fui à delegacia e denunciei. A polícia só apareceu na minha casa depois de dois anos. Acabei me calando por causa da família e dos filhos – relatou.

A vítima atendida pelo programa ainda detalhou os últimos anos de sofrimento antes de receber o atendimento da patrulha.

– Em 2014, resolvi me separar oficialmente. Mas descobri que ele já tinha se separado de mim, anos antes. Depois disso, começaram as ameaças. Por fim, ele tentou usar minha filha e ameaçou nosso filho. Procurei a Casa da Mulher que me ajudou e indicou o que eu deveria fazer. Fui à Delegacia da Mulher e, na primeira vez, o policial não quis fazer o registro, porém voltei lá e uma policial me atendeu. Depois desse episódio, o juiz determinou a medida protetiva e hoje recebo a visita da Patrulha. Pretendo pedir para que continue essa medida, já que ainda não me sinto segura e essa ação mostra para ele (o ex-marido) que não estou sozinha – disse.

Casa Abrigo também é um recurso para
quem é vítima de violência doméstica

A Casa Abrigo Deiva Ramphini Rabello é um dos últimos recursos utilizados pela secretaria da Mulher para manter a integridade física e mental da vítima de violência. Atualmente, a casa abriga uma mulher, mas tem capacidade para atender até 11 pessoas. A casa tem toda a estrutura para acolher também os filhos que são vitimas dessa violência. Para a secretária, esse é um recurso que ninguém gostaria de utilizar, mas que é necessário em muitos casos.

– Gostaria que nenhuma mulher fosse obrigada a ir para lá, pelo simples fato de não ter mais para onde recorrer. Mas é um recurso que usamos para proteger e acolher essa mulher, que chega até nós em uma situação horrível. Ela é vítima e seus filhos também são vítimas dessa triste realidade da sociedade. A violência contra a mulher é praticada por alguém próximo. As mulheres que ficam na Casa Abrigo estão sendo ameaçadas por pessoas que já amaram. Existe uma ligação afetiva muito forte – complementou a secretária.

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4 comments

Fala Sério! 1 de abril de 2017, 21:19h - 21:19

Graças ao Governo e Comando da GM anterior, q implantou o projeto, visando um atendimento aos crimes contra as mulheres, com o objetivo de protegê -las.

Thiago 31 de março de 2017, 13:51h - 13:51

Parabens. Excelente iniciativa, finalmente uma boa ideia para a população.

Zero 31 de março de 2017, 09:51h - 09:51

Para a guarda municipal, Ilça Romaneli, a “falta de impunidade” desestimula que as vítimas denunciem.

“falta de punição” ou, somente “impunidade”, seria o correto.

Dácio Kupramin 31 de março de 2017, 08:06h - 08:06

Boa iniciativa para combater esse problema tão antigo quanto a Humanidade e que não escolhe classe social para suceder.

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